HOJE N0
" DINHEIRO VIVO"
Namorar Portugal, a marca de
Vila Verde que inspira o amor
É caso para dizer que, por estes dias, o amor está no ar em Vila Verde. E não só. Os dizeres e motivos dos tradicionais lenços dos namorados, um ex-libris local, inspiram a criação da linha de sapatos “mensagem de amor” de Nancy Oliveira, as malas de senhora de António Macedo, a "marmita do amor" de Sílvia Abreu e os Chocolates com Pimenta de Pedro Sousa. E muitos mais produtos de novos criadores que aderiram à rede da marca Namorar Portugal, registada, em 2008, pela câmara de Vila Verde para dar a conhecer ao mundo a tradição dos lenços dos namorados. Até já há loja online.
Quadras populares como “E tan certo eu amarte/ Como o lenço branco
ser/Só deixarei de te amar/Cuando o lenço a cor perder” ficaram na
história. Em 2013, algumas mensagens destas “cartas de amor bordadas” -
um produto já certificado - inspiraram Nancy Oliveira, da sapataria R.
Stivali e fundadora da Nancy&Me- footware agency, a integrar a rede
de parceiros Namorar Portugal. Lançou os sapatos de couro bordados com
as promessas de amor, com erros ortográficos e de fonética tal e qual
como as raparigas bordavam, antigamente, nos lenços que ofereciam ao
amado. Bastava que ele o usasse publicamente para ela saber que eram
namorados.
Os sapatos têm ainda bordados os coloridos motivos dos
lenços, como flores, pombas e corações que as raparigas bordavam.
“Mensagem de amor” foi o nome que lhe surgiu logo para esta coleção de
sapatos de salto alto, sandálias, sabrinas e mocassins. Os produtos são
feitos na fábrica de Nestor Amorim, em São João da Madeira. E são muitos
usados em casamentos e outras cerimónias. “Há quem os use como objeto
de decoração”, diz Nancy que é mestre Gestão do Desporto.
Este ano
juntou dois modelos de sapatos mais desportivos - sapatilha e sandália
rasa “muito trendy” - e ainda as luvas de couro bordadas também com os
dizeres e motivos do ex-libris de Vila Verde. As luvas são feitas
na fábrica Ravel, em Rio Tinto. “Um destes sapatos pode custar entre
110 e 130 euros, e as luvas cerca de 49 euros.” Estão à venda na loja
online Namorar Portugal da câmara municipal de Vila Verde, na sapataria R. Stivali,
em Vila Verde, na loja Arte da Terra, em Lisboa. A empresa já vendeu
para França, Luxemburgo, Canadá e Brasil. As suas ideias já chamaram a
atenção da “Comitiva Olímpica Rio 2016” para a qual deverá criar uma
linha de sapatos.
Também António Macedo, da FootNote, que
reutiliza câmaras de ar de pneus para a produção de bolsas da sua marca
“By Us”, se inspirou na tradição de Vila Verde. Foi buscar os dizeres a
um lenço em especial conhecido por “Alice” para as duas malas de senhora
com alça de ombro amovível e uma bolsa de ombro - que também serve para
transportar um iPad - que está a lançar. “É uma coleção feita com
reutilização de câmaras de ar, lona, antracite escura, têxtil e bordadas
pelas artesãs da Aliança artesanal, em Vila Verde, onde são feitos os
lenços dos namorados”, explica António Macedo. Além das novas carteiras,
António apresenta ainda, uma coleção de cadeiras com bordados em
parceira com a marca L’Objectis.
O ano passado chegou a usar
cortiça. Também usa latas de refrigerante, cápsulas e filtros de café e
espumas para outros produtos. “O objetivo é sempre valorizar resíduos,
defender o ambiente e despertar consciências pela sua preservação”, diz.
A parceria com a câmara de Vila Verde tem poucos anos, mas a confeção
de produtos a partir das câmaras de ar de pneus começou em 2000, em
Braga, depois de umas experiências bem sucedidas com estes materiais que
usou da recauchutagem de um amigo. Na altura, já acumulava 20 anos de
experiência na área de design e gestão de calçado. Primeiro, fez três
pastas e um porta-chaves, e criou a marca “By Us”. Depois seguiram-se os
sapatos, chapéus e cintos, porta revistas, porta garrafas e candeeiros,
até, anos depois, se tornar parceiro da marca Namorar Portugal. Os seus
produtos já chegaram a França, Alemanha, Inglaterra, Kuwait e Emirados
Árabes Unidos.
A
“marmita do amor” da designer gráfica Sílvia Abreu, 32 anos, da marca
Bicho Bravo, também promete fazer furor. É composta por sabonete, postal
e t-shirt com as perguntas “Gostas de Mim? Sim ou Não? Muito ou
Pouco?”. Além de uma caneta para responder às perguntas. Sílvia lançou
ainda os sabonetes com embalagem ilustrada, os jogos do galo e das damas
com as peças ilustradas com os ícones dos lenços dos namorados e um
poema alusivo no verso dos tabuleiros.
Mas o namoro com os lenços
dos namorados já vem do tempo em que ajudava a mãe que é uma das artesãs
certificadas na confeção deste produto. Natural de Vila Verde, sempre
viveu intensamente esta tradição.
Em 2011, fez a comunicação gráfica do
evento Namorar Portugal. Em 2012, começou a desenvolver “capas
protetoras para livros, diários e cartas de amor, ilustradas com os
riscos que servem de base aos lenços de namorados, que acompanhavam uma
linha de blocos de apontamentos e pins”. Estava construído o “Protect
Your Books With Love”. Em 2013, juntou-se à marca Namorar Portugal com o
projeto Bicho Bravo e com os jogos didáticos e artigos de papelaria.
Bicho
Bravo? “Porque sempre fui irrequieta. Era um «bicho bravo»,
inconformado com o «normal», que pretendia sempre mais e diferente. É
uma expressão usada na minha terra para catalogar pessoas assim.” Também
um dos motivos dos lenços é um pássaro, “um bicho bravo, livre”.
As
peças estão disponíveis na Fnac Braga, Museu da Sé, em Braga, Sardinha
em Lata, em Guimarães, em A Arte da Terra, em Lisboa, e noutros pontos
do país. “O objetivo é criar diferente, partindo do original! Ir ao
fundo dos baús “catar” as histórias, lendas, provérbios, ícones,
brinquedos antigos. Produtos que marcam uma história, uma vila ou uma
cidade. E tornar divertido”. É o que faz na página de Facebook.
O
“chocolateiro” Pedro Sousa,42 anos, juntou-se, em 2011, com os seus
chocolates à marca Namorar Portugal, ainda não tinha criado a sua
própria marca. Fê-lo dois anos depois com o nome Chocolate com Pimenta:
“O chocolate e a pimenta são duas paixões da minha vida. E a minha
mulher tem o sobrenome Pimenta”, diz. Sob a chancela da Namorar
Portugal, Pedro está a lançar o bombom de especiarias que é afrodisíaco.
Já criou, em 2013, o bombom de maracujá, e, em 2012, o de mel e de
frutos secos. “O investimento financeiro já ultrapassa os 150 mil
euros”, diz, satisfeito por, em breve, abrir a sua própria loja. Por
enquanto, os chocolates estão à venda aqui,
por email ou telefone. Além dos chocolates do mês do romance, já criou
os bombons de queijo da serra, de vinho do porto, de moscatel,
chupa-chupas, postais em chocolate, etc. Nem sempre foi chocolateiro:
formou-se como pasteleiro, em 1995, mas a paixão pelo chocolate palpitou
cedo no coração. Em 2012, trocou o trabalho na empresa familiar, onde
estava há 18 anos, pela paixão de uma vida de chocolateiro.
Casa do Romance da Uchi
O
elegante serviço de pequeno-almoço da Vista Alegre, os têxteis da
Lameirinho, parceiros há já alguns anos da marca Namorar Portugal, entre
outros produtos, estão à vista na Casa do Romance. Um showroom
itinerante, com um revestimento em cortiça, do projeto Uchi do arquiteto
Eurico Silva. A “casa caracol” ocupa 10 metros quadrados e foi
construída em apenas 15 dias.
Os lenços, feitos pelas bordadeiras
da Aliança Artesanal, em Vila Verde, também atraem estilistas de renome,
como Nuno Gama, Nuno Baltazar, Elsa Barreto, assim como empresas de
acessórios de moda e de cerâmica à procura de inovar no mercado. A
autarquia criou, inclusive, o programa do mês do romance, em fevereiro,
cujo ponto alto é o dia dos namorados com a Gala Namorar Portugal com um
jantar romântico e desfile das criações de conceituados estilistas. A
gala foi declarada, em 2010, evento de Interesse para o turismo pelo
Turismo de Portugal.
* P'ra namorar Portugal
algo tem de acontecer,
dar ao governo um final,
já chega de nos f....
.
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