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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
DA MADEIRA"
Visto de Bruxelas, Portugal
cresce menos e tem mais défices
A
Comissão Europeia está mais pessimista do que o Governo quanto às
perspetivas económicas e orçamentais de Portugal: espera menos
crescimento em 2016 e em 2017 e mantém a projeção para o défice
orçamental deste ano, de 2,7%.
As projeções económicas e
orçamentais de outono hoje divulgadas pela Comissão Europeia, que
consideram já a proposta orçamental do Governo para 2017, bem como a
informação adicional solicitada pela Comissão a Portugal e remetida pelo
ministério de Mário Centeno, não foram suficientes para aproximar a
visão de Bruxelas à do executivo português.
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HEIL |
O executivo
comunitário atualizou as previsões económicas e orçamentais até 2018,
ano em que estima que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça
1,4% e o défice orçamental seja de 2,4%.
Até lá, Bruxelas
antecipa que a economia portuguesa cresça 0,9% este ano e 1,2% no
próximo, revendo em baixa as previsões que fez em maio, e mantém que o
défice português será de 2,7% em 2016, recuando para os 2,2% em 2017
(ligeiramente abaixo dos 2,3% esperados há seis meses).
Tanto na
frente económica como na frente orçamental, a Comissão Europeia
apresenta uma visão de Portugal que não coincide com a do Governo
liderado pelo socialista António Costa, uma vez que espera menos
crescimento económico e défices orçamentais mais elevados.
O
Governo espera um crescimento de 1,2% este ano e de 1,5% no próximo,
Bruxelas antecipa que o PIB português cresça 0,9% em 2016 e 1,2% em
2017. O Executivo português espera que o défice orçamental seja de 2,4%
do PIB este ano e de 1,6% em 2017, Bruxelas antecipa défices de 2,7% em
2016 e de 2,4% em 2017.
Para justificar estas perspetivas
económicas mais pessimistas, a Comissão aponta que a recuperação
económica modesta está a ser liderada pelo consumo privado e “travada”
por níveis baixos de investimento.
Admitindo que o consumo
privado abrande nos próximos trimestres, em linha com uma estabilização
do consumo de bens duradouros, o endividamento “ainda elevado” das
famílias e um aumento dos preços do petróleo, Bruxelas prevê que o
investimento “melhore marginalmente” na segunda metade do ano.
A
conclusão do executivo comunitário é que a evolução do crescimento de
Portugal está “dependente da recuperação no investimento”, que tem
permanecido “frágil e sensível à materialização de qualquer choque
negativo”.
No lado orçamental, Bruxelas refere que o défice de
2,7% projetado para este ano em Portugal fica a dever-se a uma
arrecadação de receita “mais baixa”, que deverá “compensar amplamente a
contenção de despesa, e acrescenta que o resultado é que “o saldo
estrutural [que exclui o ciclo económico e as medidas temporárias]
deverá manter-se amplamente inalterado em 2016”, ficando nos -2,4% este
ano (contra os 2,2% antecipados há seis meses).
Para 2017, a
previsão de Bruxelas aponta para um défice orçamental de 2,2% do PIB em
Portugal, “sobretudo devido a uma operação ‘one-off’ [temporária]”, a
recuperação da garantia concedida pelo Estado ao BPP, e à continuação de
“uma recuperação económica moderada”.
A Comissão Juncker alertou
ainda que o “impacto potencial” do apoio público ao setor bancário em
Portugal é um risco negativo que pode penalizar o cumprimento dos
objetivos orçamentais a que o país está obrigado.
Bruxelas
considera que os riscos destas perspetivas orçamentais “estão inclinados
para o lado negativo” e identifica três razões: “as incertezas em torno
das perspetivas macroeconómicas”, “as possíveis derrapagens
orçamentais” e “o impacto potencial no défice das medidas de apoio à
banca”.
Em julho, numa recomendação da Comissão Europeia ao
Conselho no âmbito do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE) de
Portugal, Bruxelas defendeu que o país deverá reduzir o défice
orçamental para os 2,5% este ano e reiterou que esta meta exclui
eventuais apoios à banca.
“Portugal deve encerrar a situação
presente de défice excessivo em 2016” e “deve reduzir o défice público
para 2,5% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2016”, escreveu o executivo
comunitário, acrescentando que esta nova meta “não inclui o impacto do
efeito direto de um potencial apoio à banca”.
No mês seguinte, o
Conselho confirmou esta recomendação: “Portugal deve reduzir o défice
orçamental para os 2,5% do PIB em 2016. Este objetivo não inclui o
impacto do efeito direto de um potencial apoio à banca”, lê-se na
decisão.
Sobre a revisão em baixa pela Comissão Europeia das
projeções de crescimento económico de Portugal, a líder do CDS-PP,
Assunção Cristas, disse ver esses números com preocupação mas sem
surpresa.
“Não posso dizer que tenha sido surpresa, porque nós
não encontramos nas políticas públicas atuais estímulos, consistência e
estabilidade no sentido de promover o efetivo crescimento económico”,
afirmou.
“Veremos se estas informações se confirmam ou não, mas o
CDS tem sido muito crítico da ação deste Governo precisamente porque
apostou no cavalo errado ao querer apostar tudo em estímulos ao consumo,
depois corrigiu o tiro no Orçamento, mas só na parte retórica, quando
vem falar de investimento e exportações”, acrescentou.
Já o líder
do PSD, Passos Coelho, considerou que a revisão em baixa das projeções
de crescimento económico de Portugal feita por Bruxelas “não são boas
notícias”, mas que não se distanciam de outras que apontam para “um
crescimento medíocre” este ano.
“As perspetivas que foram hoje
apresentadas são muito cruas e não se distanciam muito daquilo que
outras previsões têm apontado, são previsões que apontam para um
crescimento medíocre este ano, bastante pior do que o que o Governo
espera, veremos se se confirmam ou não”, afirmou o presidente
social-democrata, em declarações aos jornalistas no final de um encontro
de duas horas com responsáveis da CGTP-IN, na sede da central sindical,
em Lisboa.
O Ministério das Finanças, por seu lado, considerou
que as previsões da Comissão Europeia confirmam que Portugal deverá
deixar de ter défices excessivos em 2016 e manifestou estranheza
relativamente a algumas das previsões.
“As previsões da Comissão
Europeia (CE) apresentadas hoje apontam para o crescimento da economia
portuguesa em 2016, 2017 e 2018. Estas previsões confirmam ainda que
Portugal deverá sair do Procedimento por Défices Excessivos em 2016”,
refere o Ministério num comunicado emitido ao fim da tarde.
O Ministério das Finanças “acolhe no entanto com estranheza parte das referidas previsões”.
“Fica
por esclarecer a metodologia usada pela Comissão para que a previsão
para o défice de 2016 se situe em 2,7% do PIB. Esta previsão é idêntica
há seis meses, embora os dados sobre a execução orçamental, que são
públicos e escrutináveis, apontem para que se atinja um défice na ordem
dos 2,4% do PIB em 2016 -- o mais baixo dos últimos 40 anos”, salienta a
nota de imprensa.
O Ministério refere ainda que a Comissão
Europeia “reconhece a notável melhoria do mercado de trabalho em
Portugal, com uma redução abrupta do desemprego”.
* Os comissários europeus com raras excepções dizem apenas o que Schauble ou Merkel querem que se diga. As supostas previsões para Portugal não são boas porque são fabricadas e para os outros países????
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