09/02/2012



8 . PARQUES NATURAIS PORTUGUESES

 PARQUE NATURAL DO 
SUDOESTE ALENTEJANO


O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina localiza-se no litoral sudoeste de Portugal, entre a ribeira da Junqueira em São Torpes e a praia de Burgau, com uma extensão de 110 km, numa área total de 74 414,89 hectares, correspondendo a área terrestre a 56 952,79 ha e a área marinha adjacente a 17 461,21 ha.

Território
O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina abrange o litoral sudoeste de Portugal Continental, no sul do litoral alentejano e no barlavento algarvio em redor do Cabo de São Vicente. Inclui territórios de freguesias dos seguintes concelhos:

Sines (freguesias de Porto Covo e Sines);
Odemira (freguesias de Longueira / Almograve, Santa Maria, São Luís, São Salvador, São Teotónio, Vila Nova de Milfontes e Zambujeira do Mar);
Aljezur (freguesias de Aljezur, Bordeira, Odeceixe e Rogil);
Vila do Bispo (freguesias de Budens, Raposeira, Sagres e Vila do Bispo).

Para além da faixa costeira e da zona submarina de 2 km a partir da costa, o parque inclui o vale do rio Mira desde a foz até à vila de Odemira.



Na área do parque encontram-se diversos tipos de paisagens e habitats naturais e semi-naturais, tais como arribas e falésias abruptas e recortadas, praias, várias ilhotas e recifes (incluindo a ilha do Pessegueiro e um invulgar recife de coral na Carrapateira), o estuário do Mira, o cabo Sardão, o promontório de Sagres e Cabo de São Vicente, sistemas dunares, charnecas, sapais, estepes salgadas, lagoas temporárias, barrancos (vales encaixados com densa cobertura vegetal), etc
As altitudes máximas são: 324 m, no interior (em São Domingos, Odemira); e 156 m, no litoral (em Torre de Aspa, Vila do Bispo). A profundidade máxima é 32 m, 2 km ao largo do Pontal da Carrapateira (Aljezur).

Clima
O clima é mediterrânico, mas com forte influência marítima. As temperaturas manteem-se amenas todo o ano excepto em períodos de ventos de levante, quando estas podem subir ou descer vertiginosamente.

O regime de ventos é um importante factor no clima da região. Os ventos dominantes são os do quadrante norte. Por vezes ocorrem ventos de sudoeste, principalmente no inverno, enquanto os de levante ocorrem com baixa incidencia o ano todo. Nas tardes de verão são comuns brisas marítimas intensas e carregadas de humidade.



As temperaturas aumentam de norte para sul; as médias anuais são de 16/17 °C em Monte Velho e Sines e de 17/18 °C em Vila do Bispo e Sagres, no verão ( junho a setembro) as medias mensais rondam os 20-23º e no inverno( dezembro a fevereiro) os 11/13º com picos anuais que podem variar entre os -4º ( no interior em janeiro) e os 40º em julho.

A zona do promontório de Sagres tem a menor amplitude térmica de Portugal Continental.

A precipitação máxima ocorre em Dezembro, sendo os valores médios anuais entre os 400 mm, na zona de Sagres e os 600/800 mm, nas serras do interior e no restante litoral a norte de odeceixe. Em geral, chove mais para norte e para o interior ( area serrana), a época chuvosa fixa-se entre novembro e abril.

A precipitação apresenta um caracter torrencial típico do sul do pais e das restantes areas mediterraneas.

Os nevoeiros não são muito frequentes, acontecendo apenas em alguns dias do ano, mas a humidade do ar costuma manter-se elevada, mesmo em períodos mais quentes.

A insolação media anual é muito elevada, das mais altas do pais e da europa.

O mar apresenta-se, regra geral, mais revolto que o do algarve, mas mais calmo que o do litoral a norte do cabo raso, a ondulação predomina de NW/WNW com 2m.

Quando fortes sistemas depressionarios se aproximam da costa ou atingem-na directamente, no período do inverno, podem ocorrer temporais de W/SW com ondulação até 10m.

A água do mar é muito rica em biodiversidade e pura mas também fresca, dado o frequente upwelling, sendo que a temperatura varia entre os 14/15º em fevereiro e os 20/21º em setembro.


Flora
A flora do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina distribui-se por três tipos de ambientes geomorfológicos: barrocal ocidental, no planalto vicentino a sul, com vegetação típica de solos calcários, numa zona de clima seco e quente;
planalto litoral, com vegetação mais diversificada, nas dunas, charnecas e áreas alagadiças.
serras litorais e barrancos, mais frescos e humidos, com densa vegetação arbórea e arbustiva ladeando as ribeiras.

Ao longo do parque ocorre uma mistura de vegetação mediterrânica, norte-atlântica e africana, com predominância para a primeira. Há cerca de 750 espécies, das quais mais de 100 são endémicas, raras ou localizadas; 12 não existem em mais nenhum local do mundo. Na área do parque encontram-se espécies consideradas vulneráveis em Portugal, assim como também diversas espécies protegidas na Europa.

Entre os endemismos há, por exemplo, plantas como: Biscutella vicentina, Scilla vicentina, Centaurea vicentina, Diplotaxis vicentina, Hyacinthoides vicentina, Cistus palhinhae, Plantago almogravensis. Outras espécies são consideradas raras, como o samouco (Myrica faya), a sorveira (Sorbus domestica) ou a Silene rotlunaleri. Entretanto a actividade agrícola já provocou a extinção de plantas como a Armeria arcuata.

A espécies arbóreas na área do parque dividem-se em componentes classificadas como naturais e artificiais. As primeiras são dominadas por quercíneas, como o sobreiro (Quercus suber) e o carvalho cerquinho (Quercus faginea), em especial nos barrancos. O medronheiro (Arbutus unedo L.) também é característico desta zona.

As espécies arbóreas classificadas como introduzidas são principalmente os pinheiros-bravos (Pinus pinaster), os eucaliptos (Eucaliptus globulus) e as acácias (Acacia ssp.).

Fauna
Águia-pesqueira, Pandion Haliaetus.
Lontra, Lutra Lutra.
Sapinho-de-verrugas-verdes, 
Pelodytes punctatus.

A avifauna e ictiofauna têm grande importância no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Aves
O parque é uma área de passagem para aves planadoras e para os passeriformes migradores transarianos, nas suas deslocações entre as zonas de invernada em África e de nidificação na Europa. É a última área de cria da águia-pesqueira na Península Ibérica.



A nidificação em falésias e arribas marítimas é uma característica da área do parque, com destaque para a cegonha-branca, o falcão-peregrino e a gralha-de-bico-vermelho. É único local do mundo em que as cegonhas nidificam nos rochedos marítimos.

Entre as aves encontram-se, entre outras, as seguintes: águia-pesqueira (Pandion Haliaetus), corvo-marinho (Phalocrocorax spp.), pombo-da-rocha, cegonha-branca (Ciconia ciconia), garça (Egretta garzetta), falcão-peregrino (Falco peregrinus), peneireiro-das-torres (Falco naumanni), gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), melro-da-rocha ou melro-azul (Monticola solitarius), peneireiro (Falco tinnunculus), guarda-rios, galinha-de-água (Gallinula chloropus), corvo (Corvus corax), pombo-da-rocha (Columba livia), torcaz (Columba palumbus L.), gaivota (Laridae), gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), açor (Accipiter gentilis), gavião (Accipiter nisus), mocho (Strigidae), coruja, rouxinol, pintassilgo (Carduelis carduelis), tartaranhão-caçador (Circus pygargus), tartaranhão-azulado (Circus cyaneus), alcaravão (Burhinus oedicnemus), sisão (Tetrax tetrax), abibe (Vanellus vanellus), narceja (Gallinago gallinago), bufo-real (Bubo bubo), águia-de-bonelli (Hieraaetus fasciatus), águia-cobreira (Circaetus gallicus), ogea (Falco subbuteo), bufo-pequeno (Asio otus), rola (Streptopelia turtur).

Mamíferos
Os mamíferos presentes na área do parque incluem, entre outros: lontra (Lutra lutra), fuinha (Martes foina), texugo (Meles meles), raposa (Vulpes vulpes), gato-bravo (Felis silvestris), sacarrabos (Herpestes ichneumon), javali (Sus scrofa), ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), lince-ibérico (Lynx pardinus), geneta (Genetta genetta).

As fuinhas, as raposas (também chamadas zorras), os texugos e os sacarrabos (ou escalavardos) são encontrados nas zonas dunares e falésias. Os texugos escavam as tocas nas falésias. Esta zona é a única em Portugal, e das últimas na Europa, onde se encontram lontras em habitat marinho.

As grutas, como a do Monte Clérigo e a gruta Amarela, são refúgios para importantes comunidades de morcegos (Chiroptera).
[editar] Anfíbios

Várias espécies de anfíbios reproduzem-se nas lagoas temporárias. Entre outros encontram-se o sapo (Bufo bufo), o sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes) e o sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus). Nessas zonas húmidas também se encontram crustáceos como o Triops cancriformis mauritanicus e outros endemismos ibéricos.
[editar] Répteis

Entre os répteis encontram-se, por exemplo, a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) e a cobra-lisa-bordalesa (Coronella girondica).

Peixes
Nos cursos de água, paúis e sapais encontram-se peixes dulciaquícolas que são endemismos portugueses como o barbo-do-sul (Barbus sclateri) e a boga portuguesa (Chondrostoma lusitanicum) e também um endemismo local, o escalo-do-Mira (Leuciscus sp.).

Na zona marítima do parque encontram-se as espécies de peixes e outros animais habituais no nordeste do Atlântico.

Presença humana
A população residente é cerca de 24 mil pessoas. Os visitantes, em pelo menos algumas zonas do parque, são cerca de 2,8 milhões por ano.



A área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina engloba várias vilas e aldeias. Ao longo dos séculos a população dedicou-se à pesca e à agricultura e pecuária, mas o turismo é uma actividade cada vez mais importante, nomeadamente em locais como Porto Covo e Vila Nova de Milfontes e em toda a costa algarvia do parque. O sector industrial é praticamente inexistente.

As principais actividades turísticas são: pedestrianismo, orientação, escalada, parapente, hipismo, canoagem, surf, windsurf, mergulho e BTT.

Algumas povoações e sítios do parque têm grande interesse histórico e cultural, com diversos monumentos nacionais e imóveis classificados de interesse público, com especial destaque para a área de Sagres e Cabo de São Vicente.

Estatutos de conservação

Portugueses
Em 1988 foi criada a Área de Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (APPSACV).
Em 1995 a APPSACV deu lugar à criação do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), incluindo a área marinha adjacente.
em 1997 foi criado na área do PNSACV o Sítio Costa Sudoeste, proposto para Sítio de Interesse Comunitário da rede Natura 2000.
Em 1999 foi criada a Zona de Protecção Especial para Aves Selvagens Costa Sudoeste, fazendo parte da Rede Natura 2000.

Internacional



A reserva Ponta de Sagres faz parte da Rede de Reservas do Conselho da Europa; está integrada no Sítio e Zona de Protecção Especial Costa Sudoeste da Rede Natura 2000.

TEXTO IN " WIKIPÉDIA"

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