HOJE NO
"PÚBLICO"
Série de animação portuguesa
já chega a 20 países
Chama-se Nutri Ventures é uma série para crianças, explora os
superpoderes dos alimentos saudáveis. Acaba de se estrear no Brasil, em
Espanha e nos Estados Unidos, mas já tinha passado pela Casa Branca.
A roda dos alimentos foi transformada em sete reinos, cada um de sua
cor e com poderes diferentes. É por lá que vão andar quatro pequenos
heróis que vivem numa cidade sem alimentos. Descobrir sabores, cores,
texturas e experimentar os nutri-powers vai obrigá-los a grandes aventuras. Como guia terão uma redonda e simpática criatura: o Guga Púrpura.
Este é um pequeno resumo da série de animação Nutri Ventures,
criada por um engenheiro aeroespacial, Rodrigo Carvalho, e um gestor,
Rui Miranda, e que se destina a crianças dos quatro aos dez anos. A
ideia surgiu em 2009.
“Queríamos criar uma marca de entretenimento de âmbito global e
pensámos no universo infantil. Logo se seguiu a ideia de ser em
animação. A nossa sensibilidade ao problema da obesidade nas crianças
trouxe-nos até aqui”, conta Rui Miranda ao Life&Style. E lembra que,
“no mundo desenvolvido, a geração actual é a primeira que vai viver
menos tempo do que a dos seus pais”.
O projecto correu bem e, passados quatro anos, “a série – que já vai na
terceira temporada – foi vendida para 20 países, na Europa, América e
Ásia, ganhou um mundo interactivo, músicas, jogos e o aplauso de
instituições nacionais e internacionais que asseguram que os valores
transmitidos pela Nutri Ventures estão de acordo com as recomendações de nutricionistas, médicos e pediatras”.
Uma dessas instituições é a Let’s Move, que tem Michelle Obama como
mentora. Os dois sócios já se reuniram na Casa Branca com a equipa deste
movimento que pretende combater a obesidade nos EUA. Também foi firmada
uma parceria com Universidade de Liverpool, no Reino Unido.
Têm muitas parcerias gratuitas, “não são pontos de receitas mas servem o
fim educativo a que nos propomos”. Rui Miranda parece sincero no seu
empenho em fazer algo “para o bem da sociedade”. Para ele, “só isso é
que faz sentido e dá alegria”.
Por isso, as marcas a que se associam, essas sim “com um contributo em
vendas e lucros”, são todas “saudáveis”. E assegura que nunca veremos a Nutri Ventures ligada uma marca de fast food. “Nunca.”
80 mil crianças registadas
Em Portugal, a série passa na RTP2 e no Canal Panda, chegou ao top
dos três programas mais vistos naqueles canais, com 30% de audiência. A
entrada em Espanha também é motivo de satisfação para o gestor: “É
importante pelo idioma, porque os conteúdos dobrados em espanhol são
muito atractivos para o mercado latino-americano, onde queremos estar no
próximo ano.” A isso acrescenta-se o facto de ser a primeira vez que um
conteúdo português é emitido no Disney Channel em Espanha.
Razões para o sucesso? “Conseguimos criar uma história de facto muito
divertida, com acção e aventura. Fomos felizes no projecto”, diz Rui
Miranda, para a seguir valorizar a boa exploração daquilo a que se chama
transmedia, permitindo que em cada plataforma haja conteúdos
diferentes e múltiplas possibilidades de interacção com as crianças. “O
que está no site, por exemplo, vai muito para além do que a série oferece na televisão.”
No site, já têm 80 mil crianças registadas e um milhão de visitantes únicos contabilizados. A Nutri Ventures desenvolveu entretanto uma aplicação para iOS.
O objectivo é potenciar modos diferentes de fruição e aprendizagem,
“sempre com a preocupação de associar bons sentimentos e boas práticas à
alimentação”. E todos os guiões são validados pela Associação
Portuguesa de Nutricionistas. Para o gestor, “o que existia neste âmbito
eram projectos quase sempre feitos por professores e psicólogos e
muitas vezes excessivamente didácticos”.
Rui Miranda gostava que houvesse mais iniciativas como a Nutri Ventures,
que mobilizassem os portugueses. E deixa um conselho, que é também um
incentivo. “Apostem em ideias globais, valorizem as pessoas que
trabalham convosco e tenham ambição.” Mas faz questão de clarificar que
“ambição é diferente de ganância”.
“Mais grande, como a mamã”
Rui Miranda tem quatro filhos, com as seguintes idades: nove, sete,
quatro e um ano. O de quatro gosta da personagem Teo, a de sete prefere a
Nina e a de nove, a Lena. O gestor não pressiona os filhos para que
vejam a série, mas vai observando os comentários e reacções. Uma espécie
de sondagem doméstica, “só para ver o efeito”, diz bem-disposto.
Diz também que a página de Facebook
da empresa tem alguns comentários muito positivos colocados pelas mães
das crianças. Exemplo: “Mãe, hoje quero beber mais leite porque tenho
jogo de futebol.” E tratava-se de uma criança não particularmente
apreciadora da bebida.
De viva voz, escutámos Diogo Marcos, um miúdo de três anos que é fã da Nutri Ventures:
“Gosto mais do Reino Amarelo porque é o que tem mais alimentos: milho,
pão, arroz.” Perguntámos-lhe então se costuma comer todos aqueles
alimentos. “Sim, sim, e fico mais grande, como a mamã”, responde muito
rapidamente, antes de começar a cantar uma das canções da série. À
pergunta sobre a que reino corresponde uma banana, começa logo a dizer
alguns frutos e conclui: “Laranja.” Acertou.
* Inteligência portuguesa.
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