Pelintrice Olímpica
Fez bem Vicente Moura ao baixar as expectativas em relação à
representação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Londres. As medalhas
custam muito caro e o País não está em condições de investir nesse luxo.
E não investiu.
Os atletas que ali vão, na sua maioria, fizeram
esforços e sacrifícios suplementares para conseguirem boas prestações.
Se por acaso ou por inspiração alguma medalha vier para Portugal, quase
garantidamente a deveremos ao esforço de quem a conseguir e muito pouco à
camisola que veste.
Não conheço orçamentos, mas o investimento feito
nas modalidades olímpicas, e nos atletas que conseguem os mínimos para
participar, deve ser uma pelintrice comparado com o investimento na
representação portuguesa no último Europeu de futebol, onde nunca
ganhámos um título sequer, embora sejamos os campeões das vitórias
morais. Mas compreende-se. O futebol é a alma do povo e enquanto houver
bola e golos o resto que se lixe.
Morreu José
Hermano Saraiva. A televisão fica muito mais pobre. É difícil encontrar
comunicadores com a sua capacidade e talento. Quem o acompanhou desde ‘O
Tempo e a Alma’, por certo, tem uma ideia de televisão que vai muito
para além da abundante banalidade que vulgarmente é fornecida.
Este
ano, o País está a arder com maior velocidade e em maior quantidade do
que nos últimos anos. Há um pirómano na Madeira zangado com os bombeiros
e, um pouco por todo o lado, existem mais pirómanos que desejam ver
chamas com o mesmo deleite de Nero. Se houvesse maior controlo nesta
época do ano sobre este tipo de bandido alucinado, talvez a culpa dos
incêndios fosse apenas da ordem política e do desleixo. Assim não.
São
inquietantes os noticiários espanhóis, que dão conta de como a crise
alastra no país vizinho e se percebe que os esforços de desdramatização
do governo já tiveram melhores dias. A crise espanhola e a italiana
empurram o euro para o abismo.
Percebo porque
Passos Coelho não fala de esperança. A queda deste monstro da economia
mundial significará a destruição da nossa débil economia. E, chegados
aí, se já somos pelintras, passaremos à fase do desastre sem apelo nem
agravo. E não haverá futebol que nos salve.
Professor universitário
IN "CORREIO DA MANHÃ"
29/07/12
.
Sem comentários:
Enviar um comentário