28/03/2010

CARLOS DA MAIA


Carlos da Maia é um dos personagens principais do romance Os Maias, de Eça de Queirós. Amante da ciência e das mulheres. Diletante, visto que exerce sua profissão pelo prazer e não por obrigação.

É filho de Pedro da Maia e Maria Monforte, mas nunca teve contacto com os pais, excepto quando era ainda muito criança. É a personagem principal da obra. Muitos consideram até Os Maias um romance de personagem, centrado precisamente em Carlos da Maia. Depois da fuga de sua mãe, Maria Monforte, com outro homem, e do suícidio do pai, que não aguentou a traição, ficou entregue ao cuidados do avô, que representará para ele o pai, a mãe, o avô. Afonso da Maia dar-lhe-á a educação que não pôde dar ao filho Pedro - educado segundo cânones tradicionais portugueses, por insistência de uma mãe ultra-católica -, já na quinta do Douro, Santa Olávia, onde se refugiou com o neto, deixando ao abandono o Ramalhete. Assim, educado à maneira inglesa, com normas rígidas, intensa actividade física, sem os tradicionalismos da "cartilha" católica (que atormentara seu pai e o pobre Eusebiozinho, representantes da educação portuguesa), Carlos vai-se tornar num belo homem, física e intelectualmente. Forma-se em Medicina, em Coimbra, onde conhece João da Ega, seu grande amigo. A casa que o avô lhe alugara em Celas, torna-se centro da vida boémia estudantil, onde se discute arte, política, filosofia, o que faz de Carlos muito popular entre os colegas. Depois de formado, viaja pela Europa e conhece o que de melhor há no velho Continente. Torna-se um diletante. Volta a Lisboa e arrasta consigo Afonso da Maia para o Ramalhete. Trabalha por prazer, abre um consultório, monta um laboratório e enche-se de projectos que nunca chega a cumprir, disperso na vida boémia da capital, entre mulheres, amigos e aventuras. Mantem uma relação adúltera com a Condessa de Gouvarinho, até que conhece Maria Eduarda - que na verdade é sua irmã - por quem se apaixona. Desconhecedores do laço de sangue que os une, tornam-se amantes e decidem fugir, até que Carlos toma conhecimento do terrível desfecho da sua história, ao receber uma carta do Sr. Guimarães. Descoberto o segredo, Carlos Eduardo vê-se ensombrado com a morte do avô e torna-se um fracassado da vida. Assim, jovem, bonito, inteligente, cobiçado e culto, com tudo para se tornar um vencedor, Carlos Eduardo da Maia é destinado, tal como o seu pai, Pedro, a fracassar.

Carlos da Maia, fisicamente era um belo e magnífico rapaz, alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados e uma barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca; psicologicamente era culto, bem-educado, de gostos requintados. É corajoso e frontal, amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério e de o concretizar). Contudo apesar da sua educação, Carlos fracassou, não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.

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