Portugal no pelotão do meio
em matéria de salário mínimo
Os portugueses ganham três vezes menos do que no Luxemburgo e 1,7 vezes mais do que na Letónia, o país do euro onde o salário mínimo é mais baixo. Segundo o Eurostat, estão no pelotão do meio.
Em matéria de salário mínimo, a zona Euro está dividida em três
grandes blocos. O Leste, onde se ganha menos de 500 euros, o Oeste, onde
a remuneração mínima excede, e bem, os 1.000 euros, e, no meio o Sul,
onde se insere Portugal. A divisão geográfica é feita pelo próprio
Eurostat, que dá conta da persistência de uma grande disparidade
salarial entre os países que partilham uma moeda comum.
Em
Portugal, o salário mínimo subiu em Janeiro, tendo-se fixado nos 650
euros (valores ajustados a 12 meses, para serem comparáveis com o resto
dos países). Este valor coloca Portugal no grupo do Sul, onde pontuam a
Espanha, Eslovénia, Malta e Grécia, mas já na fronteira do grupo do
Leste, que se destaca por ter salários mínimos muito baixos (ver
gráficos). Ou seja, é o que paga pior entre os países do Sul, segundo o
arranjo geográfico seguido pelo Eurostat.
Em
termos nominais, os portugueses ganham três vezes do que no Luxemburgo,
onde a remuneração mínima mensal ascende 1.999 euros mensais e 1,7
vezes mais do que na Letónia, onde ela é de apenas 380 euros.
Ajustamento ao nível de vida diminui diferenças
As
diferenças, contudo, esbatem-se um pouco quando se analisa o salário
mínimo em paridades do poder de compra, isto é, ajustado ao nível de
vida de cada país.
Aí, os portugueses passam a ganhar não
650 mas 793 euros por mês, uma vez que, comprado com outros países,
conseguem ter um nível de vida mais barato. Usando esta medida, o
salário mínimo português já só é pouco menos de metade do luxemburguês
(compara com o triplo) e é apenas 1,4 vezes superior ao letão (compara
com 1,7 vezes).
O Eurostat destaca ainda outra
particularidade no caso português: é um dos países do euro (a par da
França e da Eslovénia) onde o salário mínimo está mais próximo da
remuneração mediana, um argumento que foi usado no debate político
interno pelos que entendem que o Governo não devia patrocinar a subida
consecutiva do salário mínimo no actual contexto.
Na zona
euro a grande maioria dos países tem salário mínimo, mas há alguns como
a Itália, Chipre e Finlândia que não fixam por lei um mínimo de
referência. Estados Unidos e Reino Unido têm remuneração mínima de 1.192
euros e 1.397 euros, respectivamente.
Redactora principal da secção de Economia do Negócios, onde trabalha desde 2006.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
10/02/17
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