ESTA SEMANA NO
"SOL"
Justiça e MAI não se entendem
O juiz-desembargador Antero Luís, actual secretário-geral do Sistema
de Segurança Interna (SSI) - responsável pela coordenação de todas as
forças e serviços de segurança -, terminou em Março o seu mandato, mas a
escolha do seu sucessor não é consensual no Governo.
Ao que o SOL apurou, os ministros da Administração Interna e
da Justiça - que têm de apresentar uma proposta conjunta ao
primeiro-ministro sobre o sucessor de Antero Luís - não estão de acordo
sobre quem irá ocupar o cargo de 'superpolícia', o que tem adiado a
substituição.
A juíza-desembargadora Margarida Blasco, actual inspectora-geral da
Administração Interna, é o nome apontado por Miguel Macedo. Fonte
conhecedora do processo disse ao SOL que a magistrada - que foi
directora do Serviço de Informações de Segurança (SIS) no Governo de
Durão Barroso - é vista como uma “solução natural”, por ter “um percurso
profissional quase em tudo idêntico” ao de Antero Luís. Este magistrado
completou duas comissões de serviço à frente do (SIS) e termina agora a
terceira e última comissão que lhe é permitida, à frente do SSI. Em Outubro, o juiz regressará ao Tribunal da Relação do Porto.
“O que se pretende é alguém com o perfil de um pacificador, quase um
'capacete azul', que ajude nas relações entre PSP e GNR”, acrescenta a
mesma fonte.
'Não é um magistrado que torna bom este sistema'
A ministra Paula Teixeira da Cruz, porém, mostra resistências a esta
escolha. A verdade é que terá de haver um acordo, uma vez que cabe aos
ministério da Administração Interna e da Justiça apresentar uma proposta
conjunta de candidato, que será depois nomeado pelo
primeiro-ministro.
Até hoje, o Governo tem optado por juízes para este cargo, criado em
2008 e inaugurado por Mário Mendes. “Este cargo deve ser ocupado por
alguém acima de qualquer suspeita, com uma dimensão ética e
conhecimentos inequívocos”, defende Mouraz Lopes, presidente da
Associação Sindical dos Juízes Portugueses. “Não fico mais ou menos
tranquilo por ser um magistrado. A partir do momento em que é designado
para este cargo, deixa de o ser”, contrapõe o presidente do Sindicato
dos Magistrados do Ministério Público, Rui Cardoso, acrescentando: “Não é
um magistrado que torna bom um sistema que é mau”.
* Neste governo o desentendimento entre ministros é trivial.
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