19/01/2011

PEDRO MARQUES LOPES

PEDRO MARQUES LOPES

Pirro e o bode

O economista Paul Krugman tem razão quando escreve no seu blog que não é preciso dizer muito mais sobre a situação europeia quando a venda da dívida portuguesa a dez anos a uma taxa de 6,7% é considerada um sucesso.
Em termos muito simples, e não esquecendo a sempre não linear semelhança entre a vida das empresas ou cidadãos com a do Estado, a situação podia ser resumida da seguinte forma.
Um cidadão precisa que lhe emprestem dinheiro para sobreviver. Há um ano pagava 4,8% de juros, hoje tem de pagar 6,7%. As suas perspectivas de ganhar mais dinheiro na sua actividade são praticamente nulas, pior, o mais certo é que traga menos dinheiro para casa.
Podia ser pior? Podia. Em vez de pagar 6,7% podia ter de pagar 7% ou 8%, mas a única coisa que mudava era o número de meses ou anos em que inevitavelmente ia deixar de pagar, sequer, os juros do empréstimo.
De facto, a variável crucial nesta situação é o tempo. Se não conseguimos rentabilizar o dinheiro que nos emprestam, de forma a que produzamos mais do que nos deram para a mão mais os juros, a única dúvida será a data em que entregamos a alma ao criador, melhor, ao credor. 

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
16/01/11

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