Saír da crise depende agora de nós
Não tenhamos ilusões. Portugal está neste momento praticamente sem
soberania económica e financeira. Mas recuperar a nossa soberania
depende hoje muito mais de nós do que dos mercados. Há seis meses não
era assim.
Os deputados da Nação, com especial relevo para os que subscreveram o
Memorando de Entendimento, têm a obrigação de saber que a margem de
manobra do Parlamento, tal como do Governo, está condicionada aos
objectivos e políticas definidos pela troika .
Para recuperar o poder perdido por falta de financiamento ou deixamos de precisar de crédito - o que obviamente exigia muito mais impostos do que aqueles que vamos pagar em 2013 - ou seguimos o caminho que tem estado a ser traçado nas sucessivas avaliações da troika, constituída pelo FMI, Comissão Europeia e BCE.
Dirá quem o defende, que há também a alternativa do "não pagamos" ou da reestruturação. Sim, mas quem o propõe está também a defender uma redução do poder de compra dos portugueses e uma redução da produção portuguesa muitíssimo mais elevada do que aquela que já tivemos e que temos ainda condições para registar. Se temos a possibilidade de tentar um caminho que promete menos desemprego e menos recessão não é, no mínimo, racional escolher uma via que nos ia empobrecer ainda mais, como o demonstram os casos de incumprimento ou de reestruturação de dívida.
Passado um ano da aplicação do plano da troika não podemos dizer que estamos no caminho do fracasso. Pelo contrário, demos um primeiro passo no sentido do sucesso. Conseguimos recuperar a credibilidade externa, visível na acentuada descida das taxas de juro da dívida pública, sem ser por causa do BCE, e no acesso ao mercado financeiro internacional de empresas como a Brisa, a EDP e a PT. O "Portuguese day" que decorreu dia 15 de Outubro na bolsa de Nova Iorque revelou, igualmente, a quem estava presente, que Portugal está hoje a ser olhado com maior confiança. Nem que seja porque olham para os números e vêem que quem manteve o seu dinheiro aplicado em dívida pública portuguesa garantiu desde o início do ano uma valorização da ordem dos 40%, o que, convenhamos, é uma raridade nos tempos que correm. Dentro de portas, a bolsa já valorizou 26% desde o início do ano e o BPI vale quase o dobro do que valia em Janeiro. É verdade que os mercados accionistas estão, nesta crise, longe de serem o velho barómetro que antecipa as recuperações. Mas o que se está a passar na bolsa portuguesa é mais um indicador de que se está a conseguir estabilizar o sistema financeiro. Não são apenas os bancos que estão entre os que mais têm subido na bolsa, mas lá estão eles, com especial relevo para o BPI.
Há um ano o nosso destino estava nos investidores sem rostos dos mercados financeiros. Com a frente financeira da guerra controlada e até com sinais muito convincentes de que estamos a conseguir ganhar essa batalha, vencer a crise, recuperar a soberania e regressar à prosperidade está hoje muito mais nas nossas mãos do que no passado. Sair da crise depende agora de nós e não dos outros. E, neste momento, Outubro de 2012, escolher um futuro melhor significa aceitar este Orçamento do Estado, este aumento de impostos. Para não morrermos na praia.
Para recuperar o poder perdido por falta de financiamento ou deixamos de precisar de crédito - o que obviamente exigia muito mais impostos do que aqueles que vamos pagar em 2013 - ou seguimos o caminho que tem estado a ser traçado nas sucessivas avaliações da troika, constituída pelo FMI, Comissão Europeia e BCE.
Dirá quem o defende, que há também a alternativa do "não pagamos" ou da reestruturação. Sim, mas quem o propõe está também a defender uma redução do poder de compra dos portugueses e uma redução da produção portuguesa muitíssimo mais elevada do que aquela que já tivemos e que temos ainda condições para registar. Se temos a possibilidade de tentar um caminho que promete menos desemprego e menos recessão não é, no mínimo, racional escolher uma via que nos ia empobrecer ainda mais, como o demonstram os casos de incumprimento ou de reestruturação de dívida.
Passado um ano da aplicação do plano da troika não podemos dizer que estamos no caminho do fracasso. Pelo contrário, demos um primeiro passo no sentido do sucesso. Conseguimos recuperar a credibilidade externa, visível na acentuada descida das taxas de juro da dívida pública, sem ser por causa do BCE, e no acesso ao mercado financeiro internacional de empresas como a Brisa, a EDP e a PT. O "Portuguese day" que decorreu dia 15 de Outubro na bolsa de Nova Iorque revelou, igualmente, a quem estava presente, que Portugal está hoje a ser olhado com maior confiança. Nem que seja porque olham para os números e vêem que quem manteve o seu dinheiro aplicado em dívida pública portuguesa garantiu desde o início do ano uma valorização da ordem dos 40%, o que, convenhamos, é uma raridade nos tempos que correm. Dentro de portas, a bolsa já valorizou 26% desde o início do ano e o BPI vale quase o dobro do que valia em Janeiro. É verdade que os mercados accionistas estão, nesta crise, longe de serem o velho barómetro que antecipa as recuperações. Mas o que se está a passar na bolsa portuguesa é mais um indicador de que se está a conseguir estabilizar o sistema financeiro. Não são apenas os bancos que estão entre os que mais têm subido na bolsa, mas lá estão eles, com especial relevo para o BPI.
Há um ano o nosso destino estava nos investidores sem rostos dos mercados financeiros. Com a frente financeira da guerra controlada e até com sinais muito convincentes de que estamos a conseguir ganhar essa batalha, vencer a crise, recuperar a soberania e regressar à prosperidade está hoje muito mais nas nossas mãos do que no passado. Sair da crise depende agora de nós e não dos outros. E, neste momento, Outubro de 2012, escolher um futuro melhor significa aceitar este Orçamento do Estado, este aumento de impostos. Para não morrermos na praia.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
18/10/12
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