Às cábulas tradicionais vieram entretanto juntar-se métodos mais sofisticados, partilhados na internet.
Perceber qual é a verdadeira dimensão do 'copianço' nas escolas portuguesas era o objectivo do professor Ivo Domingues que foi surpreendido por uma realidade assustadora: “No ensino superior a predisposição para copiar é quase universal”.
O estudo realizado em 2006 veio revelar que três em cada quatro estudantes universitários copiam. “E fazem-no em qualquer disciplina, desde que precisem e possam”, sublinha o sociólogo.
A investigação demonstrou ainda que existe uma espécie de “carreira escolar” no mundo da cábula: “90 por cento dos que diziam copiar já o faziam anteriormente” e alguns tinham começado “logo na primária”.
Se cabular é um hábito generalizado, rapazes e raparigas distinguem-se na hora de definir uma técnica: as alunas têm mais tendência para trocar informações entre si, “de forma mais solidária”, enquanto eles o fazem “de modo mais autónomo” e de modo cada vez mais sofisticado, com as novas tecnologias.
O refinamento da arte de copiar está já um site anónimo de Braga que vende um “kit de espionagem adaptado para copiar nos exames” por 300 euros e no youtube surgem vídeos com técnicas sofisticadas.
Mais do que tentar perceber por que os professores não actuam mais é preocupante saber que entre os estudantes existe uma espécie de “código de conduta” cujo primado é a sobrevivência com base na mentira.
Este comportamento é mentiroso para o futuro de quem tenta enganar o professor e se esquece que, em primeiro lugar e em toda a linha, está a mentir e a enganar-se a si próprio.
Depois, uma mentira — que é sempre um sinal de fraqueza e neste caso um sintoma de ignorância — vem no encalço da outra, quem faz uma faz um cento e é isso que traz felicidade a três em cada quatro pessoas.
"CORREIO DO MINHO"
17/06/10
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