Portugal dourado
Portugal pode não ganhar nada nos Jogos Olímpicos. Mas se os Jogos
fossem de Gestão vínhamos de Londres carregadinhos de ouro, ainda mais
do que aquele que trouxemos do Brasil.
O mais recente relatório CMVM sobre as sociedades
cotadas indica que, em 2010, os administradores executivos acumulavam,
em média, o cargo com funções executivas em oito empresas. Portanto, eis
os turbo gestores, a fina flor, a nata, crème de la crème. Se a CMVM
levanta questões sobre conflitos de interesses e a capacidade para
responder a tantos cargos é porque não conhece as excelsas faculdades
destes Michaels Phelps da gestão.
Atenção. Nada
disto está relacionado com redes de influência e favores, tudo isto é
mérito, tudo isto é fado. A prova é que as remunerações médias destes
executivos são de 450 mil euros, melhores do que as dos espanhóis,
alemães ou finlandeses. Se a sua perfeição não se reflecte no vigor da
economia é por motivos que lhes são alheios. Afinal, muitos destes são
os mesmos que passam o tempo a recomendar a baixa de salários e o
aumento da precariedade. Dos outros, é claro.
Docente universitária
IN "CORREIO DA MANHÃ"
04/08/12
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