22/09/2013

VERA GOUVEIA BARROS

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O ‘swap’ 
da ministra

Depois de semanas de incêndios, é a vez de estar a ministra das Finanças sob fogo. Como não há duas sem três, trata-se, novamente, do caso dos ‘swaps’. Almerindo Marques veio à comissão de inquérito sobre o assunto afirmar que havia sido Maria Luís Albuquerque, enquanto técnica do IGCP, a emitir um parecer favorável ao ‘swap’ da Estradas de Portugal.

A ministra prontamente o negou. E explicou que se pronunciou, não sobre um ‘swap', mas sim sobre um empréstimo que implicava um ‘swap' (cujas condições não eram conhecidas). Nestas coisas, o sentido literal e estrito das palavras parece ser muito importante e a distinção entre verdade e mentira fica entregue ao pormenor.

Não obstante as questões de semântica que permitem avaliar a sinceridade de Maria Luís Albuquerque, o certo é que o seu nome surge frequentemente implicado quando se trata da investigação sobre os ‘swaps'.

Eu advogo que todos são inocentes até prova em contrário. E que os julgamentos não se fazem em praça pública. Mas, em política, tal como para a mulher de César, não basta sê-lo, há que parecê-lo. Não especularei sobre o envolvimento da ministra das Finanças neste caso: isso será esclarecido - assim o espero - pela comissão parlamentar de inquérito. As aparências sugerem que existe alguma responsabilidade da sua parte. E já o sugeriam na altura em que Vítor Gaspar se demitiu, pelo que tê-la colocado no lugar deste foi uma escolha insensata.

Uma imprudência donde decorre que agora Maria Luís Albuquerque tem de partilhar a atenção devida às exigentes negociações com a ‘troika' e à difícil elaboração do orçamento para 2014 com desmentidos e idas ao Parlamento. Uma imprudência que deixa Maria Luís Albuquerque numa posição de fragilidade. Não sei que consequências políticas daí lhe advirão. Para o País, faço votos de que sejam nenhumas.

Docente universitária

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
20/09/13

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