O Pingo Doce,
o serviço e a 'troika'
Às 16.30 de ontem o
Jumbo também já expressava o desejo ardente de imitar o Pingo Doce.
Como é evidente, outros seguirão a iluminada inspiração.
O problema é
esse: o Pingo Doce faz, os outros copiam, o consumidor trama-se, perde
um conforto simpático que dava jeito - pagar com o multibanco contas
abaixo dos 20 euros. Claro, não é o fim do mundo: as torneiras
continuarão a dar água, os passarinhos a cantar e os hipers a faturar.
Mas é mais um recuo que o empobrecimento do País está a provocar.
O
Pingo Doce nunca faria isto numa época normal. Faz agora porque está à
procura de dinheiro rápido para compensar a queda do consumo que se
manterá pelo menos mais um ano, talvez mais. Portanto, é sempre a mesma
história: pobreza que gera pobreza - neste caso de serviço. Nem vale a
pena dizer que a SIBS cobra enormidades em comissões. No único estudo
que conheço (para a EPCA), Portugal está na média, embora a média suba
por causa da Polónia, que paga o dobro de Portugal.
Se olharmos só para a
Zona Euro, estamos acima, embora tenham de ser tidos em conta
diferenças de volume de negócios, número de habitantes, etc., que ajudam
a fixar a comissão. Ou seja, que se pressione a SIBS e a Unicre e os
bancos a baixar as comissões, esta e outras.
Faça-se isso, claro, mas
não penalizem logo os consumidores, os mais fracos da equação. Estamos
fartos de pontapés.
Agora até o Pingo Doce, o amigalhaço dos preços
baixos, deu numa de troika: olhou para os números, esqueceu-se das
pessoas.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
22/08/12
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