Como sempre, afinal
Geração após geração, entre pobreza e guerras, os mais jovens tinham de
partir em busca de melhores condições de vida ou ao serviço dos
desígnios de expansão ou defesa do território.
Por um breve lapso de
tempo, convencemo-nos de que agora seria diferente, os nossos jovens
estudavam, o futuro apresentava-se firme e previsível, com oportunidades
dentro de portas e expectativas de progresso em harmonia de povos sem
fronteiras. Eles viajavam, sim, mas para alargar horizontes, era aqui
que fundariam a sua vida. Mas não, parece que o nosso destino é esse de
dizer adeus, de ficar à espera, a saudade ainda e sempre, essência ou
anátema.
De novo, habituamo-nos aos que partem, aos que chegam por uns
dias que mal dão para matar saudades, não queremos deixar de ser parte
da vida deles, tentamos contar-lhes como ficámos, trazê-los de novo ao
nosso quotidiano, mas foge-lhes o olhar, distrai-se a atenção, mundos
que se apartam, há que tecer novos fios, encontrar amarras, eles que
fiquem partindo, eles que nos levem deixando-nos.
Todos os dias, o tempo
atrás do tempo e nós atrás dele, quando vens, quando partes, quando
voltas, numa cadência sôfrega de afectos desencontrados, tecidos de
paciência e de adiamentos, até aprendermos a escondê-los, a
apaziguá--los, ausências e presenças a encher-nos os dias. Como sempre,
afinal.
Autora do blogue Quarta República (http://quartarepublica.blogspot.pt)
IN "i"
10/05/13
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