a semana por...
Passos Coelho, o PSD e o futuro
Segunda-feira
Em 2005, num artigo na revista Sábado, escrevi que Passos Coelho, saído de baixo do jugo de Marques Mendes, se andava a preparar meticulosamente para um dia ser presidente do PSD. Uma preparação que passava por visitas amiúde e os jantares da praxe com as distritais e as bases. Valeu-me um desmentido categórico e a certeza de que o elogio confundido com crítica tocara no ponto: estava na forja um novo e ambicioso líder de um dos dois partidos do arco do poder. Cinco anos depois, os portugueses vêem em Passos uma alternativa válida e credível para primeiro-ministro, como as últimas sondagens deixam claro. É óbvio que há uma saturação visível da actual governação socrática, mas a caminhada de Passos deu-lhe a preparação e a credibilidade que os eleitores nunca viram em Ferreira Leite. Só que há muito mais a clarificar para que Passos Coelho não se torne apenas na versão ligeiramente mais à direita de José Sócrates. Neste reposicionamento do PSD que a actual direcção está a fazer, não basta a coligação anunciada com o CDS-PP para que o País reconheça que finalmente há um grande partido de direita em Portugal. É preciso ter coragem para não temer decisões impopulares e com consequências eleitorais. É preciso deixar o cálculo político e mostrar sentido de Estado. É preciso dizer, de uma vez por todas e sem receios e recuos, o que o PSD quer mesmo escrito na Constituição em relação à liberalização dos despedimentos e aos sistemas, agora tendencialmente gratuitos, da saúde e da educação. Essas, sim, são mudanças estruturais. As outras são decisões avulsas, de ciclo eleitoral, a que os portugueses estão mais que habituados. E fartos.
Terça-feira
Selecção, Queiroz e o Mundial
Portugal saiu do Mundial de futebol cumprindo os objectivos desportivos mínimos. Mas deixando também a nu todas as suas fragilidades. É uma equipa cujo futebol não encanta, que nunca arrisca, que não consegue potenciar o seu principal e mais criativo jogador, que dificilmente pode voltar a sonhar com um título europeu que esteve tão próximo em 2004, quanto mais com um mundial quando, seis anos depois, a equipa é bem pior. Há responsabilidade de alguns jogadores, uns por falta de dimensão, que nunca tiveram, outros por falta de pernas, que já perderam, outros vítimas de opções erradas ou de pura imaturidade. Mas o seu maior problema é a falta de liderança. Carlos Queiroz até pode ser um bom director técnico, um número dois, papel que teve em Manchester. Mas não é um bom treinador de banco (alguma vez foi?), não é um líder. Errou nas escolhas iniciais, errou nas estra-tégias, errou nas opções de jogo, errou nas palavras, nos recados e ao não assumir sozinho a culpa. É um erro. Cujas possibilidades de emenda nos próximos dois anos representam um buraco financeiro para a FPF. E que podem custar ainda o divórcio do País em relação à selecção.
Quarta-feira
Sócrates, a PT e Ricardo Salgado
in "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
03/07/10
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