07/05/2019

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HOJE  NO 
"DINHEIRO VIVO"
Três quartos dos trabalhadores 
que ganham menos de 500 euros
 são mulheres

Cerca de metade dos portugueses tem horários fixos de entrada e de saída, segundo estudo sobre flexibilidade laboral.

As mulheres ganham menos, têm poucas responsabilidades e muitas dificuldades em mudar de horário de trabalho apesar de terem a mesma formação que os homens. Esta é a principal conclusão de um estudo da consultoria britânica Polar Insight sobre flexibilidade do trabalho em Portugal. E mais de três quartos (75,5%) das pessoas com rendimentos mensais inferiores a 500 euros são mulheres, enquanto praticamente oito em cada dez pessoas (78,9%) com salários mensal acima dos 3500 euros são homens. 
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Quer homens quer mulheres têm licenciatura e reclamam mais flexibilidade de horário, sobretudo para estarem com a família ou cuidarem de si. Só que o género feminino fica novamente a perder: “o trabalhador flexível é maioritariamente do género masculino, com idade acima dos 46 anos, rendimentos elevados, a trabalhar em grandes empresas, com responsabilidades de coordenação de pessoas”.

As mulheres apenas têm mais facilidade em trabalhar fora de casa “se declararem terem outras pessoas a cargo, como bebés, crianças, idosos e doentes”, refere o documento elaborado em parceria com o CEPCEP – Centro de Estudos sobre Pessoas e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica. 
 Os dados também mostram que cerca de metade dos portugueses tem horários fixos de entrada e de saída. Os funcionários também têm pouca flexibilidade de horário, apesar de as empresas darem meios para trabalhar fora do escritório, como computadores portáteis ou smartphones. O email e a intranet são, por isso, as ferramentas de trabalho colaborativas mais utilizadas. 
 Em Portugal, o trabalho por conta de outrem continua a dominar as rotinas, segundo 70,4% dos 757 entrevistados para este estudo. Apenas 13,7% dos trabalhadores são independentes. Trabalhamos sobretudo a tempo inteiro e só um em cada cinco portugueses (21,8%) diz que é recompensado pelo trabalho suplementar. 
 Há vários fatores que explicam a falta de flexibilidade nas empresas: a cultura de presentismo, em que as pessoas fazem questão de estar no local de trabalho para não serem mal vistas; a fragilidade das relações entre empregados e patrões; a preocupação em garantir o emprego; o medo do isolamento e do esquecimento; e o receio do excesso de regras sobre a flexibilidade. 
A consultora britânica acredita, apesar de tudo, que este cenário vai mudar na próxima década. “Nos próximos dez anos, haverá mudanças sistémicas em todos os setores. Portanto, o meu conselho é que se incentive a flexibilidade hoje para antecipar o futuro”, propõe James Tattersfield, fundador e diretor-geral da Polar Insight.

* A propalada desigualdade de género...

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