Solidão.
Estudo conclui que divorciados
são quem mais sofre com este
"estado de alma"
O estado civil é a variável que melhor explica a solidão, sendo o grupo dos divorciados aquele que mais sofre com este "estado de alma", conclui um estudo realizado no Porto e hoje revelado à Lusa.
Realizado em 2010 no âmbito do Observatório da Solidão -- Obsolidão -, do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET), no Porto, este estudo teve como objetivo "estudar a solidão numa amostra de conveniência de sujeitos portugueses, tendo em vista a comparação dos valores obtidos entre sexo, idade, estado civil e habilitações literárias".
Em declarações à Lusa, Adalberto Dias de Carvalho, presidente do conselho técnico-científico do ISCET, afirmou que, apesar de estar muito ligada aos idosos, a solidão -- que é, mais do que uma situação objetiva, um estado de alma -- "atinge muitas outras pessoas e muitos níveis socioeconómicos, e isso é preciso não esquecer".
De acordo com o estudo, realizado no distrito do Porto junto de 217 pessoas, "os viúvos e divorciados são os sujeitos cuja solidão mais se faz notar" no que diz respeito às relações romântico-sexuais.
"Relativamente às relações com os amigos, a maior parte da amostra tem amizades seguras e satisfatórias, com quem podem contar", acrescenta o estudo, salientando, contudo, que, mais uma vez, "os viúvos e sobretudo os divorciados sentem-se mais sós no que diz respeito aos amigos".
Quanto às relações familiares, 80,2 por cento dos inquiridos consideram que é fácil exprimir sentimentos de afeto para com os membros da sua família, sendo, contudo, mais fácil para as mulheres exprimir esses mesmos sentimentos do que os homens.
Também cerca de 80 por cento dos inquiridos consideram que "nas suas famílias existem pessoas que os compreendem realmente", contudo, "os divorciados sentem-se significativamente mais incompreendidos que os solteiros, casados ou viúvos", refere o estudo.
Globalmente, conclui o trabalho, "os divorciados são os que se sentem mais sós, seguidos dos casados e, por fim, dos solteiros. Apenas o estado civil explica o valor encontrado em relação ao total da escala de solidão".
Para Adalberto Dias de Carvalho, resolver o problema da solidão implica que a sociedade civil se organize em comunidades solidárias.
Considerando que a solidão é principalmente associada à perda de laços e reconhecimento social, o responsável advertiu que "as cidades proporcionam uma proximidade quase promíscua, porém, é raramente acompanhada de proximidades pessoais".
"A solidão nos limiares da pessoa e da solidariedade: entre os laços e as fraturas sociais" é o tema do congresso internacional qie decorre no Porto entre os dias 18 e 20 de maio.
Promovido em conjunto pelo ISCET e pelo Gabinete de Filosofia da Educação do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, este congresso pretende "proporcionar uma partilha interdisciplinar de conhecimentos e reflexões a partir das problemáticas incontornáveis da sociedade contemporânea", como o são a solidão e a solidariedade.
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03/05/11
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