ESCLARECENDO
A GRIPE XXXVIII)
20/10/2009
UMA FREIRA ALDRABONA
Tenho muito que fazer e vou deixando para trás coisas até importantes, como, nesta situação de gripe, desmontar a incrível campanha de desinformação que por aí anda. Uma das peças a que se tem dado mais credibilidade é a entrevista com a freira Teresa Forcades (TF), depois da fácil denúncia de fraude de um tal "Dr" Horowitz, da óbvia paranoia da jornalista Jane Bürgermeister que invoca uma pretensa qualidade de jornalista da Nature, do caso triste de sequelas mentais de um acidente sofrido por uma "ministra da saúde" finlandesa que nunca o foi e que sabe de gripe o que lhe dizem os seus contactos extra-terrestres.
A freira é mais perigosa. Invocando um doutoramento em saúde pública, falando calmamente num cenário religioso, descrevendo casos aparentemente convincentes, elaborando um longo discurso articulado, pode parecer credível. Começo pela duração do vídeo. Duvido de que a grande maioria dos que andam a divulgá-lo tenham visto quase uma hora de filme. Por isto, também eu só agora escrevo sobre isto. No entanto, isto não impede que dezenas de milhar de pessoas o andem a difundir, com um "sound bite" este sim eficaz: "agora não é qualquer aldrabão, é uma freira doutorada em saúde pública. Vejam!" Claro que ninguém vai ver, mas passa-se a mensagem.
Comecemos por esse doutoramento. Pesquisei ao máximo e não o encontro.
TF é médica e foi interna de medicina geral em Nova Iorque. A partir daí, a sua intervenção é quase exclusivamente religiosa, embora se encontrem dela declarações médico-religiosas, principalmente sobre o aborto, com o cariz que se imagina.
Uma doutorada tem obrigatoriamente publicações científicas. Fui pesquisar, coisa muito simples (Medline). Tem uma, numa revista obscura, sobre… homeopatia! Numa lista de teses de medicina, vejo que a sua é sobre o impacto das medicinas alternativas nos estudantes de medicina. Doutorada em saúde pública?! Mas admito que os simples factos curriculares, justificativos de descredibilização pessoal, não são suficientes para levar à certeza de que as posições e afirmações são falsas. Ao fim de penosa visão do vídeo, recolhi tão extensa lista de coisas já ditas e reditas no quadro da teoria da conspiração sobre a gripe que já cansa: a célebre vacina contaminada com a gripe aviária H5N1, coisa de que não há a mínima prova (Goebbels sabia bem que uma mentira dita muitas vezes é uma verdade); os crimes das grandes companhias farmacêuticas com Rumsfeld a pontificar; a insinuação clara de que falhou o plano tenebroso (trilateral?) de criar um vírus que mataria dois terços da humanidade e agora há que fazer o mesmo com uma vacina; o risco do sindroma de Guillain-Barré, sobre o qual já aqui escrevi; e não podia faltar o que até muitos médicos portugueses estão a agitar, o perigo do adjuvante baseado no esqualeno. Os adjuvantes são usados desde há muito tempo em vacinas sem que alguém conheça efeitos secundários demonstrados, para além de pequenas reacções inflamatórias locais, e todos os estudos feitos até agora sobre o esqualeno parecem demonstrar a sua inocuidade.
Do que mais gostei foi do rabo de fora do gato escondido. A certa altura, diz a "doutora" que tudo isto é uma fraude, porque "uma pandemia tem de ter uma grande mortalidade e esta não tem". Nenhum meu aluno de virologia diz tal asneira sem chumbar, muito menos uma doutorada em saúde pública. Pandemia só tem a ver com disseminação da doença por todo o globo, não tem nada a ver com gravidade clínica ou mortalidade. Vão por mim, leitores de outras profissões. Isto não é betão, porque só vejo cimento à superfície e não vejo ferro. Inventei um motor que não precisa de fornecimento de energia. A Ursa maior é plana, com estrelas todas à mesma distância da Terra. Está provado que a papisa Joana existiu e não há dúvidas de que Colombo era primo de D.João II, filho do infante D. Fernando e de uma filha de Zarco. Foi Marlowe que escreveu toda a obra de um imaginário Shakespeare. Não estão habituados a tudo isto? Peço que acreditem que a tal afirmação da freira tem equivalente rigor científico.
Também fiquei curioso acerca da criação deste vídeo, por qualquer pessoa ou organização chamada Alish. Vendo melhor, é, mais uma vez, já cansa, uma "jornalista independente" espanhola, que publica num "site" chamado "Time for truth". Vejam, se não tiverem nada mais importante para fazer. Há o que já se espera: textos sobre hipatias (alguém ainda vai nesta?) e, obviamente, a sua certeza em relação aos extra-terrestres. Lá me lembrei outra vez da "ministra" finlandesa e do seu conhecimento revelado por outros galácticos. Não há nada de novo sob o sol!
Acho que já chega de cera gasta com tão ruim defunto.
P. S. - À margem. Porquê o sucesso de tantas teorias da conspiração?
Não é só a gripe. Na medicina, e em coisa com que lidei bastante, há alguns anos, também as fantasias mirabolantes sobre a doença das vacas loucas. As campanhas contra a vacinação também não são só quanto à gripe, há todo um movimento, principalmente americano, contra qualquer vacina, como as Testemunhas de Jeová a recusarem as transfusões de sangue. E o assassínio de JFK, a fraude da ida à Lua dos americanos, a destruição das torres de Nova Iorque programada pela CIA ou não sei bem quem, a falsificação da nacionalidade americana de Obama, etc. O que é que se passa nas nossas sociedades, na nossa cultura, na nossa comunicação social (em sentido amplo, incluindo a net e a blogosfera) que permite tão facilmente este tipo de coisas, mitos assumidos tão convictamente como a religião de seitas? Merece reflexão.
A gripe (XXXVII)
07/10/2009
O BASTONÁRIO IMPRUDENTE OU MAL AVISADO?
O Dr. Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, criticou, em conferência de imprensa, o "excesso de alarme e zelo" na resposta à gripe A H1N1. "Não passa de uma gripe, uma doença banal, pouco letal (…) isto é uma doença banalíssima e não é preciso andarmos todos assustados". Quanto a não andarmos assustados, de acordo. Lembro o lema que adoptei desde o princípio desta gripe: "não há razão para alarme, há razão para preocupação informada". Tudo o resto dito pelo bastonário merece algumas observações.
Um bastonário não é qualquer pessoa, representa toda uma profissão essencial em relação a este assunto (embora com membros seus a dizerem muitos dislates) e vem legitimar uma corrente de opinião muito forte que está a menorizar a pandemia de gripe. Já não se trata de pessoas com comportamentos primários, como se viu ao princípio, agora são frequentemente pessoas educadas. Até Vital Moreira, no seu blogue, veio hoje apoiar o bastonário, com a sua autoridade jurídica (ou política?).
O Dr. Pedro Nunes é oftalmologista, deve ser pouco versado em virologia ou infecciologia. Por isto, presumo que tenha pedido conselho a colegas especialistas, nos órgãos da Ordem. Se não o fez, foi imprudente. Se o fez, foi mal aconselhado. Muitos clínicos, e parece-me ser este o caso, não compreendem a diferença de raciocínio para a saúde pública. Os clínicos lidam com doentes, com indivíduos, pensam em termos da gravidade do caso clínico. A saúde pública lida com grandes números, também com impactos económicos e sociais. Neste caso, para os clínicos, a gripe é aquela mão cheia de doentes que vão ver, felizmente com quadros clínicos geralmente benignos. Para um epidemiologista ou um decisor de saúde pública, esta gripe são dois ou três milhões de infectados. Para um virologista, esta gripe é jogo de escondidas com um vírus traiçoeiro, que de repente (esperemos que não) se pode mostrar não tão amigável.Custa-me ver que a maior figura da classe médica não saiba ver uma coisa elementar: as consequências globais - incluindo as sociais - de duas doenças (no caso, duas variantes da gripe, a pandémica e a sazonal) com a mesma gravidade clínica individual e a mesma taxa de mortalidade são completamente diferentes, em grandes números, consoante o número de casos e a "taxa de disseminação" da doença. Numa gripe sazonal podemos ter à volta de 1000 mortes, na pandémica podemos ter 10.000. Isto é o mesmo para o bastonário?
Por outro lado, o Dr. Pedro Nunes afirma concordar com o nosso plano de vacinação, independentemente de já ser muito significativa a percentagem de médicos que, emocionalmente, declaram não quererem ser vacinados. Não percebo esta incongruência na posição do bastonário.Então uma doença banalíssima justifica o gasto enorme de 3 milhões de doses de vacina, na situação de constrangimento financeiro do SNS? E justifica que grávidas sem patologias especiais - mas internacionalmente consideradas como grupo de risco - fiquem para trás, em prioridade, em relação a médicos? Que médicos, os que vão tratar, segundo o bastonário, uma doença banalíssima, provavelmente, a seu ver, quase uma constipação a tratar com cama e chá quente?
P. S. - Eu até acho que pode haver razões para se esperar uma grande vaga epidémica de inverno da A(H1N1)/2009 menos extensa e com menores efeitos do que se temia. Mas isto é coisa que me anima por razões estritamente científicas, não por argumentos destes à bastonário (e de muito mais gente). Como não quero misturar as coisas, escreverei sobre essas expectativas num dos próximos dias.
A gripe (XXXVI)
02/10/2009
PREOCUPADO COM O PLANO DE VACINAÇÃO
Foi hoje anunciado o plano de vacinação para a gripe pandémica. Há muito a dizer e, pela minha parte, nem sempre com concordância. Para começar, é justo lembrar que o ministério não tem poderes absolutos e que, neste caso, está sujeito à constrição enorme de o fornecimento de vacinas ser muito restrito, por razões técnicas e pelo calendário dos procedimentos de garantia de segurança.Quando se pensava que, em Outubro, já estaríamos fornecidos cabalmente, vamos ter apenas vacina para 49.000 pessoas, um número ridículo, para efeitos práticos o mesmo que nada. Das três milhões de doses contratadas (simples ou duplas, não percebi? Para três milhões de pessoas ou para milhão e meio?), teremos só um milhão até ao fim do ano e o resto só em Janeiro. O que é que isto significa?
A pandemia vai declinar a seu tempo. Esperemos que seja, segundo as lições da história, algum tempo depois da época sazonal da grande vaga epidémica, portanto lá por Março ou Abril, sem que se possa excluir uma outra vaga no ano seguinte. Porque declina? Porque, como na agricultura, o terreno se esgota, deixa de haver o número suficiente de pessoas ainda susceptíveis que possibilitem ao vírus a mesma probabilidade de infectar pessoas que tinha antes. Esta diminuição da população susceptível tem sempre como causa a imunidade, mas por duas formas: ou por vacinação ou por imunidade daqueles que já tiveram entretanto a doença. Claro que também por morte, infelizmente, mas em pequena percentagem.
Então, quantas pessoas imunizadas são necessárias para que a epidemia se extinga? Não é possível um cálculo exacto mas pode-se admitir que, entre vacinados e doentes, cerca de 70% da população, segundo modelos científicos mas, de facto, de acordo com as pandemias anteriores, cerca de 50% (casos de doença e infecções sem sintomas clínicos). Assim, é óbvio que a nossa disponibilidade de vacinas não vai permitir um controlo significativo da epidemia em Portugal. Tudo indica que a grande vaga ocorra no fim deste mês ou em Novembro, quando só teremos meio milhão de pessoas vacinadas (metade do tal milhão até ao fim do ano), 5% da população. Como factor de controlo epidemiológico, é nada.
Dito em linguagem de andaime, o vírus vai-se borrifar para esses tiros de pólvora seca que vão ser este arremedo de vacinação (novamente, é justo dizer, sem que o ministério pudesse arranjar munições a sério).Quer isto dizer que a vacinação de que vamos dispor, com essas limitações que, repito, são técnicas, de disponibilidade da oferta, é supérflua? De forma alguma, porque, sem ter grande efeito na morbilidade geral, pode diminuir grandemente os efeitos individuais da doença, em termos de grupos de risco, dos quais se deduzem os grupos prioritários de vacinação. Falo, em especial, da mortalidade.É quanto a isto que, com todo o respeito pelos meus colegas que tão empenhados têm estado na vigilância desta pandemia, tenho algumas dúvidas quanto a este plano de vacinação.
Vou dar de barato que a ordem por que aparecem os grupos a vacinar, no portal da saúde, é arbitrária. Quanto a grávidas, primeira prioridade em todas as recomendações internacionais, escolhem-se apenas, em primeira fase, as que têm patologias graves associadas. Ora o que se sabe é que a gravidez, por si só, é suficiente risco para justificar a primeira prioridade na vacinação, com ou sem patologias associadas.Não conheço dados que demonstrem que há um risco significativamente diferente entre grávidas em geral e grávidas especiais, até porque este grupo é reduzido. Assim, quem é prioritário? Todas as outras grávidas, "normais", ou o segundo grupo prioritário (sigo a ordenação do CDC americano), o pessoal de saúde? Este é importante, mas o seu problema pode ser atenuado por medidas de reserva de pessoal a contratar ou por planos de rotação de pessoal, com uma reserva de emergência, como vão ter de fazer os polícias, os bombeiros ou as forças armadas. E isto sem ter em conta o provável facilitismo dos estabelecimentos de saúde, com listas de prioridades em que cabe tudo, até a telefonista.
Também não vejo qualquer referência a um grande foco de disseminação da doença, a população escolar ou às pessoas próximas das crianças que não serão vacinadas, com menos de seis meses de idade. Em contrapartida, e é o que mais me preocupa, há referência destacada a um grupo prioritário que é inovação nossa, os profissionais de sectores considerados essenciais ao normal funcionamento da sociedade.
Quantos são, numa situação de escassez do mercado de vacinas? Quais são esses sectores? A vacinação é essencial ou pode ser compensada por outras medidas dos planos de contingência? E, acima de tudo, qual é o controlo sobre a razoabilidade e rigor das listas de pessoal que vão ser fornecidas pelas empresas, as mesmas empresas que, sabe-se, têm muitas vezes planos de contingência primários, quando os têm? Quantos motoristas, empregadas de limpeza, compadres e comadres da empregada doméstica do administrador ou da tia de província da secretária simpática do dito vão aparecer?
Ainda um pormenor técnico, mas importante numa situação de disponibilidade muito limitada de vacina. Diz o MS que, numa segunda fase, haverá um grupo a considerar de "pessoas com doença crónica, doença cardíaca, respiratória, imunodeprimidos, obesidade, diabetes, etc." (obesidade de que grau? mais de metade dos portugueses se podem ter como obesos; e diabetes controlada como a minha ou descompensada e grave) mas não se diferenciam duas situações claramente distintas em relação a esta gripe pandémica: a dessas pessoas em idade jovem ou adulta e as pessoas idosas nessas situações, que, diferentemente da gripe sazonal, parecem ter muito menor risco.
Finalmente, as coisas práticas. É óbvio para quem conhece os nossos centros de saúde que vão entrar em rotura com este rastreio de candidatos à vacinação, que vão ser aos milhões. Principalmente quando o bem é escasso, toda a gente o tenta obter, muito mais se é gratuito.Por isto, é compreensível, mas só teoricamente!, que o MS admita a indicação vacinal por declaração sob compromisso de honra de um médico privado. Preciso de dizer alguma coisa sobre isto? Ou não ando neste mundo, mais concretamente neste jardim à beira mar de "brandos costumes"?
Quanto à prioridade de vacinação dos titulares dos órgãos de soberania, deixo os comentários para os blogues de humor político!
A GRIPE (XXXV)
14/09/2009
MALEFÍCIOS DA NET
Continua a desinformação malévola, criminosa, na net. Com todas as virtudes que não podemos dispensar, com a enorme capacidade de informação que nos propicia, a net tem a outra face da medalha, a da amplificação com poder nunca visto da manipulação, do obscurantismo, de coisas objectivamente criminosas, uma versão moderna da alienação orwelliana ou mesmo fascista. Mas isto parece mostrar que há uma tendência natural para o pobre humano ser enganado. Se a net serve muito para isto, também é verdade que pessoas com um mínimo de espírito crítico e de preocupação com a verdade podiam encontrar hoje na própria net, por si próprias, a desmontagem de toda a desinformação. Propositadamente, tudo o que vou escrever nesta nota confirmei, por simples pesquisa no Google, que são informações facilmente encontráveis na net. As pessoas são é preguiçosas, dá menos trabalho carregar no botão de forward, sem um mínimo de reflexão ou de questionamento.
Sobre a gripe, a última é um apelo à não vacinação, porque a vacina contra a gripe pandémica de 2009 causa uma doença neurológica fatal! Tudo com base numa carta publicada por um execrável tabloide inglês, o Daily Mail ("Anyone that does media studies or has taken a journalism course will have more than likely come across the saying 'today's newspaper is tomorrow's chip paper.' "). A mensagem que por aí anda é um protótipo do nível do lixo internético:"Uma carta confidencial do Governo britânico para médicos directores de departamentos de neurologia foi revelada ao jornal "The Mail: A vacina contra a Gripe Suína causa uma doença nervosa fatal. Levanta-se a questão: Porque é que o Governo não avisou o público uma vez que estão planeados milhões de vacinações - inclusivo a mulheres grávidas e crianças? Uma vez que este tipo notícia dificilmente chega ao universo português, façam o favor de avisar as pessoas que vos são queridas para não tomarem a vacina contra a gripe suína."
Qualquer meu aluno de Virologia sabe criticar esta asneira. Para quem não se queira dar ao trabalho de ir ler o tal artigo do 24 horas lá do sítio, a questão é que, em 1976, houve uma epidemia nos EUA, conhecida como New Jersey, de um vírus também H1N1, cuja vacina causou acidentalmente um número considerável de casos de uma doença relacionada com infecções virais, o sindroma de Guillain-Barré (SGB), um quadro clínico essencialmente caracterizado por paralisias diversas.
1) Ainda não há vacina para a gripe pandémica de 2009. A comparação com casos anteriores é especulativa. Cada epidemia é diferente (H1N1 é coisa muito larga, até há vírus sazonais deste tipo), cada vacina é diferente. Acidentes na Medicina sempre houve e são a excepção, nada que justifique suspeitar de que se repitam sistematicamente. Pelo contrário, servem para se aprender e estar atento a evitá-los no futuro.
2) Se a H1N1 de 1976 (New Jersey) tivesse relação com esta até era bom, estávamos imunizados. Repito, não se pode fazer comparações, muito menos em relação a uma vacina que ainda nem existe.
3) O SGB não é uma situação clínica ligeira ou agradável, mas está muito longe de ser classificado como "doença nervosa fatal", como diz o artigo. Na grande maioria dos casos cura-se em meses e a mortalidade é inferior a 4%, tendendo a diminuir com os tratamentos actuais.
4) O SGB ocorre depois de variadas infecções virais, principalmente a gripe e também depois de vacinação contra a gripe sazonal, sarampo, hepatite B, etc.
5) Em 1976 houve cerca de 500 casos devido à vacinação, nos EUA. Todos os anos há nos EUA 5000 a 10000 casos de SGB devidos a doenças virais e vacinação.
6) Se estimarmos que um quinto dos americanos foi vacinado em 1976, a incidência de SGB foi de 10/100.000, comparada com a incidência habitual de 2-4/100.000/ano. Foi mais alta mas não enormemente mais.
7) O número de mortes foi de 25, donde uma taxa de mortalidade de 5%, semelhante à habitual.
8)É verdade que estas consequências da vacinação foram superiores às da própria gripe de 1976, mas isto não terá sido devido à vacinação, mesmo com as lamentáveis consequências que teve?
9) A gripe pandémica de 2009 vai com mais de 250.000 casos e mais de 3000 mortos com gripe confirmada laboratorialmente (de facto, provavelmente muitos mais). Vai haver certamente no outono/inverno uma segunda vaga muito maior.
10) Estudos rigorosos mostram que a vacinação de 70% da população causaria o fim rápido da pandemia.
11)Assim, apelos à recusa de vacinação são uma irresponsabilidade criminosa.
Repito o que disse logo de início: estamos perante mais um caso de desinformação maliciosa, que a net facilmente amplifica. Agora sou eu que apelo a que não sejam cúmplices.
João Vasconcelos Costa, médico virulogista
http://jvcosta.planetaclix.pt/gripe.html
enviado por D.A.M.
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