Mercado Único:
os próximos 20 anos
A Europa celebrou recentemente o 20º aniversário do mercado único. É um bom momento para reflectirmos sobre o que foi alcançado nas últimas duas décadas e pensarmos nos próximos passos.
Em 1992, a Comunidade Europeia era composta
por 12 países, 345 milhões de pessoas e 12 milhões de empresas. Hoje, a
União Europeia tem 27 Estados-Membros, 500 milhões de pessoas e mais de
21 milhões de empresas. É o maior e mais dinâmico mercado do mundo.
As trocas comerciais entre países da UE passaram de €800 mil milhões
em 1992 para €2.8 biliões em 2012. No caso do Reino Unido, o comércio
com a UE é hoje mais de três vezes superior ao de há 20 anos e
corresponde a quase metade do total das nossas exportações. Cerca de 3,5
milhões de postos de trabalho no Reino Unido, perto de 11% da nossa
população activa, dependem do comércio com a UE.
Ao longo destes anos, os cidadãos europeus têm beneficiado com o
mercado único, por exemplo, através da livre circulação, redução de
tarifas de telemóvel, produtos mais seguros ou voos mais baratos. Todos
os dias em Portugal, a empresa britânica EUREST serve cerca de 120 mil
refeições em escolas, hospitais e outros estabelecimentos. Até 2020 na
Escócia, prevê-se que cerca de um milhão de lares ou 40% das famílias,
tenham electricidade produzida pela EDP Renováveis. Estes são também
bons exemplos do mercado único em acção.
Mas podemos ir mais longe. Os nossos estudos sugerem que o mercado
único está a funcionar 45% abaixo do seu potencial. Congratulamo-nos com
o Acto para o Mercado Único II, divulgado pela Comissão Europeia no
início deste mês, estabelecendo propostas para o melhorar. Há três
áreas específicas a que queremos dar prioridade: maior abertura do
mercado de serviços; criação de um mercado único para a economia digital
e impulso ao comércio electrónico transfronteiriço; e garantia de que
as regras e regulamentos da UE não limitam o crescimento, colocando
barreiras desnecessárias aos nossos empresários e empresas.
E olhando para além das fronteiras europeias, também temos de mostrar
ambição e empenhamento em abrir os mercados, lançando negociações com
vista a Acordos de Livre Comércio com Japão e Estados Unidos; e concluir
negociações em curso com, por exemplo, Canadá, Singapura e Índia.
O mercado único tem sido um dos maiores sucessos da Europa. Como
disse recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico,
William Hague, o mercado único "proporcionou oportunidades e
prosperidade a centenas de milhões de pessoas". Devemos ter orgulho
nisso, mas não podemos ser complacentes. O mercado único continua a ser
fundamental para a nossa recuperação económica futura - agora mais do
que nunca. Temos de redobrar os nossos esforços para maximizar o seu
potencial.
Embaixadora do Reino Unido
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
26/10/12
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