Soberania? Ficamos melhor sem ela |
O FMI já cá esteve duas vezes: em 78-79 e 83-85. Das duas estivemos a semanas de ficar sem divisas para pagar importações de produtos básicos. E das duas recuperámos em tempo recorde. A tal ponto que o FMI passou a citar Portugal como...
O FMI já cá esteve duas vezes: em 78-79 e 83-85. Das duas estivemos a semanas de ficar sem divisas para pagar importações de produtos… básicos. E das duas recuperámos em tempo recorde. A tal ponto que o FMI passou a citar Portugal como case-study.
Na crise actual, que em termos de gravidade se compara às duas primeiras, o FMI foi substituído pelo "Directório" da União Europeia (Merkel e Sarkozy). Foi esse Directório que "convenceu" o Governo a tomar medidas urgentes e difíceis para reduzir o défice orçamental.
Há uma lição a tirar da forma como o país saiu (sai, no caso actual) destas crises: em todas a receita para curar as maleitas foi imposta do exterior. Por outras palavras, é razoável concluir que nenhuma solução de governo em Portugal consegue aplicar as políticas macroeconómicas (identificadas pelos economistas nacionais…) de que o país precisa para sair das crises. Seja lá porque for: eleitoralismo, maioria relativa, pressão dos grupos de interesses…
É por isso que a decisão do "Directório", de avalizar os orçamentos dos países que fazem parte do Euro antes de entrarem em vigor, é a melhor coisa que nos podia acontecer. Se não somos capazes de tomar conta de nós próprios, com o risco de prejudicarmos a vida dos outros (um disparate orçamental nosso prejudica quem connosco partilha o Euro), então que sejamos governados a partir do exterior.
P.S. - A Saldanha Sanches devo o que sei de Finanças Públicas. A ele devo-lhe o ser jornalista (coisa que ele nunca deixou de ser). É por isso que só me posso despedir dele com um "Até qualquer dia"
in "JORNAL DE NEGÓCIOS"
17/05/10
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