Submarino ao fundo
É obsceno que o Portugal em crise, no qual escasseia dinheiro para o essencial, desbarate mil milhões para comprar dois submarinos. Cuja utilidade é tão duvidosa quanto os contornos do negócio. E são inaceitáveis as justificações de Durão e Portas. O primeiro desresponsabilizou-se. Terá presidido ao conselho de ministros que adjudicou os submersíveis com a mesma atenção que devotou às provas das armas de destruição em massa no Iraque. Já Portas passou a bola para o governo anterior. Um clássico.
Névoa foi condenado a pagar cinco mil euros por tentar corromper José Sá Fernandes. Ricardo Sá Fernandes foi condenado a dez mil euros por chamar vigarista a Névoa. Assim vão os casos de corrupção nacionais. Quando o peixe for graúdo, e sempre que se justifique, não será mesmo necessária a justiça de outros países?
Visto que negociatas como a dos sobreiros são raspas comparadas com as deste equipamento militar, e considerando que a investigação alemã não é propriamente uma piada como a nossa constantemente parece (é), a coisa promete. Talvez não se descubra apenas luvas mas todo um guarda--roupa. Pode ser que deste modo, enquanto os submarinos se afundam, a verdade venha, finalmente, à tona. E seja a bóia da nossa democracia.
Joana Amaral Dias
Docente Universitária
in"CORREIO DA MANHÃ
03/04/10
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