78 mil milhões de euros são
"largamente insuficientes"
O antigo ministro das Finanças, Silva Lopes, considerou hoje que Portugal é praticamente igual à Grécia e que o financiamento que Bruxelas e o Fundo Monetário Internacional darão a Portugal nos próximos três anos é "largamente insuficiente".
José Silva Lopes, que falava na conferência "E Depois da 'Troika'?", organizada pelo Instituto de Direito Econonómico Financeiro e Fiscal (IDEFF) e pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) a decorrer em Lisboa, destacou a situação grega como um dos maiores riscos para Portugal, e esbateu as diferenças entre Portugal e Grécia.
"Portugal é diferente da Grécia? Não é não. Só somos um bocadinho melhores que a Grécia nas finanças públicas. Não tenhamos dúvidas. Se acontecer alguma coisa na Grécia, nós somos logo a seguir", disse.
Silva Lopes disse ainda que, na sua opinião, os 78 mil milhões de euros que Bruxelas e o Fundo Monetário Internacional (FMI) acordaram emprestar a Portugal é "largamente insuficiente" e que "a União Europeia tem de arranjar novos esquemas para apoiar países, nomeadamente Portugal", caso contrário o problema só se vai agravar.
"Se a União Europeia não nos emprestar mais dinheiro, se continuar a acreditar que os mercados vão resolver o problema, estamos arrumados. Eu não acredito que os mercados resolvam o problema, pelo contrário, vão agravá-lo", acrescentou.
O antigo governante deixou fortes críticas à União Europeia, acusando-a de empurrar os problemas com a barriga e de falta de "vontade" de encontrar uma solução.
"A União Europeia até agora não tem estado a arranjar uma solução capaz, tem empurrado os problemas uns meses para a frente, e não mostra nenhuma vontade para o fazer", afirmou Silva Lopes, considerando mesmo como um dos maiores riscos para Portugal a falta de apoio da parte da União Europeia ao esforço realizado nos países em dificuldades, como Portugal.
O antigo ministro das Finanças sublinhou mesmo que "para que existam condições suficientes [para sair da crise] é necessário que a União Europeia arranje uma solução".
Silva Lopes defendeu ainda que Portugal tem, para já, de "cumprir o acordo com a 'troika', por muito duro que ele seja", que apesar de não garantir uma saída da crise, é uma "condição necessária".
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
05/07/11
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