Sampaio Pimentel não poupa Cavaco
pela crise política do país
Fugiu ao guião das intervenções do congresso de Viseu. O ex-dirigente nacional e actual vereador da Câmara do Porto, Manuel Sampaio Pimentel, responsabilizou o Presidente da República pela “gravíssima crise política” que o país atravessa. E acusou Cavaco Silva de tentar “passar entre a chuva sem se molhar, apontando o dedo a outros sem qualquer acto de contrição”.
Uma crise política que tem responsáveis, responsáveis que têm nomes, nomes que têm de ser responsabilizados”, disse, numa intervenção esta noite no congresso do CDS, chamando à memória “aqueles que tendo tido as mais altas responsabilidades não resolveram os problemas” do país. “Sim, tenho de falar Cavaco Silva”, disse, lembrando que enquanto primeiro-ministro “derrotou a agricultura portuguesa com a PAC, ajudando à desertificação do interior; estabeleceu alterações ao Estatuto Remuneratório, dando à luz o monstro que cresceu imparável; ajudou à queda de um governo minoritário, propondo-se substituir a má pela boa moeda e, ironia das ironias, se vê agora na iminência de ter substituir, novamente, a moeda que ajudou a entrar em circulação”.
Afirmando que este tipo de “conduta afasta os portugueses da cidadania e coloca-nos um problema de representatividade”, Manuel Sampaio Pimentel não deixa, no entanto, Cavaco isolado nas críticas. “O outro grande responsável é sem dúvida nenhuma o PS que, nos últimos 16 anos governou, perto de 13, e particularmente, José Sócrates esteve na totalidade dos governos socialistas, sendo primeiro-ministro há seis anos”, declarou, sem isentar PSD e o próprio CDS de algumas falhas.
Para Sampaio Pimentel, foi com José Sócrates que “floresceu o aparelho de Estado, aumentou a despesa pública e aumentou o endividamento nacional; com José Sócrates aumentou o desemprego quando havia prometido reduzi-lo; com José Sócrates retirou-se dinheiro da economia, das empresas e das pessoas, aumentando impostos, prometidos serem reduzidos”.
Feito o diagnóstico, onde salientou que sem dinheiro na economia, a receita tenderá a descer, dando lugar a falências e a desemprego, o autarca questiona o contributo que o CDS pode dar a esta situação perante a iminência de uma crise política. “A situação do país exige um esforço de consensualização em áreas tão sensíveis como as finanças, a justiça, a fiscalidade e a educação. Pelo menos nestas áreas, seria um crime de lesa-pátria não haver disponibilidade por parte de todos os partidos do arco da governabilidade para a obtenção de um acordo que promova as reformas necessárias”, defende.
Mas Sampaio Pimentel adverte que uma coligação pré-eleitoral com o PSD traria “um perigo” para o CDS: “o de nos coligarmos com um partido que tem sido conivente com o Governo nas medidas mais gravosas que têm sido tomadas no último ano e meio”.
IN "PÚBLICO"
19/03/11
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