24/02/2012




HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

“A Troika e os 40 ladrões”
Livro revela os (supostos) poderes 
que estão por detrás da crise económica.

Será que já sabemos mesmo tudo sobre esta crise económico-financeira que está a varrer o entusiasmo de tantos crentes do sistema? Muito se fala, muito se especula e a verdade é que são cada vez mais os que querem respostas para as suas vidas, que estão (genericamente falando) sofrendo ‘downgrades' sucessivos.

A crise está aí, o desemprego aumenta de forma galopante, sobretudo no mundo ocidental, e todos parecem querer saber "quem Governa o Mundo?", "qual o poder real dos políticos?" ou mesmo "até que ponto a nossa vida é condicionada por organizações internacionais e corporações privadas?".

No meio de tanta incerteza aparecem vozes que dão respostas. Que apontam culpados. Vozes que são automaticamente rotuladas de "conspiradoras". Santiago Camacho, jornalista espanhol, é um desses elementos que faz parte do universo dos que juntam A mais B. O resultado, gostando ou não, é um estudo sobre a evolução de um mundo comandado nas últimas décadas por um modelo neoliberal, onde organizações internacionais, tais como Banco Mundial, FMI, Organização Mundial do Comércio, e as agências de ‘rating' são figuras do sistema com comportamentos questionáveis.

Com um bom ‘timing' de lançamento, esta obra que apresenta alguns factos que não são novidade, tem a pertinência de fazer um enquadramento histórico desde Bretton Woods até aos nossos dias. Um registo que merece a pena ser entendido. Com mais ou menos especulação (que alguns leitores certamente identificarão), esta obra estrangeira, que crítica os "outros" (os das supostas grandes esferas), tem como um dos factores determinísticos o facto de não falar apenas dos outros. Na edição portuguesa, destaque para o décimo primeiro capítulo.

"Portugal, a auto-estrada para o inferno"
"Portugal, a autoestrada para o inferno" é o polémico título do décimo primeiro capítulo do livro "A Troika e os 40 ladrões". Recuando às eleições legislativas de 2009, quando o PS de José Sócrates vence contra Manuela Ferreira Leite, do PSD, Camacho descreve, com uma visão jornalística e simultaneamente de ‘outsider', todos os passos políticos que foram efectuados até que "chega a Troika", lê -se no subcapítulo. E aí? Além da "mudança de Governo" (novo subtítulo), "Portugal perde", "as classificadoras (lançam-se) ao ataque", existe o "festim dos especuladores", "a surpresa na Madeira", a "austeridade" e, por fim, "a greve". Neste último subcapítulo destaque também para as centrais sindicais. Resgatando algumas linhas, expressas em capítulos anteriores, escreve o autor que "historicamente, o movimento sindical foi o veículo mais eficaz para impugnar a desigualdade económica". E diz mais: "O momento histórico, a oportunidade que brinda, é tão valioso como aquilo que se faça para tirar proveito dele. A História esta cheia de grande ocasiões desperdiçadas. E a menos que os movimentos de contestação do sistema se dotem a si próprios do pensamento estratégico necessário para orientar e por em marcha o processo de mudança da sociedade de forma séria, esta onda de activismo será provavelmente mais um capítulo dos episódios bem - intencionados e irrelevantes, como o movimento antiglobalização, que balizam a história da esquerda moderna, enquanto o neoliberalismo, monolítico e eficaz como a maquinaria bem concebida e oleada que é, continua o seu saque ilesa".
Denunciando e sempre sendo polémico, Santiago Camacho, autor que se dedica a temas que vão das sociedades secretas aos serviços de inteligência e às teorias da conspiração, escreve uma vez mais sem tabus. A ‘troika', ou a intervenção da ‘troika', foi o objecto de estudo desta obra, que faz com que o autor esteja hoje em Lisboa a apresentar o livro. Na próxima semana poderá escutar Santiago Camacho no programa ‘Ideias em Estante', transmitido no ETV.


* Certamente um livro a não perder.

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