21/07/2013

FERNANDO DACOSTA

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Enjoados 
da democracia

Alguns dos nossos democratas estão a cansar-se da democracia. 

Esse cansaço (enjoo) traduz-se no adiamento, congelamento de regras básicas dela, como protelação de eleições, suspensão de referendos, recusa de contactos, fuga a críticas, a compromissos, etc. No passado não se referendou o ingresso de Portugal na CEE nem, depois, no euro; no presente não se opta pela ida às urnas como solução exigível para o emaranhado político em que estamos.

A intervenção do povo tornou-se, ao que se assiste, inconveniente para o poder que desatou a fugir dela como o diabo da cruz - nem ouvi-lo (ao povo) quer.
Significativo disso foi a recentíssima reacção da segunda figura da democracia portuguesa - uma jurista "milionariamente" reformada aos 42 anos - ao perder a cabeça com representantes de funcionários que, vitimizados pelo Estado, protestavam nas galerias da Assembleia. Antes haviam sido reformados a manifestar-se silenciosamente - de imediato corridos pela abespinhada senhora.
 
"Não podemos permitir que os nossos carrascos nos criem maus costumes", sentenciou ela. Pois não. Por isso, o opormo-nos a eles (carrascos), pelo voto, pelo berro, pela indignação é um acto de cidadania. O que a presidente não parece ter percebido é que os carrascos de hoje não são os manifestantes, são os deputados que, com as suas maiorias, aprovam leis para esbulhar, amputar, matar populações, como tem feito a coligação que domina o parlamento (e o governo, e a Presidência da República), confiscando soberania aos eleitores. 

É que em Portugal os democratas (estes) só querem dar-nos liberdade para concordar com eles!

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18/07/13

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