01/03/2011

JOANA AMARAL DIAS





Sim, discordo

Toda a gente sabe que o fogo se apaga com gasolina, as cheias resolvem-se com inundações e que a enxaqueca se cura batendo com a cabeça na parede. Pelo menos, sabe a maioria: PS e PSD. Soluções para o desemprego? O governo quer facilitar os despedimentos e reduzir indemnizações.

Já o PSD prefere contratos a prazo eternos, só de boca e que as entidades patronais sejam incentivadas a pagar abaixo do subsídio de desemprego. O PS diz que as propostas do PSD são um retrocesso. O PSD diz que o PS é retrógrado. O PSD pretende que a precariedade seja a regra. O PS quer que não seja excepção. O PS acha que despedir mais gera emprego. O PSD acha que despedir mais depressa estimula a economia. Confuso? É a lógica do Sr. Feliz e do Sr. Contente ou do Sr. Triste e do Sr. Infelizmente. É o prodígio de discordar com o outro constantemente, estando sempre de acordo. Ambos os partidos reduzem salários e prestações sociais, mas mantêm intactos os ordenados dos gestores públicos. Para o PS isso seria populismo. Já o PSD tem uma opinião completamente distinta: trata-se de demagogia. Taxar mais a banca? O PSD discorda. O PS concorda, só que não se mexe. Crise? A não ser que acredite que o melhor remédio para uma perna partida seja correr a maratona, este PS não é solução. E o PSD também não.

 DOCENTE UNIVERSITÁRIA


IN "CORREIO DA MANHÃ"
26/02/11

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