07/04/2010

FERNANDO SOBRAL





Submarino ao fundo!


Os submarinos andam pelo fundo do mar. São quase invisíveis. Quando a democracia se comporta como os submarinos, deixa de ser visível para os cidadãos. Por isso, a questão dos submarinos não pode ser vista através de um periscópio. Esta não é uma...

Os submarinos andam pelo fundo do mar. São quase invisíveis. Quando a democracia se comporta como os submarinos, deixa de ser visível para os cidadãos. Por isso, a questão dos submarinos não pode ser vista através de um periscópio. Esta não é uma batalha naval. É um combate político. Até porque os submarinos se tornaram o elo de ligação dos falidos países do Sul à poderosa Alemanha. Há dias, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, ordenou a aquisição de um submarino alemão, que tinha sido recusado pela marinha grega em 2006. E ao mesmo tempo acordou a compra de mais dois submergíveis. Três era também o número inicial de submarinos que Portugal iria adquirir a uma empresa alemã. Parece que, no mundo das transparências orçamentais, os submarinos são uma moeda mais forte que o euro. O submarino tornou-se a política de águas profundas que move a democracia europeia. As 20 mil léguas submarinas de Júlio Verne transformaram-se nos milhões de euros submarinos dos alemães. Tudo, nestes negócios, é feito debaixo de água e deixa ferrugenta a nossa democracia. Esta é a Zona Euro onde os alemães vendem e os países do Sul se vendem por alguns trocos. Em Portugal, os submarinos são apenas a última trapalhada na longa lista de casos que vão ficando esquecidos nos meandros da justiça. Como cantavam os Beatles em "Yellow Submarine": "We all live in a yellow submarine/yellow submarine, yellow submarine/And our friends are all abord/Many more of them live next door." Ninguém duvida de que o mundo dos submarinos é uma verdadeira fraternidade.

in "JORNAL DE NEGÓCIOS" 05/04/10

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