HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
"Visitar a Europa faz um americano
. sentir-se bem com o seu país"
Paul Krugman está em Lisboa e
escreve um artigo pessimista sobre a "economia diabética" da Europa,
partindo da situação portuguesa
"As coisas estão terríveis
aqui em Portugal, mas não tão terríveis quanto estavam há um par de
anos.
A mesma coisa pode ser dita sobre a economia europeia como um
todo. E isso são, julgo eu, boas notícias". É assim que Paul Krugman,
Nobel da Economia, começa o seu artigo de opinião publicado esta
segunda-feira no The New York Times,
escrito de Lisboa, onde Krugman se encontra para uma conferência. No
texto, a que chamou "A Economia Diabética", o economista discorre, numa
ótica pessimista, sobre a recuperação da economia europeia, utilizando a
situação portuguesa para lançar o tema.
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"As más notícias",
continua Krugman no mesmo artigo, "são que oito anos depois do que era
supostamente uma crise financeira temporária, a fraqueza económica
prossegue, sem fim à vista. E é algo que deveria preocupar toda a gente,
na Europa e não só".
Krugman começa depois por elencar os aspetos
positivos em relação à zona euro, que finalmente conseguiu descer a
taxa de desemprego para pouco mais de 10% , mas ressalva: nos Estados
Unidos da América, a economia já cresceu 10% em relação aos níveis
pré-crise e o desemprego já é inferior a 5%.
O economista parte
depois para uma análise dos mercados financeiros, referindo-se
especificamente às baixas taxas de juro, recuperando uma analogia de
Narayana Kocherlakota, presidente da Reserva Federal do Minneapolis,
para comparar o efeitos das baixas taxas na Europa com o do medicamento
na doença crónica: "Respondendo aos críticos do dinheiro fácil que
denunciam as baixas taxas de juro como artificiais, porque as economias
não deveriam necessitar de mantê-las tão baixas, ele [Narayana
Kocherlakota] sugere que comparemos as baixas taxas de juro com injeções
de insulina que os diabéticos têm de levar. Estas injeções não fazem
parte de um estilo de vida normal, e muitas têm efeitos secundários, mas
são necessárias para atenuar os sintomas da doença crónica", resume.
"No caso da Europa, a doença crónica é a fraqueza persistente nas
despesas". E acrescenta: "a insulina do dinheiro barato ajuda a lutar
contra essa fraqueza, ainda que não forneça a cura".
Krugman deixa
ainda um alerta sobre a incapacidade da Europa para lidar com uma nova
crise, seja ela no seu seio - na Grécia ou devido ao Reino Unido, após o
eventual Brexit - ou por causa de uma recessão na China.
O
economista deixa, porém, um conselho: "Não é difícil de ver aquilo que a
Europa deveria estar a fazer para curar a sua doença crónica", escreve,
referindo-se à necessidade de aumentar a despesa pública, especialmente
nos países do centro europeu - Alemanha e França - o que iria
possibilitar o crescimento das economias, mesmo as periféricas, como as
de Espanha ou Portugal. "Mas fazer a coisa certa parece estar
politicamente fora de questão", lamenta.
Numa nota de certa
ironia, Krugman escreve mesmo: "vamos pô-lo desta maneira: visitar a
Europa pode fazer um americano sentir-se bem com o seu próprio país".
* "Economia Diabética" é um excelente nome para a economia europeia.
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