Sem desculpa
Por tudo isto, custa, e muito, assistir à loucura que foi o Congresso do PS: clientela perfilada em torno do chefe
Tendo como fonte uma prestigiada instituição universitária, foram recentemente publicitadas várias conclusões, de resto amplamente difundidas via internet, que não podem deixar de ser referidas e pensadas:
– A média de crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos; a dívida pública é a maior dos últimos 160 anos; a dívida externa é a maior dos últimos 120 anos; o desemprego é o maior dos últimos 80 anos; voltamos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência; Vivemos actualmente a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos.
O Ministro das Finanças reconhece que Portugal não tem financiamento depois de Maio. O FMI prevê uma recessão para 2011 e 2012. Assim, seremos o único país que não cresce. O recém--chegado FMI analisa agora as contas porque ninguém de facto as conhece: a nossa vida do dia-a-dia vai depender da situação real em que o País se encontra e que o Governo tanto se tem esforçado por esconder. Entretanto, Portugal é o terceiro país da OCDE com maior desemprego, mas o país da Europa onde mais horas se trabalha. Os Portugueses têm empenho, capacidade e engenho, mas estamos a iniciar o processo de apreciação do pedido de ajuda financeira nas condições descritas. Quem governa o País que assim se apresenta, quem levou à falência Portugal? É total o descaramento do homem que levou o País à total bancarrota. Por tudo isto, custa, e muito, em todo este contexto, assistir à loucura que foi o Congresso do PS: um luxo asiático de mudança de cenários, de sons... inquietante o grau de seguidismo, de unanimismo: uma clientela perfilada em torno do chefe, para além de os jornalistas não poderem filmar dentro do Congresso... sintomático.
Mas não há vitimização, não há encenação que esconda a realidade em que nos encontramos... Nem há culpados a procurar, eles são óbvios, estão aqui: o PS governa há 15 anos, Sócrates lidera o Governo há mais de seis anos. É ele e só ele. E sem desculpa, que aliás não pede. Também por isso, ouvir agora Teixeira dos Santos afirmar que Portugal tem vivido acima das suas possibilidades, quando é Ministro das Finanças, soa a escárnio. Teixeira dos Santos não é o mesmo Teixeira dos Santos... Ministro e das Finanças? É como Mário Soares manifestar reservas sobre a candidatura de Fernando Nobre à Presidência da Assembleia da República... mas não é o mesmo Mário Soares que viu com bom olhos a mesma candidatura à... Presidência da República? A nós resta-nos resistir e subsistir.
IN "CORREIO DA MANHÃ"
14/04/11
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