.
IN "i"
05/09/13
.
Paulo Portas, o novo Gaspar
Paulo Portas é o novo Vítor Gaspar, para o bem e para o mal. Mais para o mal
Paulo Portas está em Bruxelas a tomar posse da sua pasta de ministro de Estado em condição de protectorado.
Até aqui as coisas não correram bem. Bruxelas não se mostra receptiva a
aumentar a meta do défice e por enquanto não há nada a dizer.
Infelizmente, se é melhor para todos nós que esteja no cargo um ministro
que, ao contrário de Vítor Gaspar, não sofre de síndrome de Estocolmo
relativamente à troika, a pasta que Passos Coelho ofereceu ao CDS é o
maior dos presentes envenenados que o líder da coligação poderia
oferecer ao parceiro instável.
Desta viagem a Bruxelas em diante,
as responsabilidades passaram a ser partilhadas entre PSD e CDS. Uma
derrota do governo em Bruxelas será sempre uma derrota de Portas - e não
só de Passos Coelho e do inefável Vítor Gaspar, personagens
relativamente às quais Paulo Portas (e meio CDS) se entendia distanciar
sempre que lhe convinha e com um sucesso muito razoável. Esse estado de
manter um pé dentro e outra fora do governo - um verdadeiro estado de
graça nos tempos que corriam - permitiu ao CDS aguentar-se nas
sondagens. Enquanto isto, a popularidade de Portas permanecia em níveis
estranhamente altos para quem integrava um governo de coligação. Hoje
essa ficção acabou.
Os "sinais ténues" que o governo identifica na
recuperação da economia portuguesa serão abalroados pela obrigação
acordada com a troika de cortar 4,5 mil milhões de euros. E foi com este
pano de fundo que o CDS "tomou conta" do governo - com Portas a liderar
as negociações com a troika e Pires de Lima responsável pela
recuperação da economia. Se a última remodelação foi uma vitória do CDS
sobre o PSD, dificilmente se percebe o que seria uma derrota. Por
incrível que pareça, Passos está hoje mais protegido que quando tinha
que fazer de ama-seca de Vítor Gaspar e de Álvaro Santos Pereira, ambos
vindos do outro mundo pela mão do primeiro-ministro. No dia das eleições
- antecipadas ou não e se calhar já não -, os portugueses vão pedir as
mesmas contas a Portas que a Passos Coelho. Mas enquanto o PSD é um
partido firmemente alicerçado no regime (como o PS), o CDS tem sido ao
longo dos anos uma incógnita. Não vai chegar a Paulo Portas repetir 25
mil vezes que "Portugal está numa situação de protectorado" para se
poder distanciar da troika. Ele é o novo Gaspar, para o bem e para o
mal. Mais para o mal: infelizmente, um novo ministro não muda uma
política global, a da troika. O CDS corre o risco do desaparecimento.
IN "i"
05/09/13
.
Sem comentários:
Enviar um comentário