Legionella:
Que impacto teve a alteração da
lei sobre a qualidade do ar interior?
Em Agosto de 2013, a lei relativa à qualidade do
ar interior foi alterada. O Negócios falou com a Associação Portuguesa
de Indústria de Refrigeração e Ar Condicionado (APIRAC) para perceber o
impacto da medida.
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O que mudou?
Auditorias periódicas a cada dois a três anos, de acordo com a tipologia dos edifícios. A lei anterior sobre a qualidade do ar interior e a certificação energética dos edifícios definia uma obrigação. Em Agosto de 2013, deixou de sê-lo.
"A manutenção dos sistemas e da qualidade do ar interior deixou de ser obrigatória na maior parte dos edifícios, enquanto as inspecções obrigatórias aos equipamentos passaram a 'recomendações'", explica Fernando Brito da APIRAC.
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Para além da própria legionella – que já levou à morte de 8 pessoas e infectou outras 300 em Portugal – ficaram também sem "análise preventiva" outros poluentes como radão e monóxido de carbono. Os sistemas de conduta deixaram também de ser verificados.
Já que mais de 80% do tempo de vida do humano é passado dentro de edifícios, a APIRAC mostra-se preocupada quanto ao "perigo da saúde dos utentes". Os edifícios de comércio e serviços, onde esta inspecção obrigatória também foi suprimida, são um dos focos da consternação.
"A poupança energética não pode pôr em causa a boa qualidade do ar interior dos edifícios", defende Francisco Brito perante práticas que diz serem recorrentes e a pouca actuação da fiscalização. "As pessoas não entendem ainda que a manutenção não é um custo mas um investimento, pois evita sobrecustos posteriores e prolonga o ciclo de vida dos sistemas e equipamentos", lamenta ao Negócios.
Que impacto no sector?
Com a alteração da lei, foram mais de mil os trabalhadores a perder o seu emprego, entre engenheiros qualificados pela ADENE (Agência para a Energia) e engenheiros responsáveis pela eficiência energética e qualidade do ar interior do edifício.
A este balanço da APIRAC, juntam-se "centenas" as empresas a fechar portas ou a "reduzir ao mínimo a sua actividade". Investiram pelo menos 15 mil euros em formação, qualificação, credenciação e equipamentos, necessários para o desenvolvimento da actividade. Depois a lei mudou.
Como se dá a infecção?
A legionella só se torna perigosa quando desenvolvida em colónias de milhares ou milhões de bactérias. Em Portugal, os casos apontam para uma ligação às torres de arrefecimento de instalações industriais. Mas o efeito poderia ser semelhante em torres idênticas de grandes edifícios de comércio e serviço, considera a APIRAC.
Basta que estejam reunidas três condições: meio aquoso, alimentação microbiológica como fungos ou resíduos, temperatura entre os 20 e os 45 graus celsius. "Daí que a limpeza e manutenção dos equipamentos sejam fundamentais", reforça ao Negócios.
E é precisamente através da água pulverizada que a legionella poderá entrar no organismo humano, montando-se nas micro-gotículas expulsas para o ambiente. "Esta é a única forma de disseminação da legionella", acautela.
Por isso, não há motivos para alertas no que respeita ao ar condicionado. "99,99% dos equipamentos de ar condicionado existentes no mercado, nomeadamente os existentes em nossas casas e escritórios, não têm qualquer possibilidade de serem causadores da doença, ao contrário do que se possa pensar", esclarece. O risco existe apenas se o ar exterior contaminado entrar no edifício.
* A alteração da lei não é inocente, quem ganhou e quanto com este pecado?
Auditorias periódicas a cada dois a três anos, de acordo com a tipologia dos edifícios. A lei anterior sobre a qualidade do ar interior e a certificação energética dos edifícios definia uma obrigação. Em Agosto de 2013, deixou de sê-lo.
"A manutenção dos sistemas e da qualidade do ar interior deixou de ser obrigatória na maior parte dos edifícios, enquanto as inspecções obrigatórias aos equipamentos passaram a 'recomendações'", explica Fernando Brito da APIRAC.
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Para além da própria legionella – que já levou à morte de 8 pessoas e infectou outras 300 em Portugal – ficaram também sem "análise preventiva" outros poluentes como radão e monóxido de carbono. Os sistemas de conduta deixaram também de ser verificados.
Já que mais de 80% do tempo de vida do humano é passado dentro de edifícios, a APIRAC mostra-se preocupada quanto ao "perigo da saúde dos utentes". Os edifícios de comércio e serviços, onde esta inspecção obrigatória também foi suprimida, são um dos focos da consternação.
"A poupança energética não pode pôr em causa a boa qualidade do ar interior dos edifícios", defende Francisco Brito perante práticas que diz serem recorrentes e a pouca actuação da fiscalização. "As pessoas não entendem ainda que a manutenção não é um custo mas um investimento, pois evita sobrecustos posteriores e prolonga o ciclo de vida dos sistemas e equipamentos", lamenta ao Negócios.
Que impacto no sector?
Com a alteração da lei, foram mais de mil os trabalhadores a perder o seu emprego, entre engenheiros qualificados pela ADENE (Agência para a Energia) e engenheiros responsáveis pela eficiência energética e qualidade do ar interior do edifício.
A este balanço da APIRAC, juntam-se "centenas" as empresas a fechar portas ou a "reduzir ao mínimo a sua actividade". Investiram pelo menos 15 mil euros em formação, qualificação, credenciação e equipamentos, necessários para o desenvolvimento da actividade. Depois a lei mudou.
Como se dá a infecção?
A legionella só se torna perigosa quando desenvolvida em colónias de milhares ou milhões de bactérias. Em Portugal, os casos apontam para uma ligação às torres de arrefecimento de instalações industriais. Mas o efeito poderia ser semelhante em torres idênticas de grandes edifícios de comércio e serviço, considera a APIRAC.
Basta que estejam reunidas três condições: meio aquoso, alimentação microbiológica como fungos ou resíduos, temperatura entre os 20 e os 45 graus celsius. "Daí que a limpeza e manutenção dos equipamentos sejam fundamentais", reforça ao Negócios.
E é precisamente através da água pulverizada que a legionella poderá entrar no organismo humano, montando-se nas micro-gotículas expulsas para o ambiente. "Esta é a única forma de disseminação da legionella", acautela.
Por isso, não há motivos para alertas no que respeita ao ar condicionado. "99,99% dos equipamentos de ar condicionado existentes no mercado, nomeadamente os existentes em nossas casas e escritórios, não têm qualquer possibilidade de serem causadores da doença, ao contrário do que se possa pensar", esclarece. O risco existe apenas se o ar exterior contaminado entrar no edifício.
* A alteração da lei não é inocente, quem ganhou e quanto com este pecado?
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