Ratos de
tele-sacristia
"O Santuário de Fátima, um lugar de graça, de consolação, onde o
sentir humano mostra a grandeza de Deus." Quem ontem esta linda oração
proferiu não foi um acólito da coisa, mas sim uma jornalista da RTP. Não
basta explicar que fazia calor, que lá estavam x mil pessoas e que foi
dito isto ou aquilo; agora o "serviço público" também serve de púlpito
para declamar baboseiras sem nexo - esqueçam a isenção, a inteligência e
até o desiderato de escrever em português que se entenda.
Como o
calor dilata os neurónios, tornando-os mais permeáveis, fixei outros
pontos da "reportagem": veio um senhor mascarado do Luxemburgo a
perseguir os nossos emigrantes, deixando-os com o sério aviso: "Não
percais a vossa alma na migração." Como se ela fosse assim uma peça de
bagagem, um avô ou um animal de estimação, destinado a ser esquecido na
primeira estação de serviço. Depois, o aviso de que a estátua da Virgem
vai emigrar até Roma, para que o mundo seja consagrado a um tal
"imaculado coração de Maria" - julgava eu que Pio XII já tinha tratado
disso, há mais de 70 anos; e que a "vidente" Lúcia até tinha reclamado
na altura, insistindo que o que a Senhora tinha pedido fora mesmo a
consagração da Rússia.
E estranho que tantos salamaleques aos
nossos amigos imaginários não bastem para esconjurar as pragas que nos
afligem: revoadas de mosquitos em Armação de Pêra, os gafanhotos do
governo, poias flutuantes em Quarteira, produção industrial em queda,
incêndios, Cavaco Silva...
Publicitário
IN "i"
14/08/13
.
Sem comentários:
Enviar um comentário