27/09/2009

D. SEBASTIÃO

D. Sebastião I de Portugal

(Lisboa, 20 de Janeiro de 1554Alcácer-Quibir, 4 de Agosto de 1578), décimo sexto rei de Portugal, e sétimo da Dinastia de Avis.

Herdeiro do trono
Litografia representando D. Sebastião quando criança

Era neto do rei João III, tornando-se herdeiro do trono depois da morte do seu pai, o príncipe João de Portugal, duas semanas antes do seu nascimento, e rei com apenas três anos, em 1557. Em virtude de ser um herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis, ficou conhecido como O Desejado; alternativamente, é também memorado como O Encoberto ou O Adormecido, devido à lenda que se refere ao seu regresso numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.

Durante a sua menoridade, a regência foi assegurada primeiro pela sua avó, a rainha Catarina da Áustria, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, o Cardeal Henrique de Évora. Neste período, para além da aquisição de Macau em 1557 e Damão em 1559, a expansão colonial foi interrompida. A premência era a conjugação de esforços para preservar, fortalecer e defender os territórios conquistados.

Durante a regência de D. Catarina e do cardeal D. Henrique e o curto reinado de D. Sebastião, a Igreja continuou a sua ascensão ao poder. A actividade legislativa centrou-se em assuntos do foro religioso, como por exemplo a consolidação da Inquisição e sua expansão até à Índia, a criação de novos bispados na metrópole e nas colónias. A única realização cultural importante foi o estabelecimento de uma nova universidade em Évora – e também aqui a influência religiosa na corte se fez sentir, pois foi entregue aos Jesuítas.

Investiu-se muito na defesa militar dos territórios. Na rota para o Brasil e a Índia, os ataques dos piratas eram constantes e os muçulmanos ameaçavam as possessões em Marrocos, atacando, por exemplo, Mazagão em 1562. Procurou-se assim proteger a marinha mercante e construir ou restaurar fortalezas ao longo do litoral.

Os bastiões no Norte de África, pouco interessantes em termos comerciais e estratégicos, eram autênticos sorvedouros de dinheiro, sendo necessário importar quase tudo, além do que, sujeitos a constantes ataques, custavam muito em armamento e homens. Assim, Filipe II viria prudentemente a devolver aos mouros Arzila, conquistada por D. Sebastião.

De facto, a preservação das praças em Marrocos devia-se sobretudo as questão de prestígio e tradição. No entanto, estas evidências pouco interessavam a D. Sebastião. Temerário até às raias da insensatez, a sua grande ambição era conquistar Marrocos.

O jovem rei cresceu educado por Jesuítas e tornou-se num adolescente de grande fervor religioso, que distribuía o seu tempo entre jejuns e caçadas. Rodeado de bajuladores, Sebastião desenvolveu uma personalidade mimada e teimosa.

Reinado

Aos 14 anos, D. Sebastião assume a governação. De saúde débil e fraco de espírito, sonhava apenas com batalhas, conquistas e a expansão da Fé, dedicando pouco tempo à governação de tão vasto império, profundamente convicto de que seria o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do Norte de África.

Sebastião começou a preparar a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez. Filipe II de Espanha, seu tio, recusou participar naquilo que considerava uma loucura e adiou o casamento de Sebastião com uma das suas filhas para depois da campanha.

O exército português desembarcou em Marrocos em 1578 e, ignorando os conselhos dos seus generais, Sebastião rumou imediatamente para o interior. Tinha 24 anos de idade.

Desaparecimento e lenda

Na subsequente batalha de Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, os portugueses sofreram uma derrota humilhante às mãos do sultão Ahmed Mohammed de Fez e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a Sebastião, provavelmente morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Mas para o povo português de então o rei havia apenas desaparecido. Este desastre teria as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.

Em 1581, Filipe I de Portugal, mandou transladar para o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa um corpo que alegava ser o do rei desaparecido, na esperança de acabar com o sebastianismo, o que não resultou, nem se pôde comprovar ser o corpo realmente o de Sebastião I. O Túmulo de Mármore que repousa sobre dois elefantes, pode ainda hoje ser observado em Lisboa. A dúvida que persiste há mais de 425 anos poderia provavelmente hoje ser resolvida com um simples teste de ADN (DNA).

Tornou-se então numa lenda do grande patriota português - o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à que o Rei Artur tem em Inglaterra ou Frederico Barbarossa na Alemanha.

Durante o subsequente domínio espanhol (1580-1640) da coroa portuguesa, três pretendentes afirmaram ser o rei D. Sebastião, tendo o último deles - o italiano Marco Tullio Catizone - sido enforcado em 1619.

Retrato d’El Rei Dom Sebastião. Pintura a óleo sobre tela datável dos finais do Séc. XVI ou inicio do Séc. XVII, patente na Câmara dos Azuis.

Já em fins do século XIX, no Brasil, lavradores sebastianistas no sertão da Bahia acreditavam que o rei iria regressar para ajudá-los na luta contra a "república ateia brasileira", durante a chamada Guerra de Canudos.

Em conclusão, a dinastia de Avis, popular entre o povo após ter guiado Portugal a sua época de ouro, acabou por submergir na busca de um sonho: a União Peninsular. As mesmas complicações causadas pela procriação consanguínea causou as mortes das crianças de D. João III e de Catarina de Áustria, além da loucura e desespero dos seus netos Sebastião e Carlos, os últimos príncipes de Avis-Habsburgo.

Representacão artística

O retrato ao lado mostra El Rei Dom Sebastião. É um dos poucos retratos desta época, conhecidos do monarca. Apresenta-nos Dom Sebastião em idade adulta, com barba e bigode, numa representação de busto a 3/4 envergando armadura de gala com gola de folhos.

Da decoração da armadura sobressai a Cruz de Cristo, de que é visível o braço superior, com uma forma mal representada, o que nos leva à conclusão da autoria por um pintor espanhol ou italiano, mais familiarizados com este tipo de cruz do que com as formas rectas da Cruz de Cristo.

O retrato está carregado de simbolismo, não só pela inclusão da Cruz de Cristo, como pela legenda que encima o quadro “Sebastianus I Lusitanor R” (Sebastião I Rei dos Portugueses), que nos remete para o início do Mito de Dom Sebastião, dito Sebastianismo.

wikipédia

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