03/12/2012

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Austeridade dá 
“pão para hoje e fome para amanhã” 

Miguel Angel Martinez, vice-presidente do Parlamento Europeu, criticou hoje a "obsessão suicidária com a austeridade". 

Miguel Angel Martinez, que é médico, recorreu a uma imagem de medicina para ilustrar as consequências dos programas de austeridade.
"Não se pode receitar uma sangria como tratamento para um doente anémico. E o que se está a fazer com alguns países, incluindo Portugal, é impor-lhes condições que tornam impossível o crescimento, que é a única forma de conseguirem resolver os seus problemas. Se impedirmos as economias de crescer o que estamos a fazer é condenar estes países. Quando acontecem os resgates estamos, como se diz em Espanha, a dar 'pão para hoje e fome para amanhã'", disse.

Para Miguel Angel Martinez o momento que a Europa atravessa é "muito grave", porque "o projecto europeu está a mudar e passou de um projecto fundamentalmente solidário a um projecto fundamentalmente não-solidário e quem tem mais provas disso são os portugueses, os gregos e provavelmente os espanhóis".

"A solidariedade de que beneficiamos no processo de integração está a ser substituída por egoísmos nacionalistas vários e mesmo por nacionalismos", afirmou.

O vice-presidente do Parlamento Europeu (PE) falava à agência Lusa em Lisboa à margem da sessão de abertura da 19.ª edição do Fórum Lisboa, subordinada ao tema "A Estação Árabe: da Mudança aos Desafios", uma iniciativa do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, com o apoio da Aliança das Civilizações, da rede Aga Khan para o Desenvolvimento e do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

"Ao lado da 'primavera árabe' estamos a viver um 'inverno europeu' de que não há consciência entre muitos dos nossos cidadãos", sublinhou Miguel Angel Martinez, mostrando-se "muito preocupado" com o rumo da União Europeia.
Identificando o governo alemão e a chanceler Angela Merkel como os protagonistas desta mudança, Miguel Angel Martinez, que pertence ao Partido Socialista espanhol (PSOE), considerou que a nova orientação europeia "está a levar muitos países à ruína" e acabará por arruinar a própria Alemanha.

O vice-presidente do Parlamento Europeu manifestou-se ainda contra a redução do orçamento da União Europeia para 2013 e dos recursos programados para o período 2014-2020, considerando que existe um "confronto brutal" entre o Parlamento Europeu e a Comissão e "governos profundamente incoerentes que ao mesmo tempo que atribuem mais tarefas cortam nos recursos".

A cimeira extraordinária de líderes europeus sobre o orçamento comunitário plurianual para 2014-2020, que decorreu na capital belga a 22 e 23 de Novembro, terminou sem um acordo, tendo ficado adiada uma nova discussão sobre o tema para o início de 2013.

* Mas que grande tareia...

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