O que a Apple fez
quando não estávamos a olhar
A Apple nunca tinha modificado o sistema operativo do iPhone de forma tão radical desde que o smartphone foi lançado, em 2007. É mesmo para esquecer tudo o que sabe sobre o iOS, porque a versão 7 é um novo começo.
Tão novo que Tim Cook recebeu uma ovação em pé
durante o arranque do evento anual de programadores, algo que nunca
tinha acontecido, desde que assumiu o cargo de CEO em 2011. Ontem, na
Califórnia, os milhares de programadores e fãs da Apple viram uma
espécie de regresso ao passado glorioso da era Steve Jobs, e por isso
aplaudiram de pé. A mensagem implícita é esta: a Apple não vai cair sem
grande luta.
Esta linguagem bélica já está um pouco batida, mas é
mesmo de guerra que se trata neste mercado – mais que simples
competição. A Samsung vence nos números, a Apple vence nos lucros. Onde
ambas estão a falhar é na capacidade de inovar em ciclos mais curtos.
O
que a Apple apresentou ontem foi um redesenho total do sistema
operativo móvel, algo que os fãs, analistas e programadores já pediam há
muito O iOS era um dos pontos fracos nos últimos lançamentos da Apple,
claramente abaixo da qualidade do hardware e demasiado estático para um
mercado tão dinâmico.
Diz o analista sénior da consultora Ovum,
Jan Dawson, que a nova versão é "quase irreconhecível" e por isso
algumas pessoas vão sentir-se perdidas, enquanto outras vão adorar a
nova experiência.
A diferença começa nas cores: o iOS 7 é muito
mais colorido que os anteriores e usa uma palete de tons diferente. A
interface foi melhorada para facilitar a escrita e a leitura e há várias
novas funções, como deslizar para a esquerda para navegar entre
programas ou deslizar de baixo para cima para entrar no "Centro de
Controlo." Os ícones também foram todos redesenhados e o próprio
navegador Safari recebeu uma grande actualização no design.
Tudo isto foi descrito por Jony Ive, o grande mentor de design da Apple, como "ordenar a complexidade."
O
analista da Ovum frisa que muitas das novidades resolvem problemas, ao
invés de trazerem grandes inovações. Os programadores que queriam novas
soluções de pagamento móvel, por exemplo, ficaram desiludidos. Os
consumidores que queriam usar já o novo sistema também não gostaram de
saber que só chega no outono, um atraso que serve para dar tempo aos
programadores para adaptarem as suas aplicações.
Nessa altura,
saber-se-á se as novidades são suficientemente boas para devolver à
Apple a aura de inovação que perdeu nos últimos tempos. A mim não parece
suficiente; mas é um começo.
IN "DINHEIRO VIVO"
11/06/13
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