O asco
A prova da existência de uma doença mental grave pode ser atenuante de Carrilho
Não
foram precisos os últimos acontecimentos para que muitos já tivessem
concluído que Manuel Maria Carrilho é uma personagem asquerosa. A
miséria de Carrilho está profundamente documentada na pequena história
lisboeta – e se boa parte dela não vem a público é pela necessidade de
ser protegida a dignidade de terceiras pessoas.
O que os últimos
acontecimentos e as sucessivas entrevistas de Carrilho sobre a ex-mulher
e respectiva família revelam é que é sempre possível descer às
profundezas da miséria e do ultraje. Talvez Ferreira Fernandes já tenha
escrito tudo o que havia a escrever na sua crónica no DN: falta
perguntar a Carrilho como é possível que um ser humano que não sofra de
uma doença mental grave (é evidente que, a confirmar-se, isto será uma
atenuante em sede judicial) pode dar, compulsivamente, todas aquelas
entrevistas destilando tudo o que existe de mais sórdido contra a mãe
dos seus filhos e o resto da família.
A falta de carácter não é uma
doença mental, mas uma doença mental grave pode conduzir à falta de
carácter. Ao longo destes anos todos, a interrogação sobre se Carrilho
sofreria de uma doença mental grave que o conduziria a variadas faltas
de carácter subsistiu. Neste momento, só a explicação clínica pode
justificar a baixeza das declarações sobre a ex-mulher, enquanto pelos
vistos se reunia com personagens do PS (incluindo o líder, António José
Seguro) para os pôr a par do processo de divórcio. Imagino o pânico
desses dirigentes do PS à medida que as declarações de Carrilho iam
aumentando de tom.
As estatísticas provam que a violência
doméstica é um crime que não se restringe às barracas. A difamação torpe
também não. A falta de escrúpulos muito menos. O total desrespeito pela
protecção dos filhos menores idem. Carrilho conseguiu nestes últimos
dias mostrar-nos como é possível que um exemplar que sonhou um dia ser
primeiro-ministro de Portugal – no mínimo, candidatou-se a presidente da
Câmara de Lisboa, em que nos presenteou com uma campanha patética com
uma ampla utilização da mulher e da criança – pode estar ao nível de um
criminoso alcoólico desempregado e analfabeto a viver numa barraca de
zinco. Os tribunais estão cheios de processos de divórcio asquerosos, de
lutas por tutelas de crianças em que o superior interesse delas é posto
de lado em nome do controlo dos bens. Inusitado, para alguns, é o
protagonista ser o outrora glamoroso ministro da Cultura com aspirações a
uma carreira política.
IN "i"
30/11/13
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