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HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
Três quartos dos trabalhadores
que ganham menos de 500 euros
são mulheres
Cerca de metade dos portugueses tem horários fixos de entrada e de saída, segundo estudo sobre flexibilidade laboral.
As mulheres ganham menos, têm poucas
responsabilidades e muitas dificuldades em mudar de horário de trabalho
apesar de terem a mesma formação que os homens. Esta é a principal
conclusão de um estudo da consultoria britânica Polar Insight sobre
flexibilidade do trabalho em Portugal. E mais de três quartos (75,5%)
das pessoas com rendimentos mensais inferiores a 500 euros são mulheres,
enquanto praticamente oito em cada dez pessoas (78,9%) com salários
mensal acima dos 3500 euros são homens.
Quer homens quer mulheres têm licenciatura e reclamam mais flexibilidade
de horário, sobretudo para estarem com a família ou cuidarem de si. Só
que o género feminino fica novamente a perder: “o trabalhador flexível é
maioritariamente do género masculino, com idade acima dos 46 anos,
rendimentos elevados, a trabalhar em grandes empresas, com
responsabilidades de coordenação de pessoas”.
As mulheres apenas têm mais facilidade em
trabalhar fora de casa “se declararem terem outras pessoas a cargo, como
bebés, crianças, idosos e doentes”, refere o documento elaborado em
parceria com o CEPCEP – Centro de Estudos sobre Pessoas e Culturas de
Expressão Portuguesa da Universidade Católica.
Os dados também mostram que cerca de metade dos portugueses tem horários
fixos de entrada e de saída. Os funcionários também têm pouca
flexibilidade de horário, apesar de as empresas darem meios para
trabalhar fora do escritório, como computadores portáteis ou
smartphones. O email e a intranet são, por isso, as ferramentas de
trabalho colaborativas mais utilizadas.
Em Portugal, o trabalho por conta de outrem continua a dominar as
rotinas, segundo 70,4% dos 757 entrevistados para este estudo. Apenas
13,7% dos trabalhadores são independentes. Trabalhamos sobretudo a tempo
inteiro e só um em cada cinco portugueses (21,8%) diz que é
recompensado pelo trabalho suplementar.
Há vários fatores que explicam a falta de flexibilidade nas empresas: a
cultura de presentismo, em que as pessoas fazem questão de estar no
local de trabalho para não serem mal vistas; a fragilidade das relações
entre empregados e patrões; a preocupação em garantir o emprego; o medo
do isolamento e do esquecimento; e o receio do excesso de regras sobre a
flexibilidade.
A consultora britânica acredita, apesar de tudo, que este cenário vai
mudar na próxima década. “Nos próximos dez anos, haverá mudanças
sistémicas em todos os setores. Portanto, o meu conselho é que se
incentive a flexibilidade hoje para antecipar o futuro”, propõe James
Tattersfield, fundador e diretor-geral da Polar Insight.
* A propalada desigualdade de género...
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