11/03/2010

ANTÓNIO PEREZ METELO


Todos a apertar o cinto na UE


A crise económica e financeira, que se agravou no Outono de 2008, provocou uma acção concertada de dimensão inédita dos bancos centrais dos países mais desenvolvidos, mas também a expansão das despesas e a quebra das receitas públicas, com o inevitável aumento dos défices e do endividamento dos diferentes Estados.

Em 2009, na Europa, 20 dos 27 países da União Europeia apresentaram défices bem acima dos 3% do PIB. Os casos mais graves de desequilíbrio orçamental já vão sendo conhecidos: Grécia, 12,7% do PIB; Irlanda, 12,5%; Reino Unido, 12,1%; Espanha, 11,2%; Portugal, 9,3%; França, 8,3%. Estes valores são tão altos que os mercados financeiros ligados às dívidas públicas soaram o alarme. No Verão de 2009, o consenso na União Europeia ainda era o de que no ano de 2010 se teriam de manter os programas de estímulo à economia, para ajudá-la a sair da recessão, relegando para 2011 o início das políticas de redução dos défices públicos.

A surpresa grega, que multiplicou por quatro o défice anteriormente anunciado, mudou todo esse clima. Na ordem do dia estão agora os Programas de Estabilidade e Crescimento (PEC).

A Grécia acaba de anunciar um conjunto de medidas muito duras, com o objectivo de cortar quatro pontos percentuais ao défice deste ano e mais três pontos ao ano até 2012. São aumentos de impostos (IVA, combustíveis, tabaco, álcool) e cortes salariais na função pública de 9,4%, já em 2010.

Em Espanha, o Governo propôs um pacto, já recusado pelo Partido Popular. Entretanto avança com medidas de austeridade destinadas a cortar 40 000 milhões de euros no défice até 2013: cortes crescentes no consumo e no investimento públicos; aumentos da função pública abaixo da inflação esperada; redução do número dos servidores do Estado; cortes nos subsídios distribuídos. O Estado Central assume a redução do défice equivalente a 4,3% do PIB, as autonomias e as autarquias devem contribuir com a poupança restante de 3%.

O grande exemplo de consenso político e social pelo reequilíbrio das contas públicas vem da Irlanda, com cortes muito duros dos salários no sector público.

Na Hungria e na Letónia, a política de reestruturação económica e financeira é das mais fundas em todo o espaço europeu.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
05/03/10

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