HOJE
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
7 perguntas ingénuas sobre o Orçamento
Respondemos-lhe
de forma rápida para perceber de forma igualmente rápida alguns dos
principais pontos que o vão influenciar quando o Orçamento do Estado
entrar em vigor.
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Então mas afinal
quanto é que os refrigerantes vão custar em 2017? E por que razão é que
pagamos tantos impostos e não há dinheiro nem para a saúde? Para onde é
que ele vai? Respondemos-lhe a sete perguntas de forma rápida para
perceber de forma igualmente rápida alguns dos principais pontos que o
vão influenciar quando o Orçamento do Estado entrar em vigor. E só para
abrir o apetite: sabe quanto significa um défice de 1,6% do PIB? 3015
milhões de euros. E quanto é que vai ser o PIB? 188,5 mil milhões.
Para onde vai a receita dos impostos?
Num
ano, o fisco vai cobrar qualquer coisa como 46,6 mil milhões em
impostos diretos e indiretos às famílias e empresas sediadas em
território nacional. Os impostos servem, grosso modo, para pagar quatro
grandes rubricas de despesa. As despesas com pessoal (médicos,
professores, administrativos, políticos, etc.) que em 2017 vão custar
quase 19,8 mil milhões. A máquina pública consome, como qualquer outra
organização, bens e serviços para funcionar. Este bolo leva 12 mil
milhões de euros. A terceira despesa mais importante tem que ver com
herança do passado: os juros. A fatura ascende a uns impressionantes 8,3
mil milhões, quase um orçamento da Saúde. Por fim, o quarto maior gasto
é o investimento público, que vai precisar de 6,4 mil milhões de euros
para se concretizar. O valor será superior, uma vez que esta verba é a
do OE nacional. Muito do investimento é cofinanciado por fundos
europeus. Além dos impostos, há os descontos para a Segurança Social e
outros sistemas de natureza pública. Os portugueses (famílias e
empresas) vão pagar 19,4 mil milhões de euros em contribuições. Só em
pensões (velhice e outras) a despesa ascende a 16,2 mil milhões de
euros. O subsídio de desemprego absorve mais 1,5 mil milhões anuais.
Refrigerantes e néctares pagam igual?
Era
uma das grandes dúvidas deste Orçamento do Estado, mas acaba por ser
esclarecida com facilidade. Afinal, a fat tax só vai incidir sobre
refrigerantes ou bebidas com elevado teor de açúcar, deixando de fora os
néctares, sumos feitos à base de produtos hortícolas, bem como bebidas à
base de leite, soja ou arroz. Da mesma maneira, escapam a este novo
imposto as bebidas consideradas alimentos para as necessidades
dietéticas especiais ou suplementos dietéticos. A taxa avança, sim, para
penalizar as bebidas mais açucaradas, onde caem especialmente os
refrigerantes, e será aplicada tanto a produtos adquiridos em Portugal
como noutro Estado membro. Qual vai ser o valor a pagar? Quando o teor
de açúcar é inferior a 80 gramas por litro pagam 8,22 euros por
hectolitro (100 litros) e as bebidas com açúcar superior a este valor
passam a pagar 16,46 euros por hectolitro. Na prática, uma bebida pagará
entre 0,082 euros e 0,016 euros com esta nova disposição do imposto.
Vou pagar mais de IMI em 2017?
Depende.
Os proprietários que detenham imóveis com valor patrimonial tributário
global (VPT) igual ou superior a 600 mil euros vão pagar um "adicional
ao imposto municipal sobre imóveis" de 0,3%. De fora do apuramento do
VPT ficam os prédios urbanos classificados na espécie industriais, bem
como os urbanos licenciados para a atividade turística, desde que
devidamente declarado e comprovado esse objetivo. Segundo esta proposta,
o valor tributável que será considerado "corresponde à soma dos valores
patrimoniais tributários, reportados a 1 de janeiro do ano, a que
respeita o adicional ao imposto". A este valor serão deduzidos 600 mil
euros, independentemente de se tratar de um contribuinte que seja pessoa
singular, pessoa coletiva com atividade agrícola, industrial ou
comercial, no caso dos imóveis diretamente afetos ao seu funcionamento,
ou ainda herança indivisa. Isto quer dizer que o novo imposto sobre os
imóveis de elevado valor aplica-se a partir dos 600 mil euros.
Segurança Social e IRS. O que sobe mais?
A proposta de OE para 2017 prevê um aumento das contribuições sociais de 3,4%, acima do previsto para o IRS. A razão desta evolução tem várias explicações. Por um lado, a evolução das contribuições sociais traduz o aumento das contribuições sociais para a Segurança Social, "reflexo do aumento da massa salarial e da recuperação do mercado de trabalho", como se lê no relatório. Traduzindo por miúdos, reflete a criação de mais empregos e o consequente aumento dos descontos para a Segurança Social. Acontece que muitos contribuintes pura e simplesmente não pagam IRS, devido aos seus baixos rendimentos. Dados de 2014, indicam que havia 2,4 milhões de agregados nesta situação. Além da eliminação gradual da sobretaxa (-200 milhões), o governo decidiu ainda reforçar a redução de tributação para rendimentos do trabalho de pessoas com deficiência. Por outro lado, o acréscimo previsto da despesa fiscal "deve-se fundamentalmente às deduções à coleta e às taxas preferenciais".
A proposta de OE para 2017 prevê um aumento das contribuições sociais de 3,4%, acima do previsto para o IRS. A razão desta evolução tem várias explicações. Por um lado, a evolução das contribuições sociais traduz o aumento das contribuições sociais para a Segurança Social, "reflexo do aumento da massa salarial e da recuperação do mercado de trabalho", como se lê no relatório. Traduzindo por miúdos, reflete a criação de mais empregos e o consequente aumento dos descontos para a Segurança Social. Acontece que muitos contribuintes pura e simplesmente não pagam IRS, devido aos seus baixos rendimentos. Dados de 2014, indicam que havia 2,4 milhões de agregados nesta situação. Além da eliminação gradual da sobretaxa (-200 milhões), o governo decidiu ainda reforçar a redução de tributação para rendimentos do trabalho de pessoas com deficiência. Por outro lado, o acréscimo previsto da despesa fiscal "deve-se fundamentalmente às deduções à coleta e às taxas preferenciais".
Porque não há mais dinheiro para a Saúde?
A
forma como as verbas do Orçamento são repartidas por cada ministério é,
acima de tudo, uma decisão política. E por isso há que fazer opções. O
ministro gostaria de ter mais, mas o dinheiro não chega para todas as
necessidades. Por outro lado, a Saúde já é uma das áreas de maior
pressão do ponto de vista da despesa, designadamente nos hospitais,
cujos gastos costumam derrapar quase todos os anos. Para evitar
"surpresas desagradáveis", o ministério até já emitiu um despacho a
congelar os gastos hospitalares até ao final do ano. Adalberto Campos
Fernandes até conseguiu convencer as Finanças a dar-lhe mais dinheiro.
Mas lá está. Não chega para cobrir todas as necessidades. Se baixar as
taxas moderadoras até nem pesa muito nas contas do SNS, já atribuir um
médico de família a todos os portugueses custa dinheiro. No final de
2014, havia mais de 1,4 milhões de utentes sem médico de família. E para
cobrir esta necessidade é preciso formar e/ou contratar médicos de
clínica geral. A formação demora tempo e recrutar "fora" não é barato.
Quanto aos medicamentos, o principal obstáculo é a indústria
farmacêutica. Baixar os preços até tem sido possível volta e meia, mas
pensar na sua gratuitidade é uma ilusão.
Rendimento. O imposto sobe ou não?
Os
particulares e as empresas vão pagar mais impostos (em contabilidade
pública) em sede de tributação direta, onde figuram pesos-pesados como o
IRS e o IRC, mas a carga fiscal (peso no PIB, medido em contabilidade
nacional) estabiliza. Embora a economia cresça devagar, ela vai mais
depressa do que a coleta. Isto apesar de o Estado dizer que está mais
eficiente na cobrança. Neste relatório do OE, o tradicional quadro que
permite avaliar a evolução da receita imposto a imposto não aparece, mas
é possível perceber que o governo vai buscar aos bolsos das famílias e
empresas cerca de 21,5 mil milhões em impostos diretos (sobre o
rendimento e o património) em 2017, mais 1,1%do que neste ano. Nos
impostos indiretos, onde IVA e ISP lideram, a progressão é idêntica
(mais 1,2%) e vai permitir recolher 25,2 mil milhões de euros por esta
via. Visto assim, em grandes números, a carga fiscal acaba por
estabilizar em 24,9 a 25% do PIB. Já o esforço sentido por cada família,
depende. Quando se olha em detalhe percebe-se que há vários aumentos
cirúrgicos de impostos e outros tantos alívios também eles direcionados.
Nas subidas destaca-se o agravamento do IMI. Nas descidas a estrela é o
fim gradual da sobretaxa do IRS.
A reforma do meu pai vai subir?
Depende
do valor atual da pensão. Todas as reformas até 838 euros terão um
aumento igual à inflação, que deverá ser de 0,7% para efeitos de cálculo
da pensão. As pensões com um valor até duas vezes o valor do IAS (neste
momento é de 419,22 euros, mas vai ser atualizado em 2017) também terão
um aumento em linha com a inflação.
O executivo anunciou uma "atualização extraordinária" para as pensões até 628 euros, que irão beneficiar de um aumento de dez euros. Um acréscimo que só ocorrerá em agosto. Resumindo, os aumentos serão faseados. Em janeiro, será aplicada a atualização automática, de acordo com a fórmula que liga basicamente os aumentos à inflação e ao crescimento económico. Nesta data serão abrangidas as pensões até 838 euros.
As pensões até 2515 deverão subir entre 0,2% e 0,3%. As restantes continuarão congeladas. Em agosto de 2017 haverá um novo aumento, mas só para as pensões de valores até 628 euros.
O executivo anunciou uma "atualização extraordinária" para as pensões até 628 euros, que irão beneficiar de um aumento de dez euros. Um acréscimo que só ocorrerá em agosto. Resumindo, os aumentos serão faseados. Em janeiro, será aplicada a atualização automática, de acordo com a fórmula que liga basicamente os aumentos à inflação e ao crescimento económico. Nesta data serão abrangidas as pensões até 838 euros.
As pensões até 2515 deverão subir entre 0,2% e 0,3%. As restantes continuarão congeladas. Em agosto de 2017 haverá um novo aumento, mas só para as pensões de valores até 628 euros.
* Da base de apoio à aprovação deste orçamento sentimos que "sabe a pouco", da oposição que há pouco esmifrava os portugueses a mesma música purulenta.
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