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Emigrantes portugueses
estão a "desistir" do país
Muitos emigrantes portugueses estão a “desistir do país” e a pedir a
naturalização nos países de destino. Em 2010, quase cinco mil
portugueses pediram nacionalidade francesa. Na Suíça, foram 2200 os
portugueses a tornaram-se naturais daquele país.
No mesmo ano, no Luxemburgo houve 1345 emigrantes portugueses que
adquiriram dupla nacionalidade. “São dados novos que traduzem uma
desistência de Portugal, isto é, estes portugueses estão a tornar
permanente a sua emigração e a desistir do regresso”, interpreta Pedro
Góis, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Sem
mais elementos quanto às características destes emigrantes, o
investigador admite que, a tratar-se de emigrantes mais velhos e
antigos, “pode querer dizer que entendem que os sistemas de saúde
portugueses estão a perder eficácia ou que as zonas de onde saíram, por
exemplo, estão desertificadas; logo, não vale a pena regressar”.
Para
Pedro Góis, cabe ao Governo retirar ilações destes dados e impedir que
tal se repita com a nova vaga emigratória. “Andamos todos a dizer que os
emigrantes que estão a sair estão apenas a aproveitar oportunidades de
trabalho momentâneas lá fora, mas, se nada for feito, esta emigração
pode tornar-se permanente e isso terá consequências muito negativas para
o país em termos económicos e demográficos”, alerta.
Os
ministérios dos Negócios Estrangeiros, do Trabalho e da Segurança Social
já deviam estar, assim, a articular-se no desenho de políticas capazes
de, “a médio e longo prazo, garantir o regresso dos novos emigrantes”.
Como? “Fazendo com que a contratação destas pessoas pelas empresas
portuguesas seja bonificada em termos de contribuições para a Segurança
Social”, exemplifica, para considerar que o país “não está em condições
de perder estas pessoas”.
Em sentido contrário, e de acordo com
os mesmos dados revelados na passada semana pelo Eurostat, Portugal
registou, em 2010, 21.800 pedidos de naturalização de imigrantes (25.600
no ano anterior). Os brasileiros seguem à frente, seguidos dos
cabo-verdianos e dos moldavos.
Pedro Góis considera, porém, que
tais pedidos têm “escondida” uma aspiração de obtenção da cidadania
europeia. “Os brasileiros e os cabo-verdianos, pelo menos, têm uma
pragmática muito semelhante, na medida em que, obtendo a nacionalidade
portuguesa, adquirem maior liberdade de circulação quer na Europa, quer
nos Estados Unidos, onde passam a beneficiar da isenção de visto.”
* Portugal está a ser uma pátria ingrata, obra dos políticos, cada vez mais a nossa pátria é o sítio onde nos tratam bem e, aqui no país, só os políticos, os seus patrões e os amigalhaços é que vivem bem.
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