OCDE denuncia “clientelismo político”
nos investimentos angolanos
Gisa Martinho
O crescimento angolano foi penalizado pelos atrasos nos pagamentos do governo ao sector privado.
"Corrupção", "clientelismo político" e dependência do petróleo são três dos vícios da economia angolana referidos pela OCDE no relatório sobre África, divulgado ontem em Lisboa, antes da reunião do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) marcada para quinta e sexta-feira (9-10 de Junho).
Numa análise individual à economia de Angola - que se entende aos outros quatro mercados lusófonos africanos -, a organização destaca o efeito negativo no crescimento dos atrasos de Luanda em pagar ao sector da construção e as limitações recorrentes do investimento no país. Por um lado, no investimento público "marcado por clientelismo político" e "corrupção", apesar de estar em curso um "ambicioso" plano de infra-estruturas. Por outro, a capacidade "problemática" do sector público angolano em atrair mais investimento privado. "Angola tem um problema muito grave, que é a falta de recursos humanos em todas as áreas", comenta Laura Recuero Virto, economista da OCDE, ao Diário Económico.
O sector não-petrolífero de Angola cresceu 14% nos últimos quatro anos, segundo a OCDE, mas a "diversificação económica continua a ser fraca". Virto acredita que a "bolsa de valores não deve avançar" tão cedo e critica a decisão de Luanda em "mudar fisicamente de lugar o maior mercado da região", o Roque Santeiro. Esta deslocação provocou, de acordo com os técnicos da OCDE, uma "perturbação" no comércio e uma quebra acentuada na produção agrícola.
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
07/06/11
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