Paralisia não trava sonho
Foi em Maio de 2006 que o treinador Ivo Quendera lhe apresentou a canoagem. A falta de controlo do corpo não impede a actividade. Antes pelo contrário. Ajuda a atleta de 39 anos a ter mais equilíbrio. As incapacidades motoras diminuíram ao ponto de começar a andar e a comer sozinha. "A minha maior barreira é a fala e agora já consigo falar melhor", diz, radiante, Carla Ferreira, que só por precaução ainda não dispensou o andarilho.
A canoagem impulsionou até uma transformação pessoal. "Eu fechava-me muito. Tinha vergonha de ir para a rua e ver outras pessoas. Tinha medo de sair de casa", confessou ao JN, considerando ser agora uma pessoa mais sociável.
A medalha de campeã nacional é exibida com orgulho. Contudo, é do campeonato do Mundo, que decorreu na Polónia, que Carla mais fala, mas com mágoa por ter sido obrigada a aventurar-se sozinha. Alcançou o sexto lugar e bateu o seu melhor tempo, mesmo sem o apoio do treinador.
A atleta, que semanalmente treina natação e marcha, sonha agora com a participação ainda em aberto nos Jogos Paralímpicos Londres 2012. "Se para o ano não tiver apoio, se o Ivo, que é o meu treinador, não me acompanhar, vou desistir da competição", frisa, garantindo porém que não vai parar. "Eu nunca estou cansada. Vou continuar na canoagem, na natação e no mergulho, porque o mar para mim é tudo", enaltece, frisando que é dentro de água que menos sente problemas de mobilidade.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
16/11/10
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