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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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"Já não conseguia aguentar
mais violações e torturas"
Nadia e Lamia, as "escravas sexuais" que são a voz dos yazidi no mundo
Nadia
Murad e Lamia Haji Bashar, hoje distinguidas com o prémio Sakharov,
sofreram durante meses como escravas sexuais do grupo extremista Estado
Islâmico, tornando-se rostos de uma campanha global para proteger o povo
yazidi de um potencial genocídio.
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Murad
foi levada pelos 'jihadistas' da sua aldeia natal, Kocho, perto da
cidade iraquiana de Sinjar, em agosto de 2014 e levada para Mossul,
bastião do Estado Islâmico no Iraque.
Enquanto
refém do temido grupo extremista, Murad, atualmente com 23 anos, diz
que foi torturada e violada. Os 'jihadistas', conta, obrigaram-na a
renegar a fé yazidi, uma antiga religião, pré-cristã, com cerca de meio
milhão de fiéis naquela zona do norte do Iraque.
"A primeira coisa que fizeram foi obrigar-nos a converter ao Islão", relatou Murad em entrevistas.
Num
discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, a
jovem contou como foi "casada" com um dos 'jihadistas' do grupo
extremista, que troçava dela, lhe batia e a obrigou a usar maquilhagem e
roupas justas.
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"Já não conseguia aguentar mais violações e torturas", disse, ao explicar porque decidiu fugir.
Lamia Bashar também é natural de Kocho e tinha apenas 16 anos quando foi raptada.
"É
uma mulher extraordinariamente forte que suportou coisas que eu não
desejaria a ninguém", disse um psicólogo que conseguiu tratamento para
Bashar na Alemanha, Jan Kizilhan, à agência France Presse.
"Muitos
dos seus familiares e amigos foram mortos à sua frente pelo Estado
Islâmico antes de ser raptada, escravizada, vendida várias vezes e
repetidamente violada juntamente com outras raparigas yazidi", explicou.
Lamia
Bashar tentou fugir várias vezes durante os 20 meses em que esteve
sequestrada pelos 'jihadistas' até finalmente conseguir fazê-lo. Mas
depois caiu nas mãos do diretor de um hospital em Hawjiah que também
abusou dela e a violou, assim como a outras vítimas.
Acabou
por conseguir fugir, com duas outras raparigas, mas na viagem para
Kirkuk uma delas pisou uma mina terrestre que a matou instantaneamente,
relatou o médico e ativista yazidi Mirza Dinnayi.
O
médico trata de Lamia Bashar desde que ela chegou à Alemanha, em abril.
A jovem sobreviveu à explosão, mas sofreu queimaduras na cara e perdeu o
olho direito.
Peritos da ONU
concluíram que o massacre de yazidis pelo Estado Islâmico em 2014
constituiu um esforço premeditado para exterminar uma comunidade
inteira, crime enquadrável como genocídio.
Nadia
Murad, que perdeu seis irmãos e a mãe no ataque dos 'jihadistas' a
Sinjar, tem demonstrado em discursos e entrevistas uma profunda
frustração com a comunidade internacional por ter abandonado o seu povo.
"Não nos protegeram deste genocídio", disse numa entrevista depois de discursar no Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho.
* Porque se tolera esta barbaridade?
* Porque se tolera esta barbaridade?
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