O ‘swap’
da ministra
Depois de semanas de incêndios, é a vez de estar a ministra das Finanças sob fogo. Como não há duas sem três, trata-se, novamente, do caso dos ‘swaps’. Almerindo Marques veio à comissão de inquérito sobre o assunto afirmar que havia sido Maria Luís Albuquerque, enquanto técnica do IGCP, a emitir um parecer favorável ao ‘swap’ da Estradas de Portugal.
A ministra prontamente o negou. E explicou que
se pronunciou, não sobre um ‘swap', mas sim sobre um empréstimo que
implicava um ‘swap' (cujas condições não eram conhecidas). Nestas
coisas, o sentido literal e estrito das palavras parece ser muito
importante e a distinção entre verdade e mentira fica entregue ao
pormenor.
Não obstante as questões de semântica que permitem avaliar a
sinceridade de Maria Luís Albuquerque, o certo é que o seu nome surge
frequentemente implicado quando se trata da investigação sobre os
‘swaps'.
Eu advogo que todos são inocentes até prova em contrário. E que os
julgamentos não se fazem em praça pública. Mas, em política, tal como
para a mulher de César, não basta sê-lo, há que parecê-lo. Não
especularei sobre o envolvimento da ministra das Finanças neste caso:
isso será esclarecido - assim o espero - pela comissão parlamentar de
inquérito. As aparências sugerem que existe alguma responsabilidade da
sua parte. E já o sugeriam na altura em que Vítor Gaspar se demitiu,
pelo que tê-la colocado no lugar deste foi uma escolha insensata.
Uma imprudência donde decorre que agora Maria Luís Albuquerque tem de
partilhar a atenção devida às exigentes negociações com a ‘troika' e à
difícil elaboração do orçamento para 2014 com desmentidos e idas ao
Parlamento. Uma imprudência que deixa Maria Luís Albuquerque numa
posição de fragilidade. Não sei que consequências políticas daí lhe
advirão. Para o País, faço votos de que sejam nenhumas.
Docente universitária
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
20/09/13
.
Sem comentários:
Enviar um comentário