07/12/2012

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"


 Proposta para a TAP abaixo das
. expectativas do Governo

 Efromovich baixou muito a proposta para a TAP. E incluiu uma série de riscos que a desvalorizam muito. O Governo não esperava. Mas quer negociar.

Germán Efromovich apresentou esta sexta-feira uma proposta vinculativa para adquirir a TAP que é substancialmente inferior à proposta não vinculativa, que havia já sido apresentada ao Governo. Na base da descida de mais de 15% do valor da empresa está a análise de riscos da TAP, que o candidato entretanto realizou.
Estas informações foram apuradas pelo Negócios, que esta tarde revelou que a proposta do empresário dono da Avianca passa pela assunção do passivo financeiro da TAP, no valor de 1,2 mil milhões de euros, a que acresce um valor para injectar na empresa, que pode ascender a 300 milhões. Na melhor das hipóteses, o Estado receberá ainda cerca de 20 milhões de euros.

O problema é que esta proposta ficou condicionada a contingências, que o Estado não considerou mas Germán Efromovich quantificou. Essas contingências abarcam riscos quanto ao negócio da TAP no Brasil, bem como a possibilidade de reversão da venda da Groundforce e a hipótese de a concessão das lojas francas não ser renovada. 

Estes riscos, que o Governo havia desvalorizado, foram assumidos pelo concorrente entre a apresentação da proposta não vinculativa e a proposta vinculativa, hoje apresentada.
Estes riscos podem desvalorizar significativamente a TAP, colocando na mesa a possibilidade de o Estado nem receber um cêntimo pela empresa. No Governo, segundo fontes ouvidas pelo Negócios, a proposta foi recebida com alguma decepção, mas há vontade de negociar. É o que acontecerá de seguida: vendedor e candidato vão sentar-se para tentar aproximar posições. A única alternativa do Estado à proposta de Germán Efromovich é não vender.

Repare-se que valores muito díspares foram noticiados hoje pela imprensa. A disparidade decorre basicamente de se estar a considerar o “enterprise value” (método de avaliação que inclui a dívida) ou apenas o “equity value” (método de avaliação que a exclui). Como a dívida financeira ascende a 1,2 mil milhões de euros, a diferença entre o “equity value” e o “enterprise value” é no caso da TAP muito grande. Razão, também, para que notícias diferentes possam dar valores diferentes para a mesma proposta: depende do critério que estão a citar – se inclui ou não a assunção da dívida.

* Com o passivo tão grande só um "deslumbrado" é que pensaria ser o negócio da TAP uma transacção muito lucrativa.

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