ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
FAZEDORES
Homens do campo.
Estes são os novos agricultores
Alfredo Cunhal Sendim, Carlos Ferreira,
Pedro Bragança e João Santiago querem recuperar a agricultura
tradicional. Estas são as histórias deles.
“Não é o ganhar dinheiro que nos move”
Alfredo Sendim, da Herdade do Freixo do Meio, abomina a agricultura industrial, que “estraga o ambiente e não dá trabalho”
.
.
A celebrar 20 anos, a Herdade do Freixo do
Meio, em Montemor-o-Novo, tornou-se um caso exemplar no panorama da
agricultura biológica, e não só pelos seus 1100 hectares. É muito mais
do que a aplicação de um conjunto de regras de um modo de produção.
Alfredo Cunhal Sendim, mentor do projeto, diz que procura seguir uma
filosofia, designada por agro- ecologia, lançada há 11 anos pela FAO,
mas da qual, lamenta, fala-se muito pouco. “A nossa notoriedade não vem
de grandes resultados económicos. Não é o ganhar dinheiro que nos move,
embora procuremos manter a sustentabilidade da exploração. Queremos
respeitar os ciclos de fertilidade da terra e dos seres vivos sem
recurso a externalidades”, sintetiza, para mostrar a sua oposição à
“agricultura industrial”, que abomina por “estragar o ambiente, não dar
trabalho e criar problemas de saúde, com a agravante de esses impactos
negativos não estarem refletidos no preço”. É perentório: “O país não
tem sido capaz, mas tem de se fazer uma transformação agrícola.”
“Desenvolvemos o que de melhor se faz no
mundo”
Para produzir é preciso terra, máquinas e gente boa para trabalhar,
explica Carlos Ferreira, o maior produtor ibérico de melão
Tudo começou em Santarém, há 27 anos, mas aos poucos Carlos Ferreira foi
crescendo, com terrenos próprios e arrendados, alargados à Comporta, a
Coruche e a Beja, onde beneficia do Alqueva.
.
Com 1100 hectares de produção de melão (50% da área em Portugal), tornou-se o principal produtor ibérico, bem como de abóboras. As melancias completam a atividade, embora também produza outros frutos. Escoa os produtos através da Hortomelão, uma organização de produtores onde é responsável por 80% das vendas. O maior crescimento aconteceu nos últimos cinco anos, com a Hortolemão e a Portugal Fresha a permitirem-lhe participar nas feiras de Berlim. “Para produzir é preciso terra, vontade de trabalhar, máquinas, gente boa para trabalhar, e isso não se faz de um dia para o outro.” Não dá mãos a medir para que “o cliente seja sempre bem servido”, por isso já conseguiu produzir melancia sem sementes, melancia para embalar e melancia amarela. “Vemos o que se faz no mundo e os nossos técnicos desenvolvem” – eis a receita.
.
Com 1100 hectares de produção de melão (50% da área em Portugal), tornou-se o principal produtor ibérico, bem como de abóboras. As melancias completam a atividade, embora também produza outros frutos. Escoa os produtos através da Hortomelão, uma organização de produtores onde é responsável por 80% das vendas. O maior crescimento aconteceu nos últimos cinco anos, com a Hortolemão e a Portugal Fresha a permitirem-lhe participar nas feiras de Berlim. “Para produzir é preciso terra, vontade de trabalhar, máquinas, gente boa para trabalhar, e isso não se faz de um dia para o outro.” Não dá mãos a medir para que “o cliente seja sempre bem servido”, por isso já conseguiu produzir melancia sem sementes, melancia para embalar e melancia amarela. “Vemos o que se faz no mundo e os nossos técnicos desenvolvem” – eis a receita.
“Sem sinergias seremos sempre pequenos”
As produções de frutos vermelhos de Pedro Bragança são controladas por
telemóvel, com tecnologia desenvolvida em Portugal
Pedro Bragança é engenheiro informático, sócio, com outros parceiros, de
três empresas de produção de frutos vermelhos, mirtilos e kiwis. A
Landman e a Cucaberies, fundadas há ano e meio, ocupam 27 hectares no
concelho de Guimarães. Com a ajuda de um macrotúnel, a ideia é antecipar
em quatro semanas a oferta na zona Norte.
.
A United Berries, criada há um mês, está a ser montada no sudoeste alentejano, com um investimento de quatro milhões de euros. Em dois ou três anos terá 40 hectares de frutos vermelhos e pretende assegurar a oferta do produto o ano inteiro. Todas as produções estão equipadas com sensores de humidade e de nutrientes, para poderem ser controladas por telemóvel, com tecnologia desenvolvida em Portugal. As três empresas escoam a produção através da BFruit, uma organização de produtores de pequenos frutos que em 2015 faturou 1,6 milhões, número que deverá duplicar neste ano – grande parte para exportação. “São precisas sinergias para ganharmos escala, senão seremos sempre pequenos.”
.
A United Berries, criada há um mês, está a ser montada no sudoeste alentejano, com um investimento de quatro milhões de euros. Em dois ou três anos terá 40 hectares de frutos vermelhos e pretende assegurar a oferta do produto o ano inteiro. Todas as produções estão equipadas com sensores de humidade e de nutrientes, para poderem ser controladas por telemóvel, com tecnologia desenvolvida em Portugal. As três empresas escoam a produção através da BFruit, uma organização de produtores de pequenos frutos que em 2015 faturou 1,6 milhões, número que deverá duplicar neste ano – grande parte para exportação. “São precisas sinergias para ganharmos escala, senão seremos sempre pequenos.”
“Temos de captar novos mercados"
.
João Santiago, CEO da Queijos Santiago, colabora com universidades no desenvolvimento de novos produtos Já na terceira geração, os Queijos Santiago, com fábricas em Lisboa (Malveira), no Porto, em Monforte e em Palmela, está a investir para alargar instalações, renovar equipamentos e ter novos produtos, e assim reforçar as exportações. “É muito difícil aumentar as vendas em Portugal, por isso temos de captar novos clientes”, novos mercados, explica João Santiago, CEO da empresa, que quer faturar neste ano 40 milhões de euros. Tem uma equipa técnica interna que colabora com universidades no desenvolvimento de novos produtos.
.
João Santiago, CEO da Queijos Santiago, colabora com universidades no desenvolvimento de novos produtos Já na terceira geração, os Queijos Santiago, com fábricas em Lisboa (Malveira), no Porto, em Monforte e em Palmela, está a investir para alargar instalações, renovar equipamentos e ter novos produtos, e assim reforçar as exportações. “É muito difícil aumentar as vendas em Portugal, por isso temos de captar novos clientes”, novos mercados, explica João Santiago, CEO da empresa, que quer faturar neste ano 40 milhões de euros. Tem uma equipa técnica interna que colabora com universidades no desenvolvimento de novos produtos.
Dá emprego a 250 trabalhadores, produtores de leite de cabra, ovelha e vaca, e a quem a empresa dá apoio técnico. Celebram contratos de quatro anos, nos quais acordam um valor mínimo e um máximo a pagar pelo leite. “Neste momento, o valor mínimo é de 32 cêntimos por litro”, revela João Santiago, “para que não tenham prejuízo” e para que a empresa “possa continuar a contar com eles”. Uma frota própria faz a recolha do leite e a entrega diária de queijos em dois mil pontos de venda no país.
* Estes portugueses querem fazer um país diferente daquele que preconizava a subserviência de Passos e Portas aos patrões da Europa, sigamos-lhe o exemplo.
Um trabalho de TERESA COSTA.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário