17/03/2012

JILL GALLARD



A Europa e o crescimento


O aumento da dívida e do desemprego é um tema predominante dentro e fora da Europa. Há muito tempo que os nossos cidadãos e empresas não enfrentavam condições tão difíceis.

Porém, esta crise representa para a Europa um desafio muito maior: o baixo crescimento e competitividade em comparação com o resto do mundo. O governo britânico considera que este é o momento para demostrar capacidade de liderança e tomar decisões audaciosas a fim de alcançar os resultados exigidos pelas nossas populações.

É por isso que o primeiro-ministro David Cameron tem desenvolvido tantos esforços juntamente com os seus parceiros europeus, nomeadamente o primeiro- ministro Passos Coelho, para estabelecer medidas concretas com vista ao crescimento na Europa.

No topo da lista está o aprofundamento do mercado único, que está ainda longe de atingir todo o seu potencial. No sector dos serviços, por exemplo, subsistem restrições que prejudicam o consumidor e restringem o crescimento, num sector vital que representa quatro quintos da economia europeia. Dos 40% dos europeus que compram produtos ‘online', só menos de um décimo adquiriu produtos ‘online' a outro país da EU.

Também a nível dos serviços financeiros, é necessário um verdadeiro mercado único que estabeleça condições de concorrência equitativa e facilite o financiamento para o crescimento e para o emprego. Isto não significa desregulamentação.

Em segundo lugar, a UE tem de ser mais astuta na regulação. Devemos pensar nos resultados que pretendemos alcançar e evitar as medidas que prejudiquem o crescimento e o emprego. Propormos que todas as propostas da UE sejam sujeitas a um "teste de crescimento" e menos regulamentação para as microempresas.

Em terceiro lugar, devemos redobrar esforços para criar o ambiente ideal para empreendedores e inovadores comercializarem as suas ideias e criarem postos de trabalho. A Europa ainda tem capacidade de liderança no domínio tecnológico, mas temos de fazer mais para transformar as nossas boas ideias em êxitos comerciais.

Por último, precisamos de medidas decisivas para um mercado global verdadeiramente aberto. Acordos de comércio livre com a Índia, o Canadá, Europa de Leste, parceiros ASEAN e Japão, poderiam acrescentar €90 mil milhões à riqueza produzida na UE. O proteccionismo conduz a políticas de "olho por olho, dente por dente" que não beneficiam ninguém.

Não devemos recear a mudança, mas encarar as grandes alterações na economia mundial como uma oportunidade. Uma Europa dinâmica e virada para o crescimento pode proporcionar-nos uma prosperidade sustentável. E queremos trabalhar com Portugal para atingir este objectivo.




 Embaixadora do Reino Unido


IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
14/03/12

.

Sem comentários: