Quase, quase...
Correndo riscos deste texto estar desatualizado amanhã – por
intermédio de uma qualquer mensagem de Facebook, que entretanto Pedro (e
Laura) decidam mandar aos cibernautas dando o dito por não dito- não
posso deixar de registar as mais recentes afirmações do
Primeiro-Ministro de Portugal, enquanto ouvia cantar as Janeiras (que
não cantou) no dia de Reis.
Pedro Passos Coelho desejou um bom ano aos portugueses, reforçando
que também o desejava aos que não gostam do seu executivo e disse que
estava a ver uma luz ao fundo do túnel.
Não se percebe se Pedro Passos Coelho estava a mandar um “recado” a
Cavaco Silva ou se estava a recuperar o “discurso do Pontal”, em Agosto
do ano passado. Num ou noutro caso é de se ficar aflito, quando se
lembra que, logo a seguir ao Pontal, e sem aviso prévio, Passos Coelho
anunciou o mais brutal agravamento da austeridade…
Também ficámos todos a saber este Domingo que o país não está num
“ciclo vicioso” mas sim a “vislumbrar a saída de um período difícil”.
Passos Coelho é pródigo no uso de metáforas. (A não esquecer a do
soldado que tem de haver dentro de cada português. Só não se percebeu
quem comanda estes soldados de papel: se Pedro, se Laura, se ambos ou se
nenhum?)
Está visto que o Primeiro-Ministro de Portugal não é leitor do
“Inimigo Público”. Se fosse já sabia que essa luz apagou-se em Portugal
por falta de pagamento e a mando dos chineses.
Quem parece também ter visto uma luz foi o nosso ex-Presidente do
Governo Regional dos Açores, Dr. João Bosco Mota Amaral. Só uma ilusão
ópticapode justificar que, depois de ter votado a favor do Orçamento de
Estado para 2013, escreva um artigo como o que saiu publicado a semana
passada…
Esperamos agora (serenamente) que no próximo fim-de-semana, durante o
congresso laranja, seja dito aos companheiros açorianos o que lá está
escrito e mais qualquer coisa, por exemplo, sobre a proposta de Lei das
Finanças Regionais, antes que seja tarde demais ou antes da próxima
edição do jornal.
O que nos entristece é que além da desgraça que nos invade, há a
outra que afasta os cidadãos da política e dos políticos, que desanima
os cidadãos e que nos prejudica a todos.
Quando políticos destes, representantes do Estado português, se negam
a ajudar o Povo do seu país em detrimento das suas próprias agendas,
podemos pensar tudo, fazer qualquer coisa. Só não podemos ficar a
assistir impávidos e serenos, enquanto nos tomam por esquecidos.
Pedro Passos Coelho estará em São Miguel no próximo dia 13 de
Janeiro. Esperamos que não chame “Adão” a Duarte Freitas nem encontre
por cá nenhuma serpente maldosa. Duarte Freitas, natural da ilha do
Pico, terá oportunidade de lhe explicar que na “ilha de baixo” de onde
veio (conforme explicação de Costa Neves a Cavaco Silva) está o ponto
mais alto de Portugal, contrariando assim (mais uma vez) a informação
dada por Judite de Sousa, no noticiário de fim-de-semana sobre a Serra
da Estrela.
Termino citando o autor Pedro Paixão: “(…)Quase, é uma palavra
notável. Todas as pessoas deviam ter por nome próprio quase. Eu sou
quase, tu és quase, ele é quase, nós somos quase. Quase qualquer coisa
que não chega a ser quase (…)”
E assim quase desejava daqui um Bom Ano ao Primeiro-Ministro de Portugal. Mas quase não chega para o voto. Quase.•
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
09/01/13
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