"Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem"
Os créditos da ironia deste título são de Sophia de Mello Breyner Andresen ("As pessoas sensíveis", in Livro Sexto). É que a cada dia que passa fica provado que nem PS nem PSD sabem o que andam a fazer. Excepto uma coisa: andam a jogar com a vida de milhões de portugueses com um claro objectivo: Poder. O que, mais do que irresponsável, é perverso.
José Sócrates está convicto: não governa com um orçamento que não seja o seu, nomeadamente que não contemple subida de impostos e corte de salários na Função Pública. Demite-se.
Pedro Passos Coelho está convicto: não aceita um orçamento que aumente a carga fiscal. E se o Governo bater com a porta, não está disposto a apanhar os cacos. Dito isto, tudo leva, então, a crer que vamos a votos. Eles irão, é certo, e nós, portugueses, ficamos a apanhar os cacos.
Se tivesse maioria, Sócrates poderia ter todas as convicções do Mundo. Mas está em minoria e aceitou governar nessa condição. Ao aceitar, sabia que cedência e negociação seriam palavras-chave do seu mandato.
A liberdade é um dos pilares fundamentais da democracia. Mas também o é o interesse nacional. Enquanto líder da Oposição, Pedro Passos Coelho tem toda a liberdade para não aceitar as "ameaças" do Governo. Mas tem de sair em defesa do interesse nacional.
E interessa a alguém que o país fique mais de um ano em coma induzido, à espera de eleições? A viver em duodécimos, tornando-se presa ainda mais fácil das agências de rating e dos investidores internacionais que engordam as suas contas bancárias à custa da nossa dívida? A perder a face perante a "fraterna" Europa?
E, nós, portugueses? Alguém se lembra de nós? Acham mesmo que vamos ter paciência para campanhas eleitorais, lavagens de roupa suja em praça pública e promessas que depois não se concretizam? Não, nós, portugueses, vamos andar de ábaco a fazer contas de dividir e, com sorte, de subtrair.
Como escrevera Sophia no mesmo poema: "'Ganharás o pão com o suor do teu rosto'/ Assim nos foi imposto/E não:/ 'Com o suor dos outros ganharás o pão.'". Triste realidade a nossa.
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