Um jogo perigoso
O folhetim sobre o próximo Orçamento do Estado está a transformar-se num jogo muito perigoso. Portugal corre o risco de ser palco da demonstração prática da Lei de Murphy, que diz que se algo puder correr mal, certamente que correrá mal. E há muita coisa em causa que pode correr mal. A percepção de risco do País já está a correr muito mal.
Portugal e Irlanda são apontados como os doentes do euro e pagam prémios de risco que quase triplicam os juros pagos pelas obrigações alemãs. Mas as coisas podem ainda piorar. E pior do que os elevados juros a longo prazo, que já são superiores aos que a Grécia paga ao abrigo do plano de resgate europeu, é a possibilidade de o País não conseguir dinheiro emprestado. Se Portugal não der sinais de confiança aos mercados externos, as empresas não vão conseguir crédito, e as famílias que até há pouco tempo conseguiam crédito à habitação com spreads inferiores a 1% sobre a Euribor só conseguirão empréstimos a taxas que não ficarão longe de 10%.
Sem confiança nem investimento, haverá ainda mais desemprego. O mercado imobiliário que agora se diz que está em crise pode mesmo entrar em colapso com a subida dos juros para os novos empréstimos. E o valor das casas também cairá a pique. Se houver responsabilidade política, é possível evitar o caos. Mas será que alguém quer mesmo ver a aplicação da Lei de Murphy à escala de um país?
Directo adjunto
IN "CORREIO DA MANHÃ"
27/09/10
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