Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
26/06/2011
FERNANDA CÂNCIO
O 'harakiri' do Bloco
Em 2008, num debate com Louçã promovido pela editora Tinta da China, confrontei-o com o facto de o Governo PS ter, até então, posto em prática uma parte considerável do programa do Bloco. Ele não negou, limitou-se a dizer qualquer coisa como: "Ainda bem, significa que conseguimos fazer valer o nosso ponto de vista." Sucede que as medidas em causa não se limitavam às áreas que fizeram desde o início a imagem do BE, relacionadas com questões de género, de sexualidade e de regulação legal das relações (e que estapafurdiamente os media insistem em denominar de "fracturantes", sem se darem conta de como estão, nessa denominação, a abandonar a propalada objectividade e a tomar posição). Incluíam a aposta nas energias "limpas" como alternativa aos combustíveis fósseis; o aumento do salário mínimo; a alteração das regras de legalização dos imigrantes; a restrição da prisão preventiva; a generalização do acesso à banda larga e às tecnologias da informação; o reforço das pensões (com convergência com o salário mínimo) e do apoio social aos idosos; a limitação da concentração na comunicação social; o reforço do ensino profissional e "a certificação de competências numa lógica de aprendizagem ao longo da vida".
Pouco havia, de resto, no programa eleitoral do BE de 2005 que fosse incompatível com o do PS; à excepção de propostas como a da "nacionalização da energia", da contestação aos limites de défice orçamental fixados pela UE e da exigência de retirada da GNR do Iraque, quem lesse um e outro podia sem dificuldade imaginar um governo de coligação entre os dois. Foi aliás uma hipótese muito explorada no período pré-eleitoral. Mas o PS não só teve maioria absoluta como, ao pôr em prática uma parte substancial do programa "moderado" do BE e assumindo como suas bandeiras que fizeram a imagem do partido de Louçã, da legalização do aborto até às dez semanas por decisão da mulher à lei da paridade, passando pela procriação assistida e pela alteração do regime jurídico do divórcio, pôs o Bloco perante o dilema de apoiar o Governo e correr o risco de ser "engolido" ou de se radicalizar. Escolheu a segunda via, investindo na ideia de que o PS deixara de ser um partido de esquerda e tentando crescer à custa do seu eleitorado. Nesse caminho ficou Sá Fernandes, o independente que se candidatara pelo BE à Câmara de Lisboa e que o partido depositou nos braços do PS, e a tragicomédia da candidatura de Alegre. Para terminar na moção de censura ao lado da direita e na recusa de negociação com o FMI. O episódio Rui Tavares - que sempre defendeu as pontes com o PS - é o último do longo harakiri que o Bloco se infligiu desde 2005. Na cegueira megalómana de se afirmar "a única alternativa de esquerda", provou não ser alternativa nenhuma. E ou muda, e rápido, ou morre. A fileira dos irredutíveis lunáticos já está muito bem representada pelo PCP, obrigada.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
24/06/11
ALMORRÓIDA TEMERÁRIA
ARTISTA CONFRONTA MEDO, NUA,
EM ESTRUTURAS DE RISCO
Miru Kim utiliza o seu corpo para trabalhar, para criar fotografias que 'afrontem' os tabus e os medos da sociedade. Assim os sítios que escolhe para se fotografar são áreas tabú para a maior parte das pessoas.
A artista de 30 anos de idade começou a tirar este tipo de fotografias em 2004 e não foi fácil. Não estava habituada à máquina fotográfica, e estava nervosa por estar nua. Miru estava a tentar sentir-se à vontade com a nudez, uma vez que ia pousar sem roupa para um retrato de um pintor alemão.
Depois da experiência decidiu então que iria pôr os preconceitos de parte e começar a fotografar-se nua nos lugares mais detestados e temidos pela sociedade, como casas abandonadas, pocilgas, etc.
IN "SÁBADO"
26/06/11
ALMORRÓIDA ALERTA
Ar poluído por ozono
em três concelhos do distrito do Porto
Três concelhos em redor do Porto registaram, ao início da tarde deste domingo, valores de poluição do ar por ozono acima do limiar de informação à população, anunciou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a directora de Serviços de Ambiente da CCDR-N, Paula Pinto, refere que foram detectados entre as 13 horas e as 14 horas valores de ozono acima dos 180 microgramas por metro cúbico nas estações de Vermoim (Maia), Ermesinde (Valongo) e Avintes (Gaia).
"Durante o período de ultrapassagem do limiar de informação à população, as pessoas mais sensíveis (crianças, idosos, asmáticos e indivíduos com problemas respiratórios) devem evitar inalar uma grande quantidade de ar poluído, especialmente durante o período mais quente (durante a tarde)", recomenda Paula Pinto.
Pelo mesmo motivo, deve ser reduzida "ao mínimo" a actividade física intensa ao ar livre e devem ser evitados outros factores de risco, "como o fumo do tabaco e a utilização de produtos irritantes contendo solventes na sua composição, uma vez que estes podem agravar os efeitos da exposição a concentrações elevadas de ozono".
A responsável lembra aos grupos de população particularmente vulneráveis a este tipo de poluição que "devem também respeitar escrupulosamente os tratamentos médicos em curso ou recorrer a cuidados médicos, em caso de agravamento de eventuais sintomas".
A CCDR-N detectou sábado outra ultrapassagem do limiar de informação de concentração de ozono, na estação de Lamas d'Olo, Vila Real, que chegou a atingir os 218 microgramas por metro cúbico (o limiar de alerta é de 240 microgramas) entre as 18 horas e as 19 horas.
Os níveis de ozono em Lamas d'Olo foram baixando ao longo da noite, regressando abaixo dos 180 microgramas entre as zero horas e a uma da manhã deste domingo. "O ozono troposférico é um poluente secundário, o que significa que, ao contrário dos outros poluentes monitorizados na Rede de Qualidade do Ar da Região Norte, não é emitido diretamente por nenhuma fonte, resultando da reação de outros poluentes entre si na atmosfera (como CO, NOx e COV) em presença da radiação solar", explica Paula Pinto. A diretora acrescenta que "os valores mais elevados deste poluente ocorrem geralmente no verão, durante o período da tarde, coincidindo com a máxima atividade fotoquímica", podendo resultar do "transporte de emissões produzidas em locais a uma média/longa distância".
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
26/06/11
TENHA UM BOM DOMINGO
...que o calor e os "cintos" vão apertar
COMPRE JORNAIS E REVISTAS
ainda socratices
Crise internacional.
Apenas 1,3% do défice português é conjuntural
A crise internacional teve impacto diferente em cada país. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) calculou ontem que, em média, a conjuntura custou 2,2 pontos percentuais ao défice de 2010 em 29 dos países que a compõem - países esses que fecharam o ano passado com um défice médio de 3,4% do produto interno bruto (PIB). Já Portugal, dizem os números da OCDE, apesar de ter sofrido menos com o factor cíclico - que teve um impacto de 1,9 pontos no défice -, registou um dos maiores défices estruturais entre os países da OCDE.
Segundo o quadro ontem publicado por esta organização no capítulo dedicado a Portugal do estudo "Panorama da governação: 2011", dos 9,1% de défice de Portugal apenas 1,3% se deveram ao factor cíclico, um dos valores mais baixos entre os 29 países considerados - que incluem os da zona euro, os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá, Israel ou a Coreia do Sul. Já na estrutura da economia portuguesa, esta foi responsável pelos restantes 7,8% de défice, o terceiro pior registo estrutural dos países considerados.
Na Irlanda e na Grécia, os companheiros de Portugal no pedido de ajuda ao FMI, os valores são algo diferentes dos portugueses. O défice cíclico da Irlanda foi de 25% - já que foi provocado pela queda abrupta de quase todo o sector bancário, um evento não recorrente -, ao passo que o défice estrutural foi de 7,4%. Já na Grécia, o impacto da conjuntura custou 3,9% para um défice de estrutura na economia grega de 6,5%.
"i"
os amigalhaços do império do betão
Estudo entregue à troika
propõe fecho de 800 km de linha férrea
Documento feito, à revelia da Refer, pelo anterior Governo do PS deixa a rede ferroviária circunscrita basicamente ao eixo Braga-Faro, Beira Alta e Beira Baixa. Restantes linhas seriam amputadas ou desapareceriam.
A concretizar-se, será uma razia idêntica à do fim dos anos de 1980, quando Portugal encerrou 800 quilómetros de linhas de caminho-de-ferro, sobretudo no Alentejo e em Trás-os-Montes. O Governo de José Sócrates propôs à troika o encerramento de 794 quilómetros de vias-férreas, também com particular incidência no Norte e no Alentejo, mas desta vez incluindo algumas linhas do litoral, como a própria Linha do Oeste, que seria encerrada entre Louriçal e Torres Vedras (127 quilómetros).
O estudo foi realizado, à revelia da Refer, por uma equipa conjunta do Ministério das Finanças e do Ministério das Obras Públicas e Transportes. E consolida o fim das linhas que até agora estavam encerradas "provisoriamente" à espera de obras de modernização (Corgo, Tâmega, Tua e troços Figueira da Foz-Pampilhosa e Guarda-Covilhã, num total de 192 quilómetros). Inclui também a Linha do Douro, entre Régua e Pocinho (68 quilómetros), a Linha do Leste entre Abrantes e Elvas (130 quilómetros), a Linha do Vouga (96 quilómetros), o ramal de Cáceres (65 quilómetros), a Linha do Alentejo entre Casa Branca e Ourique (116 quilómetros). Esta última deixaria Beja sem comboios, apesar de, neste momento, a CP estar a preparar uma oferta especial desta cidade aos Intercidades de Évora.
O documento foi apresentado à troika como uma medida eficaz de redução da despesa pública, uma vez que tem um forte impacto simultâneo nas contas da Refer e da CP. Na primeira empresa reduz custos de manutenção e de exploração e na segunda permite-lhe acabar com o serviço regional onde este é mais deficitário (embora nalgumas linhas a abater exista um significativo tráfego de mercadorias).
"PÚBLICO
verdadeira inteligência aplicada
'Fascínio tecnológico' na Saúde deve ser combatido
A ideia de que a medicina é tecnologia «encareceu de modo brutal» a actividade, «sem benefícios claros nos resultados e com aumento do sofrimento do doente», muitas vezes devido a exames desagradáveis e dolorosos.
«Só depois de bem orientada a recolha de dados clínicos, decidimos se é necessário pedir outros exames [como raio-X, TAC, ressonância magnética, etc.]», salienta António Martins Baptista, especialista em medicina interna.
É frequente ver doentes «com sacos cheios de exames» feitos noutras especialidades e só um internista encontra uma razão para os sintomas. «Ouvimos as queixas, fazemos o exame físico e integramos toda aquela informação que o doente traz. O conjunto permite fazer um diagnóstico a que ainda ninguém tinha chegado», conta o especialista, ao SOL.
O médico privilegia a história clínica e o exame físico, mais do que análises ao sangue e outros exames, como os «de imagem». Aliás, a sua ferramenta de trabalho mais valiosa é a «sabedoria médica», aliada à empatia para com o doente, ao tempo que lhe dedica, às suas mãos e a um simples estetoscópio. Por isso, no momento em que a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) comemora 60 anos, Martins Baptista reforça que se deve combater «o fascínio tecnológico dos profissionais de Saúde e dos doentes».
O presidente da SPMI acredita que um internista é, por isso, um médico do doente na sua globalidade e não da doença, «não do rim ou do coração, não do jovem ou do idoso». Razão que o levou a optar por esta que é a especialidade de Dr. House e que considera ser exactamente a especialidade do diagnóstico – «a actividade mais nobre da profissão».
"SOL"
sexto da europa é uma feito
João Pereira em 6.º lugar nos Europeus
prova ganha pelo britânico Alistair Brownlee
João Pereira, no sexto lugar dos Europeus de triatlo, foi este sábado o melhor representante português em Pontevedra, na prova ganha pelo britânico Alistair Brownlee, em 1:48.48 horas, oito segundos mais rápido que o irmão, Jonathan Brownlee.
Os outros portugueses melhor colocados foram Bruno Pais e Duarte Marques, respetivamente no 16.º e no 19.º lugares, enquanto o russo Dmitry Polyansky completou o pódio, 1.22 minutos atrás do novo campeão.
Miguel Arraiolos, vítima de queda no setor de ciclismo, não terminou a prova, tal como João Silva, que abandonou em dificuldades físicas, já no percurso de atletismo.
O campeão do Mundo, o galego Javier Gomez, a correr em casa, ficou-se pela 40.º posição.
"RECORD"
alerta máximo
Diabetes mais que duplicou em 30 anos
Estudo publicado na revista 'Lancet' revela que existem 347 milhões de diabéticos no mundo
O número de adultos com diabetes em todo o mundo mais do que duplicou desde 1980 para 347 milhões, revela um estudo publicado na revista "Lancet" que atribui a situação ao envelhecimento da população e expansão do problema da obesidade.
O estudo, que contou com o apoio da Fundação Bill & Melinda Gates e da Organização Mundial de Saúde, consistiu na análise de mais de 150 inquéritos de saúde e pesquisas sobre o tipo 2 de diabetes em adultos com mais de 25 anos de 199 países e territórios e no cálculo do número de casos noutros 92 países.
Segundo esta pesquisa, existem 347 milhões de diabéticos no mundo face aos 153 milhões que existiam em 1980, sendo que 138 milhões vivem na China e na Índia e outros 36 milhões nos Estados Unidos e Rússia. Um outro estudo indicava que existia em 2010 um total de 285 milhões de diabéticos.
Problema global
Os investigadores consideram que a doença já não está limitada aos países desenvolvidos, mas que é agora um problema global.
Cabo Verde, ilhas Samoa, Arábia Saudita, Papua Nova Guiné e Estados Unidos são os países onde a doença se expandiu mais rapidamente nos últimos 30 anos, revela a pesquisa, segundo a qual o aumento do número de diabéticos está essencialmente relacionado com o envelhecimento da população - a doença afeta normalmente as pessoas com meia-idade - e aumento das taxas de obesidade.
"Os diabetes poderão bem tornar-se no principal problema de saúde da próxima década", disse um dos autores do estudo, Majid Ezzati, da Imperial College de Londres.
Este investigador realçou que os números ainda não incluem as gerações de crianças obesas e jovens adultos predispostos a desenvolver a doença, o que elevará a sua incidência, podendo criar uma sobrecarga dos sistemas de saúde.
"Ainda não atingimos o pico desta onda", afirmou Ezzati ao sublinhar que, "ao contrário da tensão alta e do colesterol, ainda não temos bons tratamentos para os diabetes".
"EXPRESSO"
com eles (ovários) no sítio
Mulheres forcadas ignoram
"comentários maus" dos homens
O machismo de muitos homens e as críticas por parte dos grupos de forcados masculinos são dois adversários difíceis para o Grupo de Forcados Femininos de Benavente, o primeiro composto por mulheres em todo o país.
"Nem todos reconhecem o nosso trabalho", refere Susana Frieza, 16 anos, cabo do grupo e impulsionadora do projecto que nasceu há cerca de três anos em Benavente. As principais críticas, dizem, têm surgido por parte do sexo masculino: "Os homens dizem que o nosso lugar é em casa, a lavar a loiça e a coser meias". "Os homens dizem que não é para nós, mas não ligamos", afiança Sara Rodrigues, 24 anos, outro elemento do grupo. Trajada a rigor, Susana Frieza prefere valorizar os "muitos aplausos" do público. Já "os comentários maus dão-nos força para continuar", acrescenta.
João Lima, presidente da direcção do Grupo de Forcados, que integra o sector feminino e o masculino, refere que "há uma altura em que os homens perguntam o que elas estão ali a fazer, mas depois as coisas começam a correr bem". "Para mim, as mulheres têm tanto direito como têm os homens e enquanto cá estiver vou fazer o possível para que se mantenham", assegura o dirigente, entusiasmado com o projecto.
O presidente da direcção explica que as temporadas têm corrido dentro da normalidade e "já há quem peça especificamente a participação do grupo feminino, que está sempre disposto a actuar". Nélia Pereira, 27 anos, outro dos elementos, garante que a ideia é "para continuar". Até porque "temos bastante orgulho em ser o único grupo feminino no país e no mundo e só queremos continuar a dar mais e mais". O grupo tem agora como objectivo participar fora do país. "Queremos continuar a mostrar aquilo que sabemos fazer", conclui Susana Frieza.
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
sinais de fogo
Incêndios:
Protecção Civil registou 97 ocorrências
desde as 00:00, mas só falta extinguir nove fogos
A Autoridade Nacional de Proteção Civil registou 97 fogos desde as 00:00, dos quais nove ainda estão por extinguir, indica a página da Internet deste organismo.
O maior incêndio (com mais de duas horas, mais de dez veículos ou, pelo menos, três meios aéreos pesados) lavra desde as 06:36 numa zona de mato em Marrancos, no concelho de Vila Verde (Braga) e está dado como "dominado".
No sábado, registaram-se 280 ocorrências que mobilizaram 2.860 homens e 782 veículos.
"LUSA/VISÃO"
a pior opção para emagrecer
Governo despede 68 mil funcionários públicos
O PSD quer reduzir em 68 mil o número de funcionários na Administração Central. O programa eleitoral é claro na aplicação da regra de contratação de uma só pessoa por cada cinco que saiam. Em quatro anos, a medida terá emagrecido a Função Pública em 13,2%.
No final do ano passado, a Administração Central tinha cerca de 512 mil funcionários. Nos últimos doze meses saíram 21 mil para a reforma. Caso este ritmo de saídas se mantenha durante os quatro anos de duração da nova legislatura, significa que perto de 85 mil trabalhadores irão para a reforma. A aplicação da proposta do PSD permitiria contratar apenas 17 mil pessoas durante esse período de tempo, o que resultaria num saldo negativo de 68 mil funcionários públicos, ou seja, 13,2% do total de trabalhadores na Administração Central.
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
não vale crucificar
Árbitros podem passar a ser avaliados
com recurso a imagens
A Liga Portuguesa pretende testar, já na nova época, um sistema de avaliação mista de arbitragem, que passa a juntar imagens televisivas aos relatórios dos observadores.
O projecto piloto de avaliação mista para a arbitragem vai ser um dos assuntos da mesa na Assebleia Geral da Liga, marcada para amanhã, às 19 horas, na sede do organismo, no Porto.
Caso a proposta seja aceite, todos os jogos das duas ligas profissionais em Portugal passarão a estar inseridas neste processo de avaliação e os árbitros passarão a ser avaliados, não só com os relatórios dos observadores, mas também com as imagens televisivas, sejam elas de cadeias de televisão ou cedidas pelos próprios clubes.
Para amanhã estão ainda agendadas outras propostas, nomeadamente as punições pelo arremesso de objetos, que podem levar à interdição dos estádios.
"A BOLA"
Portugal exemplar
Centro é a região do Mundo com mais dadores
Portugal foi um dos países do Mundo onde se realizaram mais colheitas de órgãos em 2010, voltando a ultrapassar a barreira dos 30 dadores por um milhão de habitantes. De acordo com o relatório anual da Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplantação, foram colhidos 926 órgãos nos hospitais portugueses.
Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) são uma das unidades mais activas na área da transplantação. "Em 2010 fomos um dos hospitais que mais transplantes fez no País. Temos 162 transplantes de rim, 28 de coração, 155 de córnea, 151 de osso, 53 de fígado e 27 de medula. Fomos quem mais transplantou a nível nacional em rim, coração e osso. Por exemplo, a nível da transplantação cardíaca, só a equipa do professor Manuel Antunes transplantou mais do que as outras três unidades nacionais juntas", explicou Fernando Regateiro, presidente dos HUC.
Os dadores portugueses são cada vez mais velhos: em 2010, 34 por cento tinham mais de 60 anos. Ainda assim, no Centro do País os números agradam ao responsável. "É a região do Mundo onde há mais dadores. Ultrapassou a média de Espanha, com 37,8 dadores por um milhão de habitantes em 2010". "Os HUC são a unidade que mais órgãos transplanta em Portugal. São uma escola. Têm uma cultura de transplantação. Um hospital que possa fazer transplantação pode fazer tudo", salienta Fernando Regateiro.
"CORREIO DA MANHÃ"
o grande problema está no legislador
Passos deverá manter o PGR
por apenas mais nove meses
Novo Governo não confia no procurador-geral da República, o que poderá levar à saída de Pinto Monteiro antes do final do seu mandato
O mandato de Pinto Monteiro só termina nos últimos meses do próximo ano, mas Passos Coelho e Paula Teixeira da Cruz poderão tentar antecipar a sua saída para daqui a nove meses, altura em que o procurador-geral da República faz 70 anos. O seu mandato só termina seis meses depois.
A notícia foi avançada pelo “Expresso” , que salienta que a desconfiança do novo Executivo face ao procurador é conhecida, depois de Passos Coelho ter proferido várias declarações que apontam para a substituição do responsável.
Passos Coelho afirmou, no Verão do ano passado, que “seria um bom contributo para recuperar a credibilidade da Justiça que fosse designado um novo procurador”. Em Maio, o primeiro-ministro considerou que Pinto Monteiro tem tido “um desempenho que não é satisfatório” , reiterando a necessidade de substituir o responsável.
Também Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, considerou, em Agosto, que Pinto Monteiro contribuía para a “degradação da imagem da Justiça”.
"SÁBADO"
O NAVIO NEGREIRO
Com imagens do filme Amistad, realizado por Steven Spielberg. Escute Tragédia no mar (ou O navio negreiro) de Castro Alves, na voz de Paulo Autran.
O poeta Castro Alves escreveu O navio negreiro aos 22 anos, em 1869. A lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos, fora promulgada quase vinte anos antes. Cada parte do poema tem métrica própria, de maneira que o ritmo de cada estrofe retrata a situação apresentada nela.
O poeta Castro Alves escreveu O navio negreiro aos 22 anos, em 1869. A lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos, fora promulgada quase vinte anos antes. Cada parte do poema tem métrica própria, de maneira que o ritmo de cada estrofe retrata a situação apresentada nela.
2- PLANTAS BENFAZEJAS
29 - ILUSTRES PORTUGUESES DE SEMPRE »»» ana de castro osório
Ana de Castro Osório (Mangualde, 18 de Junho de 1872 — Setúbal, 23 de Março de 1935) foi uma escritora, especialmente no domínio da literatura infantil, pedagoga, feminista e activista republicanaportuguesa.
Escreveu, em 1905, “Mulheres Portuguesas”, o primeiro manifesto feminista português. Ana de Castro Osório foi pioneira na luta pela igualdade de direitos. O seu activismo levou à criação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Colaborou com Afonso Costa na criação da Lei do Divórcio. Defendeu até à exaustão que as mulheres não deviam ser meras peças decorativas e que a educação era o “passo definitivo para a libertação feminina”. Mas há mais. Esta mulher notável é considerada a fundadora da literatura infantil em Portugal. Escreveu romances, novelas e peças de teatro.
Em 1911, estava escrito na lei que tinham direito a voto apenas “cidadãos portugueses com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família”. Apesar de não ser dito explicitamente, as mulheres estavam excluídas. Ana de Castro Osório rebelou-se contra esta e outras situações. Lutou por direitos como o voto universal e a igualdade de salários. Não estava disposta a engolir discriminações. Encontramos o seu grande objectivo nas páginas do livro “Mulheres Portuguesas”: “O caminhar do espírito feminino para a sua autonomia.” Ana de Castro Osório desenrolava os mais robustos argumentos para defender a causa das mulheres.
Esta cidadã notável nasceu em Mangualde em 18 de Junho de 1872. Despertou cedo para a escrita. Talvez fosse o ambiente familiar: o gosto pelas palavras corria-lhe nas veias. O seu irmão, Alberto Osório de Castro, foi poeta. Os seus dois filhos e netos também se tornaram escritores. Ana de Castro Osório iniciou a carreira literária em Setúbal, colaborando com vários periódicos. A partir de 1897 começou a publicar uma colecção em fascículos, intitulada “Para as Crianças”, obra gigantesca que durou até à sua morte.
Foi aqui que nasceu a literatura infantil em Portugal. Cada edição tinha um pouco de tudo: traduções de contos dos irmãos Grimm ou de Andersen, originais da autoria da escritora e adivinhas. As crianças deliciaram-se. Beatriz Pinheiro, directora da revista “Ave-Azul”, escreveu, em 1899, que Ana de Castro Osório “soube compreender a necessidade de prazer intelectual que se faz sentir na criança”. Publicou, nesse mesmo ano, o primeiro excerto do romance “Ambições”, que viria a ser editado em 1903. Foi o primeiro de uma série de histórias de ficção dirigidas a adultos.
O poder dos homens na sociedade portuguesa de então fazia com que ser mulher - e interventiva - fosse inevitavelmente uma arte. Ana de Castro Osório teve essa destreza. Casou com Paulino de Oliveira, poeta e membro do Partido Republicano. Aproximou-se do campo republicano e, com isso, pôde defender os seus ideais num quadro partidário. A nível associativo, fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Grupo de Estudos Feministas. Escreveu artigos e organizou conferências. Tudo em prol da mulher. Com o advento da República, colaborou com o ministro da Justiça, Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio.
Apesar da sua luta, Ana de Castro Osório tinha uma opinião crítica sobre a mulher portuguesa. Escreveu: “Não tem opinião para não ser pedante, não lê para não ser doutora e não ver espavoridos os maridos.” Atacava quem se confinava ao silêncio, como que num sono apático.
Em 1911, o marido foi nomeado cônsul em São Paulo. Ana de Castro Osório acompanhou-o. Foi professora e escreveu alguns livros, entre os quais “Lendo e Aprendendo” e “Lição de História”, dois manuais adoptados pelas escolas brasileiras e portuguesas. Foi o seu contributo para a construção da lusofonia. Regressou a Portugal em 1914. Dois anos mais tarde, o País entrou na I Guerra Mundial, enviando um corpo expedicionário para as trincheiras da Flandres. Para dar apoio moral às tropas, criou as “Madrinhas de Guerra”, instituição que existiu até ao 25 de Abril. Faleceu em Setúbal em 23 de Março de 1935.
Foi um exemplo de empenho e dedicação por uma causa justa. Claro que não foi do dia para a noite que as mulheres derrubaram os muros da discriminação. Como todo o movimento de mudança, o discurso vem antes da prática. Ainda hoje há verdadeiros redutos masculinos - como a política ou os negócios -, dominados pela equipa dos machões de barba rija. A igualdade dos sexos é, seguramente, uma luta que ainda não terminou, mas sem activistas como Ana de Castro Osório a tarefa seria bem mais difícil.
Esta cidadã notável nasceu em Mangualde em 18 de Junho de 1872. Despertou cedo para a escrita. Talvez fosse o ambiente familiar: o gosto pelas palavras corria-lhe nas veias. O seu irmão, Alberto Osório de Castro, foi poeta. Os seus dois filhos e netos também se tornaram escritores. Ana de Castro Osório iniciou a carreira literária em Setúbal, colaborando com vários periódicos. A partir de 1897 começou a publicar uma colecção em fascículos, intitulada “Para as Crianças”, obra gigantesca que durou até à sua morte.
Foi aqui que nasceu a literatura infantil em Portugal. Cada edição tinha um pouco de tudo: traduções de contos dos irmãos Grimm ou de Andersen, originais da autoria da escritora e adivinhas. As crianças deliciaram-se. Beatriz Pinheiro, directora da revista “Ave-Azul”, escreveu, em 1899, que Ana de Castro Osório “soube compreender a necessidade de prazer intelectual que se faz sentir na criança”. Publicou, nesse mesmo ano, o primeiro excerto do romance “Ambições”, que viria a ser editado em 1903. Foi o primeiro de uma série de histórias de ficção dirigidas a adultos.
O poder dos homens na sociedade portuguesa de então fazia com que ser mulher - e interventiva - fosse inevitavelmente uma arte. Ana de Castro Osório teve essa destreza. Casou com Paulino de Oliveira, poeta e membro do Partido Republicano. Aproximou-se do campo republicano e, com isso, pôde defender os seus ideais num quadro partidário. A nível associativo, fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Grupo de Estudos Feministas. Escreveu artigos e organizou conferências. Tudo em prol da mulher. Com o advento da República, colaborou com o ministro da Justiça, Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio.
Apesar da sua luta, Ana de Castro Osório tinha uma opinião crítica sobre a mulher portuguesa. Escreveu: “Não tem opinião para não ser pedante, não lê para não ser doutora e não ver espavoridos os maridos.” Atacava quem se confinava ao silêncio, como que num sono apático.
Em 1911, o marido foi nomeado cônsul em São Paulo. Ana de Castro Osório acompanhou-o. Foi professora e escreveu alguns livros, entre os quais “Lendo e Aprendendo” e “Lição de História”, dois manuais adoptados pelas escolas brasileiras e portuguesas. Foi o seu contributo para a construção da lusofonia. Regressou a Portugal em 1914. Dois anos mais tarde, o País entrou na I Guerra Mundial, enviando um corpo expedicionário para as trincheiras da Flandres. Para dar apoio moral às tropas, criou as “Madrinhas de Guerra”, instituição que existiu até ao 25 de Abril. Faleceu em Setúbal em 23 de Março de 1935.
Foi um exemplo de empenho e dedicação por uma causa justa. Claro que não foi do dia para a noite que as mulheres derrubaram os muros da discriminação. Como todo o movimento de mudança, o discurso vem antes da prática. Ainda hoje há verdadeiros redutos masculinos - como a política ou os negócios -, dominados pela equipa dos machões de barba rija. A igualdade dos sexos é, seguramente, uma luta que ainda não terminou, mas sem activistas como Ana de Castro Osório a tarefa seria bem mais difícil.
IN " OS GRANDES PORTUGUESES"
RTP COMPREENDER ANA DE CASTRO OSÓRIO
ANA DE CASTRO OSÓRIO – Educadora – Pioneira do Movimento Feminino em Portugal. – Aqui há tempos, a propósito do início das obras do futuro hospital de Loures, escrevi no «Capeia Arraiana» um texto sobre Carolina Beatriz Ângelo, natural da Guarda, uma das primeiras mulheres médicas em Portugal, cujo nome foi dado ao novo hospital.
Carolina Beatriz Ângelo foi, juntamente com Ana de Castro Osório, Maria Amália Vaz de Carvalho, Virgínia de Castro e Almeida, Maria Veleda, Adelaide Cabete, Maria Lamas e outras ilustres mulheres portuguesas, precursora da luta pela igualdade de direitos cívicos e políticos entre homem e mulher.
As primeiras décadas do século XX europeu constituíram um tempo absolutamente revolucionário, no domínio dos valores e do quotidiano. Com a 1.ª Guerra Mundial (1914-18), chega ao fim a Belle Époque e inicia-se uma período que culminará com os «loucos anos 20», marcados pela pressa de viver, pelo desenvolvimento da cultura de massas (o cinema, a rádio, o desporto, etc), pelo jazz e pelas novas danças (o charleston, o one-step, o jazz, o tango) e também por importantes transformações na condição feminina. Durante a Guerra, ao substituírem os homens mobilizados, as mulheres começam a ter acesso a profissões e actividades que, até aí, não lhes eram muito habituais: manipulação de máquinas industriais, condução de autocarros e de eléctricos, etc. As próprias profissões «intelectuais», como jornalista, médica, advogada, professora universitária, começam a ver chegar as primeiras mulheres. Nos anos vinte, o aspecto e os hábitos de vida revelam uma nova mentalidade: as saias curtas e travadas, o cabelo «à garçonne», a frequência de praias e de cabarets, a prática de desportos como a natação, o ténis e o ciclismo mostram uma mulher mais confiante e emancipada.
E em Portugal?
O nosso País acabará por receber, com algum desfasamento, como era habitual, os reflexos deste novo clima mental.
As primeiras décadas do século, em Portugal, caracterizam-se pelo enfrentamento de duas tendências: a primeira, conservadora, tradicionalista, apegada aos valores ditos nacionais, foi culturalmente representada pelo movimento da Renascença Portuguesa, com Teixeira de Pascoais como corifeu, e, politicamente, pelo Integralismo Lusitano, em que pontificou António Sardinha; a segunda, progressista, renovadora e inconformista, terá em António Sérgio e no movimento da Seara Nova a sua melhor expressão política e na geração de Orfeu, representada por José de Almada Negreiros, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, a expressão cultural. Através de uma adesão radical aos movimentos artísticos e literários de vanguarda, como o modernismo-futurismo, o grupo da revista Orfeu atirou pedradas violentas ao charco do panorama sociocultural português. É o tempo do Manifesto anti-Dantas, de Almada Negreiros, e da adesão de alguns jovens pintores, como Amadeo Sousa-Cardoso e Santa Rita Pintor, aos novos movimentos artísticos. Paralelamente, a vida boémia ganha raízes, com alguns cabaretsBristol Club, já nos anos vinte. As praias começam a atrair cada vez mais gente, as mulheres da média e alta burguesia usam saias curtas, fumam, pintam-se, desnudam ostensivamente os ombros e o colo.
Não esqueçamos, todavia, que tudo isto se passa entre as minorias urbanas; cerca de 70 a 80 por cento da população continuava a ter como horizonte as serranias ou as planícies da sua aldeia, continuando a viver, a trabalhar e a morrer como havia séculos. E, lembremos também que, apesar de um louvável esforço da I República neste domínio, cerca de dois terços dos portugueses continuavam analfabetos. Por sua vez, à grande maioria das mulheres eram ainda recusados os direitos cívicos e políticos elementares, numa sociedade fortemente dominada pelo machismo e pelo conservadorismo social. A título de exemplo, citemos Júlio Dantas (o Dantas do Manifesto): «… não se percebe o que seja uma grande paixão por uma médica, por uma advogada, criaturas moralmente desvirginadas (ainda que irrepreensivelmente puras) [...]; não nos parece possível encontrar nelas aquela ternura, aquela inocência, aquela submissão. O amor pertence às outras [...] – às belezas tímidas, apagadas, silenciosas e tristes». (Pela amostra, parece que Almada Negreiros tinha toda a razão para gritar, empoleirado numa das mesas do café Martinho, «Pim, morra o Dantas!»).
As primeiras décadas do século XX europeu constituíram um tempo absolutamente revolucionário, no domínio dos valores e do quotidiano. Com a 1.ª Guerra Mundial (1914-18), chega ao fim a Belle Époque e inicia-se uma período que culminará com os «loucos anos 20», marcados pela pressa de viver, pelo desenvolvimento da cultura de massas (o cinema, a rádio, o desporto, etc), pelo jazz e pelas novas danças (o charleston, o one-step, o jazz, o tango) e também por importantes transformações na condição feminina. Durante a Guerra, ao substituírem os homens mobilizados, as mulheres começam a ter acesso a profissões e actividades que, até aí, não lhes eram muito habituais: manipulação de máquinas industriais, condução de autocarros e de eléctricos, etc. As próprias profissões «intelectuais», como jornalista, médica, advogada, professora universitária, começam a ver chegar as primeiras mulheres. Nos anos vinte, o aspecto e os hábitos de vida revelam uma nova mentalidade: as saias curtas e travadas, o cabelo «à garçonne», a frequência de praias e de cabarets, a prática de desportos como a natação, o ténis e o ciclismo mostram uma mulher mais confiante e emancipada.
E em Portugal?
O nosso País acabará por receber, com algum desfasamento, como era habitual, os reflexos deste novo clima mental.
As primeiras décadas do século, em Portugal, caracterizam-se pelo enfrentamento de duas tendências: a primeira, conservadora, tradicionalista, apegada aos valores ditos nacionais, foi culturalmente representada pelo movimento da Renascença Portuguesa, com Teixeira de Pascoais como corifeu, e, politicamente, pelo Integralismo Lusitano, em que pontificou António Sardinha; a segunda, progressista, renovadora e inconformista, terá em António Sérgio e no movimento da Seara Nova a sua melhor expressão política e na geração de Orfeu, representada por José de Almada Negreiros, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, a expressão cultural. Através de uma adesão radical aos movimentos artísticos e literários de vanguarda, como o modernismo-futurismo, o grupo da revista Orfeu atirou pedradas violentas ao charco do panorama sociocultural português. É o tempo do Manifesto anti-Dantas, de Almada Negreiros, e da adesão de alguns jovens pintores, como Amadeo Sousa-Cardoso e Santa Rita Pintor, aos novos movimentos artísticos. Paralelamente, a vida boémia ganha raízes, com alguns cabaretsBristol Club, já nos anos vinte. As praias começam a atrair cada vez mais gente, as mulheres da média e alta burguesia usam saias curtas, fumam, pintam-se, desnudam ostensivamente os ombros e o colo.
Não esqueçamos, todavia, que tudo isto se passa entre as minorias urbanas; cerca de 70 a 80 por cento da população continuava a ter como horizonte as serranias ou as planícies da sua aldeia, continuando a viver, a trabalhar e a morrer como havia séculos. E, lembremos também que, apesar de um louvável esforço da I República neste domínio, cerca de dois terços dos portugueses continuavam analfabetos. Por sua vez, à grande maioria das mulheres eram ainda recusados os direitos cívicos e políticos elementares, numa sociedade fortemente dominada pelo machismo e pelo conservadorismo social. A título de exemplo, citemos Júlio Dantas (o Dantas do Manifesto): «… não se percebe o que seja uma grande paixão por uma médica, por uma advogada, criaturas moralmente desvirginadas (ainda que irrepreensivelmente puras) [...]; não nos parece possível encontrar nelas aquela ternura, aquela inocência, aquela submissão. O amor pertence às outras [...] – às belezas tímidas, apagadas, silenciosas e tristes». (Pela amostra, parece que Almada Negreiros tinha toda a razão para gritar, empoleirado numa das mesas do café Martinho, «Pim, morra o Dantas!»).
É neste ambiente, nesta atmosfera mental, que devemos situar Ana de Castro Osório.
Escritora ilustre e pedagogista, Ana de Castro Osório nasceu em Mangualde em 1872, dentro de uma aristocrática família beirã. A partir dos 23 anos passa a residir em Setúbal, iniciando então uma fecunda carreira literária. Em 1897 começou a publicação de uma série de folhetos intitulados Para as Crianças, contendo contos tradicionais e infantis. Estava encontrada uma das suas principais vocações: a literatura infantil e juvenil. Podemos, aliás, considerá-la a verdadeira fundadora da literatura infantil no nosso País. Através de contos populares adaptados, de histórias originais ou de traduções (dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e de outros escritores estrangeiros), Ana de Castro Osório não cessou de contribuir para aquilo que o poeta João de Deus considerava a verdadeira revolução primordial: cultivar o povo.
A partir do seu casamento com o escritor e activista republicano setubalense Paulino de Oliveira, em 1898, passou a dedicar-se também ao combate político e social. Em 1905 publica uma das suas obras mais importantes, verdadeiramente pioneira do movimento feminista em Portugal: As Mulheres Portuguesas.
Após a proclamação da República, em 1910, Ana de Castro Osório funda a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e colabora com Afonso Costa na elaboração da Lei do Divórcio. Publica, entretanto, outros importantes títulos, como por exemplo: A mulher e a criança (1911), A mulher no casamento e no divórcio (1911), As operárias das fábricas de Setúbal (1911), Mundo novo (1912?), A mulher na agricultura, nas indústrias regionais e na administração (1915), A verdadeira mãe (s/d). Para além da excepcional capacidade interventora e criativa nos domínios social e político que esta sequência quase alucinante de obras revela, Ana de Castro Osório continua a sua actividade pedagógica e didáctica, publicando inúmeros livros destinados às crianças, aos pais e aos educadores. Tendo enviuvado precocemente (em 1914), prossegue sozinha o mesmo pacífico combate em favor da libertação do homem e da mulher através da cultura e da mudança de mentalidades.
Durante a 1.ª Guerra Mundial teve um papel muito activo na defesa dos valores democráticos, representados pelos Aliados, e na assistência aos soldados portugueses. Em 1922 realizou no Brasil um conjunto de conferências muito aplaudidas e publicou um livro sobre as relações luso-brasileiras: A grande aliança.
Morreu em Lisboa, em 1935. Não assistiu ao triunfo de muitas das ideias por que se bateu, algumas das quais ainda hoje continuam a encontrar resistências. É que, entre todas, as estruturas mentais são as que mudam mais lentamente. «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/ Todo o Mundo é composto de mudança», diz Camões. Mas o preconceito, a atitude de reaccionarismo mental resiste, resiste. Por vezes, bem no recôndito da nossa personalidade, continuamos machistas como os nossos avós. Ana de Castro Osório deu o seu contributo para essa indispensável mudança mental. Esforcemo-nos por dar também o nosso. Modestamente, embora. Esta obra, posteriormente traduzida para francês, constitui um pilar da luta pela transformação da condição feminina no nosso País.
Escritora ilustre e pedagogista, Ana de Castro Osório nasceu em Mangualde em 1872, dentro de uma aristocrática família beirã. A partir dos 23 anos passa a residir em Setúbal, iniciando então uma fecunda carreira literária. Em 1897 começou a publicação de uma série de folhetos intitulados Para as Crianças, contendo contos tradicionais e infantis. Estava encontrada uma das suas principais vocações: a literatura infantil e juvenil. Podemos, aliás, considerá-la a verdadeira fundadora da literatura infantil no nosso País. Através de contos populares adaptados, de histórias originais ou de traduções (dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e de outros escritores estrangeiros), Ana de Castro Osório não cessou de contribuir para aquilo que o poeta João de Deus considerava a verdadeira revolução primordial: cultivar o povo.
A partir do seu casamento com o escritor e activista republicano setubalense Paulino de Oliveira, em 1898, passou a dedicar-se também ao combate político e social. Em 1905 publica uma das suas obras mais importantes, verdadeiramente pioneira do movimento feminista em Portugal: As Mulheres Portuguesas.
Após a proclamação da República, em 1910, Ana de Castro Osório funda a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e colabora com Afonso Costa na elaboração da Lei do Divórcio. Publica, entretanto, outros importantes títulos, como por exemplo: A mulher e a criança (1911), A mulher no casamento e no divórcio (1911), As operárias das fábricas de Setúbal (1911), Mundo novo (1912?), A mulher na agricultura, nas indústrias regionais e na administração (1915), A verdadeira mãe (s/d). Para além da excepcional capacidade interventora e criativa nos domínios social e político que esta sequência quase alucinante de obras revela, Ana de Castro Osório continua a sua actividade pedagógica e didáctica, publicando inúmeros livros destinados às crianças, aos pais e aos educadores. Tendo enviuvado precocemente (em 1914), prossegue sozinha o mesmo pacífico combate em favor da libertação do homem e da mulher através da cultura e da mudança de mentalidades.
Durante a 1.ª Guerra Mundial teve um papel muito activo na defesa dos valores democráticos, representados pelos Aliados, e na assistência aos soldados portugueses. Em 1922 realizou no Brasil um conjunto de conferências muito aplaudidas e publicou um livro sobre as relações luso-brasileiras: A grande aliança.
Morreu em Lisboa, em 1935. Não assistiu ao triunfo de muitas das ideias por que se bateu, algumas das quais ainda hoje continuam a encontrar resistências. É que, entre todas, as estruturas mentais são as que mudam mais lentamente. «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/ Todo o Mundo é composto de mudança», diz Camões. Mas o preconceito, a atitude de reaccionarismo mental resiste, resiste. Por vezes, bem no recôndito da nossa personalidade, continuamos machistas como os nossos avós. Ana de Castro Osório deu o seu contributo para essa indispensável mudança mental. Esforcemo-nos por dar também o nosso. Modestamente, embora. Esta obra, posteriormente traduzida para francês, constitui um pilar da luta pela transformação da condição feminina no nosso País.
IN «Na Raia da Memória», opinião de Adérito Tavares
OLIVEIRA DE AZEMEIS
DISTRITO DE AVEIRO
Oliveira de Azeméis é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Aveiro, situada na Grande Área Metropolitana do Porto, região Norte e NUTIII de Entre Douro e Vouga, a cerca de 208 metros de altitude e com cerca de 15 300 habitantes (2001). A cidade estende-se pelas freguesias de Oliveira de Azeméis, Santiago de Riba-Ul, São Roque, Ul e Macinhata da Seixa, embora as três últimas em pequena percentagem.
É sede de um município com 163,41 km² de área e 71 210 habitantes (2008), subdividido em 19 freguesias. O município é limitado a nordeste pelo município de Arouca, a leste por Vale de Cambra e Sever do Vouga, a sul por Albergaria-a-Velha, a oeste por Estarreja e Ovar e a noroeste por Santa Maria da Feira e São João da Madeira.
WIKIPÉDIA
WIKIPÉDIA
História
A primeira referência documental a Oliveira de Azeméis data de 922, e trata-se de uma doação feita pelo rei Ordonho a um Bispo do Mosteiro de Crestuma. Dessa época existem hoje vestígios de ocupações proto-históricas e romanas.
Até ao séc. VII, o que marca Oliveira de Azeméis é o cruzamento de rotas tradicionais para o interior e para o litoral, para o norte e para o sul, bem como o facto de ser ponte de ligação da via militar romana que liga Lisboa a Braga, que aqui tinha o seu tão conhecido Marco Miliário da Milha XII.
Até ao séc. VII, o que marca Oliveira de Azeméis é o cruzamento de rotas tradicionais para o interior e para o litoral, para o norte e para o sul, bem como o facto de ser ponte de ligação da via militar romana que liga Lisboa a Braga, que aqui tinha o seu tão conhecido Marco Miliário da Milha XII.
Do séc. VII ao X, é alcaria e arraial de moçarebes e berberes que aqui se fixaram e desmantelaram a vida institucional anterior, assim como topónimos da área, hábitos típicos e o próprio traje regional. O próprio topónimo Azeméis tem uma etimologia que apela não só para uma colónia de Almocreves, mas ainda para colonizadores árabes da família Azemede.
Do séc. X ao XV, Oliveira de Azeméis é palco de lutas renhidas entre árabes e chefes militares leoneses e portucalenses, incluindo colonos adstritos aos mosteiros de Pedroso, Grijó e Cucujães, aos quais se deve o repovoamento e fundação das 19 freguesias, o aproveitamento dos cursos de água locais para a indústria de moagem e de irrigação das terras marginais, o desenvolvimento da já referida colónia de almocreves (Azemeles) e a instalação de uma acolhedora hospedaria para peregrinos e veraneantes que aqui vinham descansar, caçar ou pescar.
No período que vai do séc. XV ao XVIII, a história de Oliveira de Azeméis ficou marcada pela implementação da Comenda Real da Ordem de Cristo, em 1517, e destinada a arregimentar milícias para a defesa do território e policiamento do trânsito regional.
Painel de azulejos na Praça de José da Costa
Em 5 de Janeiro de 1799, foi elevada à categoria de Vila e tornou-se Sede do Concelho. Com Mouzinho da Silveira, Oliveira de Azeméis passou a ser o concelho que é hoje.
No dia 16 de Maio de 1984 é elevada a cidade do distrito de Aveiro e diocese do Porto, mercê do seu notável progresso, densidade demográfica e categoria das suas estruturas urbanas.
Oliveira de Azeméis é elevada à categoria de vila em 05 de Janeiro de 1779, pois era terra sem Foral, que apenas aproveitara do Foral da Feira, dado por D Manuel I, em Lisboa a 10 de Novembro de 1514.
Gentílico | Oliveirense | |
Área | 163,41 km² | |
População | 71 210 hab. (2008[1]) | |
Densidade populacional | 436 hab./km² | |
N.º de freguesias | 19 | |
Presidente da Câmara Municipal | Não disponível | |
Fundação do município (ou foral) | 1779 | |
Região (NUTS II) | Norte | |
Sub-região (NUTS III) | Entre Douro e Vouga | |
Distrito | Aveiro | |
Antiga província | Beira Litoral | |
Orago | São Miguel | |
Feriado municipal | Segunda-feira a seguir ao segundo domingo de Agosto | |
Código postal | {{{codpostal}}} | |
Endereço dos Paços do Concelho | Não disponível | |
Sítio oficial | Não disponível | |
Endereço de correio electrónico |
O alvará de criação de vila foi ampliado em 24 de Outubro de 1779, criando-se o Concelho de Oliveira de Azeméis, a que foram anexadas por decreto do Príncipe Regente de 27 de Setembro de 1801, as freguesias de Santa Maria de Arrifana e a de S. João da Madeira, para preencher o nº de 20 freguesias marcado no Alvará de 05 de Janeiro de 1779.
A Arrifana voltou ao seu antigo Concelho, que era o da Feira e S. João da Madeira tornou-se Concelho. Em 1855, extinto o Concelho do Pinheiro da Bemposta, as 5 freguesias que o constituíam, passaram para Oliveira de Azeméis.
O feriado municipal de Oliveira de Azeméis é movel celebrando-se na segunda-feira a seguir ao segundo domingo do mês de Agosto.
IN "SITE DO MUNICÍPIO"
IN "SITE DO MUNICÍPIO"
Tradições populares em Oliveira de Azeméis
Introdução
Este trabalho tem como principal objectivo apresentar uma viagem pelos usos e costumes tradicionais de Oliveira de Azeméis, predominantes sobretudo nos finais do século XIX, início do século XX. Das crenças e lendas às festas religiosas, passando pelos ofícios e vestuário da época, o artesanato, a gastronomia, as danças, cantares e os seus "cantadores", sem esquecer as desfolhadas ou os magustos, num roteiro que pretende valorizar certos aspectos muito ligados à realidade de Oliveira de Azeméis. Ao mesmo tempo, não se esquece o património natural, arqueológico e arquitectónico e as infra-estruturas existentes para a prossecução deste que pode e deve ser um contributo diferente para um Projecto de Educação Patrimonial.
Fábrica em S. Roque - foto antiga |
Não sendo o concelho de Oliveira de Azeméis muito rico em factos da história e, também por isso, não apresentando um conjunto monumental e arquitectónico de grande valor, é na cultura popular que assentam as suas mais profundas raízes.
Hoje, a velocidade galopante da vida moderna faz-nos esquecer, muitas vezes, os usos e costumes, as tradições e os saberes dos nossos antepassados. Reviver esses tempos idos, recordar a paz das aldeias, a alegria das coisas simples, em testemunhos plenos de sinceridade, são um contributo valioso para educar os filhos de hoje a saberem amar a sua terra e a(s) sua(s) história(s). Desta forma, o turismo sairia valorizado, e este seria um importante contributo para um Projecto de Educação Patrimonial. Para além disso, o concelho de Oliveira de Azeméis, pela sua importância e localização, é o pólo de onde floresce um turismo de negócios assente, apenas, no facto de ali estar sedeado um grande número de empresas.
Contudo, tal como se apresenta, não tem um turismo de lazer evoluído, mas apenas o de recurso, vivendo com base em situações efémeras ou de casualidades mais ou menos bem sucedidas. É de extrema importância a definição de um Plano de Desenvolvimento Turístico, inventariando o que interessa e o que não interessa, separando as zonas cuja vocação não se coaduna com uma actividade turística e definindo as áreas com potencialidades para atrair o investimento.
Usos e costumes tradicionais
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Vestuário
É a consulta aos mais idosos que nos permite conhecer os trajes de outros tempos, nomeadamente do final do século XIX, inícios do século XX.
No Mercado Dominical, local onde tem início a Rua Velha de Santo António, que constituía motivo de autêntica romaria para muitos , especialmente para os rapazes e moças, que aproveitavam para namorar e ao mesmo tempo almoçar ou merendar, sendo que aos mais pobres cabiam as sardinhas e os carapaus, aos mais abastados as enguias e as solhas...uns acompanhando com a broa de milho outros com o Pão de Ul. Ali, perfilhavam as “ fritadeiras de peixe “, que em mesas desmontáveis de madeira, lavadas com sabão de cor amarela, serviam o peixe frito : trutas , barbos , enguias , solhas, pescado nos Rios Caima , Ul, ou na Ria de Aveiro, zona da Murtosa ou Salreu.
Mesmo tratando-se do mesmo concelho, fala-se que, muitas vezes, os habitantes de freguesias muito próximas ostentavam diferentes trajes (COSTA, 1990, p. 34).
Aliás, as pessoas eram distinguidas pelo seu trajar: o camponês rico do remediado, por exemplo.
Outro factor de diferenciação era a quantidade de ouro transportado. Este era um factor de riqueza. Todas as mulheres tinham brincos. O poder económico e a riqueza viam-se pelo tamanho dos brincos, cordão e medalhas.
Foto tirada no início do Século XX
Grupo de Lavradeiras de Oliveira de Azeméis, que no multissecular mercado semanal, então ao domingo, situado na Praça dos Vales – hoje Jardim Público, se encontravam para vender os produtos agrícolas ( milho , feijão , batatas e muitos outros géneros ), às gentes que ali vinha desde a serra à beira-mar.Não há qualquer obra publicada em Oliveira de Azeméis sobre esta temática. Recorremos a três responsáveis de Grupos Folclóricos, concretamente Teresa Leite, Amália Pinheira e Fernanda Quintino, as quais, em conversas informais, nos foram facultando diversas informações essenciais para a elaboração deste trabalho. Os diferentes ofícios dos finais do século XIX, inícios do século XX, de acordo com pesquisas efectuadas em diferentes grupos folclóricos do concelho são: Traje domingueiro feminino, Feirantes, Camponeses, Moleiros, Padeira, Tremoceira, Regueifeira, Sardinheira, Romeiros, Carvoeiros, Barbeiro, Sapateiro, Galinheira, Leiteira, Vidreiro, Criados, Noivos (ricos), Noivos (povo).
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Artesanato
Apesar de algumas "artes" estarem já extintas, pelo falecimento de artesãos e pela falta de continuadores do seu trabalho, o concelho de Oliveira de Azeméis continua a ter muitos artesãos no activo. Não obstante a falta de um local onde estes possam mostrar publicamente o seu trabalho, com alguma dificuldade pode-se "visitar" os artesãos nos respectivos domicílios e adquirir peças de inestimável valor.
Destaca-se o seguinte artesanato: escultura, olaria em grés, artefactos em madeira, tanoaria, latoaria, cestaria, sacas e tapeçarias em tiras de farrapos, artefactos em arame, rodízios de madeira para moinhos e carros de bois, arcos de festa, vassouraria, cobres, vidro, escudelas, canastras e artigos em verga e vime.
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Crenças / Lendas
As crenças/lendas mais conhecidas dizem respeito ao Santuário de La-Salette. Reza a história, e de acordo com o transcrito por António César Guedes (1985, p 3-52) que em Oliveira de Azeméis tudo começou em 1870 quando um Verão escaldante, como não havia memória, trazia as populações aterrorizadas. As nascentes secas, o solo empedernido, as plantas e as frutas definhadas; Tal era o panorama nesse mês de Julho que fazia prever a breve trecho o aspecto da fome e da miséria. Rezavam-se preces em todos os templos da região.
Quartel dos Bombeiros edifício antigo |
Perante este quadro horrível, o Abade da Paróquia de Oliveira de Azeméis, Padre João José Correia dos Santos, organizou a cinco do mês de Julho uma procissão de penitência levando o Santo Cristo até ao Monte de Crasto, junto ao velho Cruzeiro, que recordava a última "estação" do remoto Calvário. Aí, numa breve alocução, sugeriu a ideia de nesse mesmo local se construir uma capelinha em honra de Nossa Senhora da La-Salette. Segundo reza a tradição, muitos dos peregrinos antes de chegarem às suas casas foram apanhados por uma chuva copiosa que pôs termo a tão horrível seca. Logo se procurou dar cumprimento ao voto feito pelo Abade em momento tão angustioso.
Em 6 de Janeiro de 1871 lançava-se a primeira pedra para a Capela. A sua construção arrastou-se por vários anos e só foi concluída em 1880 graças aos esforços de uma comissão presidida por Bernardo José da Costa Bastos.
A imagem de Nossa Senhora de La-Salette, que havia sido esculpida no Porto, na oficina de Manuel Soares Oliveira, já desde 19 de Setembro de 1875, encontrava-se exposta na Igreja Matriz, esperando pela conclusão da sua capela.
Assim, no dia 19 de Setembro de 1880, foi intronizada a Imagem e inaugurada a capela, dando lugar a grandes festejos que atraíram a Oliveira de Azeméis um número impressionante de peregrinos calculado em 15 a 20 mil pessoas. Admitindo um certo exagero dos cronistas da época, o certo é que os festejos atingiram um brilho invulgar. Já na véspera, às 17 horas, o clero e a Comissão Promotora com a Filarmónica de Santiago de Riba-Ul e numerosos fiéis, procederam à bênção da nova capela. E toda a noite se trabalhou para preparar a grande procissão do dia seguinte. Desde a Igreja à capela todo o trajecto apresentava-se com bandeiras, galhardetes, arcos, verdes e muito mais.
Parque de La Salette (planta) |
Quando a Comissão Patriótica Oliveirense, em 1909, meteu mãos à obra para transformar num parque o árido e inóspito Monte dos Crastos, tomou também conta da capelinha que aí existia desde 1880 consagrada à Nossa Senhora da La-Salette. Em local tão isolado era preciso alguém que tomasse conta da capela e a abrisse quando necessário. A escolha da Comissão Patriótica recaiu num habitante do lugar de Cidacos conhecido pelo "Tio Martinho", homem honesto e cumpridor. Mas o "Tio Martinho" passou a andar preocupado: os roubos sucediam-se e não se descubram os culpados. E atingiu o máximo de falta de respeito e heresia quando roubaram um valioso anel, levando-o com o dedo mínimo da mão direita que partiram a Nossa Senhora. Assim, o "Tio Martinho", apesar de muito cansado, não pôs qualquer dificuldade quando a Comissão lhe pediu para ficar de guarda à capela durante a noite após as festas, dado que havia objectos de culto de valor que tinham servido nas festas, além da caixa de esmolas. Muniu-se de uma espingarda caçadeira que lhe emprestaram e preparou-se para passar a noite tomando as devidas precauções.
Igreja Matriz anos 80 |
Passado pouco tempo, acordou com um barulho na capela, mas do sítio onde estava (escadas que davam acesso ao pequeno côro), não via nem era visto. Pegou na arma e, espreitando, viu um vulto junto ao altar. Não esperou por mais nada: Meteu a arma à cara e disparou. Apesar da pequena distância a que disparou (a capela era pequenina), o vulto continuou de pé. O "Tio Martinho", que tinha outro cartucho na arma, aproximou-se intimando o intruso a manter-se quieto. E assim o manteve sob vigilância até o dia clarear. Nesta altura fechou-o bem na Sacristia e saindo cá fora começou a tocar o sinete da capela, ao mesmo tempo que gritava por ladrões. Em breve espaço de tempo tinha ocorrido muito povo, e cercando a capela, entraram no seu interior e prenderam o gatuno. Trouxeram-no para a vila e, na cadeia, foram examinados os ferimentos que se limitavam a alguns chumbos que tinham ficado à flor da pele e, caso curioso, o tiro tinha-lhe decepado o dedo mínimo da mão direita. Interrogado, confessou que tinha sido ele que algum tempo antes tinha roubado o anel e partido o dedo mínimo da mão direita da Nossa Senhora. O "Tio Martinho" voltou à capela e junto ao altar encontrou o dedo, ainda ensanguentado do gatuno. Curiosamente, tantos anos passados, e esse mesmo dedo ainda se encontra num frasco com álcool na actual capela.
Como é que os chumbos penetraram na pele, cortaram cerce o dedo do gatuno? O mesmo dedo que ele tinha partido a Nossa Senhora. Coincidência? Milagre?!...
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Festas
São várias as festas e romarias de carácter religioso celebradas neste concelho (MORGADO, 1988, p. 37).
Começando pela própria cidade de Oliveira de Azeméis temos as festas em honra de Nossa Senhora de La-Salette, na segunda semana do mês de Agosto.
Nas freguesias temos em Carregosa a festa do Mártir S. Sebastião, em Janeiro, a festa de Nossa Senhora da Ribeira, em Agosto, as Festas de Santo António, a de Nossa Senhora de Lurdes no dia 1 de Agosto e a festa de S. Miguel que se efectua no mês de Setembro. Em Cesar, a festa de S. Pedro no primeiro domingo de Julho.
Chegando a Fajões temos a festa de Nossa Senhora da Ribeira, a de S. Martinho e a de S. Marcos.
Rancho folclórico das Ceifeiras |
As festas em honra de Nossa Senhora da Alumieira animam a freguesia de Loureiro na segunda-feira de Páscoa.
Em Macinhata da Seixa são celebrados o Santo António e o Santo André.
Em Madaíl o S. Mateus na segunda semana de Setembro.
Três são as festas que se fazem na freguesia de Ossela: a festa em honra de S. Frutuoso em Maio, a festa em honra de Nossa Senhora da Fonte e em Honra da Senhora da Graça.
Em Palmaz podemos visitar as festas em honra de Nossa Senhora da Piedade em Maio. Se preferirmos Agosto temos as festas de S. Lourenço ou no último domingo do mesmo mês as festas de S. Luís. No mês de Setembro ocorre ainda a festa da Senhora do Bom Despacho.
Em Pindelo, no dia 10 de Junho, celebra-se a festa do Corpo de Deus.
Tuna Invicta |
Na freguesia do Pinheiro da Bemposta são celebradas as festas de S. Paio, em Julho, de S. Luís, no último domingo de Agosto, da Senhora da Ribeira, de S. Silvestre e do Mártir S. Sebastião.
Falando de Santiago de Riba-Ul temos as Festas do Rio que se celebram durante toda a primeira semana de Agosto.
Em Travanca existem as festas em honra do Espírito Santo, no último domingo de Maio, da Nossa Senhora das Flores e de S. Martinho.
Nos dias 2 e 3 de Fevereiro é celebrado em Ul o S. Brás.
Na vila de Cucujães temos as festas do Santo António da Ínsua em Junho, de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Luzia em 13 de Dezembro e também as festas do Mártir S. Sebastião. No fim do mês de Julho são celebradas as Romarias de S. Sebastião, também em Cucujães.
Em S. Roque, decorrem no lugar de Bustelo as festas de Santo António (Junho), com animado desfile de marchas.
Para além das festas populares, há a destacar de igual modo as desfolhadas. Segundo os nossos informantes, era tradição que o lavrador chamasse os amigos à sua eira, para a última desfolhada do ano. Homens e mulheres, com o traje de trabalho, sentavam-se à volta das espigas e, com a luz da lua, desfolhavam o milho, enquanto das gargantas saltavam cantares regionais. No final, o anfitrião oferecia as castanhas, o vinho e a boroa para, mais do que um acto de gratidão, festejar-se esta grande festa do Outono. O serão começava com os habituais cumprimentos entre todos. Depois de todos se sentarem, os cestos eram enchidos, aos poucos, com o milho já desfolhado.
Feira dos 27, Nogueira do Cravo |
O anfitrião, entretanto, separava as espigas do folhedo e eis que surgia uma espiga de "milho-rei". Aí, o homem tinha de levantar-se, beijar as mulheres e "apertar o bacalhau" aos homens.
Uma das figuras mais características era o "encarapuçado", ou "serandeiro", o qual não era convidado do dono da quinta. Enquanto as mulheres aguardavam pelo beijo, este circulava por entre as pessoas, para ver se a sua noiva se encontrava lá pelo meio. Como este intruso não queria ser descoberto, vestia uma capa preta e colocava um capuz, que as raparigas tentavam tirar para descobrirem quem era, afinal, aquele visitante misterioso...
Enquanto os cestos se enchiam, o carregador transportava-os para o canastro, protegendo-se com um capuz de linhagem e, nos pés, calçando umas pesadas chancas. Depois de terminado o longo conclave, a hora era de varrer a eira, com uma vassoura de giesta. Mas a festa ainda não tinha acabado! Mulheres de um lado, homens do outro, começava o canto ao desafio. Cada grupo, pela voz do chefe, tinha de responder ao outro, até que um não tivesse mais improviso para continuar. Depois, castanhas, vinho e boroa com fartura...
Enquanto todos cantavam, dançavam, comiam e bebiam, o milho repousava no canastro, permanecendo ali durante alguns meses, até ficar seco. A tarefa seguinte seria malhá-lo e limpá-lo para, finalmente, ir para a moagem.
Avivar a memória dos mais velhos e ensinar aos mais novos estas tradições, para que elas não se percam, é tarefa que algumas Associações têm vindo a desenvolver neste concelho. Contudo, estas iniciativas não têm um aproveitamento turístico e/ou pedagógico, acontecem por iniciativa de uns e convites a poucos, sem uma divulgação cuidada e atenta.
Capela de Nossa Sra das Flores |
Em todo o concelho comemorava-se o S. Martinho, em Novembro, e há freguesias que conseguem mobilizar muitas pessoas, que empolgam esta tradição. Na base da festa está o vinho novo que, das pipas e torneiras, sai para o torro, constituindo motivo de prova. As castanhas assadas, ainda a fumegar, são passadas de mão em mão, sendo este o melhor aperitivo para o acompanhamento do precioso liquido. No borralho assam-se as castanhas e da pipa vem o carrascão ou a saborosa água-pé, a qual saboreia-se e bebe-se em honra a S. Martinho, o santinho sempre evocado, amigo dos pobres, até ao ponto de ter cortado a sua capa para agasalhar dois pedintes... Reconstituir estas tradições populares, tarefa anual dos homens da terra noutros tempos, torna-se deveras importante.
Reconstituindo, transmite-se às gerações vindouras, envolve-se as populações e os forasteiros, ávidos por conhecer estas tradições populares.
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Folclore
O concelho de Oliveira de Azeméis tem treze ranchos folclóricos.
A preservação dos usos e costumes, e o seu reviver, faz parte dos objectivos destas agremiações. Eis os seus nomes:
Grupo Folclórico Infantil e Juvenil de Cucujães, Rancho Folclórico As Ceifeiras de S. Martinho de Fajões, Grupo Folclórico de Cidacos, Rancho Infantil de Cidacos, Grupo Os Pauliteiros de Ossela, Grupo Folclórico de Palmaz, Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmaz, Rancho Folclórico Juventude Santa Maria de Pindelo, Rancho Folclórico Recordar é Viver, Rancho Folclórico "A Chama", Rancho Folclórico Cravos e Rosas, Rancho Folclórico As Padeirinhas de Ul e Rancho Folclórico de S. Miguel de Azagães.
Primeiro Grupo Folclórico as Padeirinhas |
O concelho, rico como é em tradições etnográficas e folclóricas, não pode esquecer estas colectividades, que muitas vezes vivem com dificuldades para concretizarem os seus objectivos.
O papel e a importância das danças, cantares e trajes, como retracto fiel das regiões a que estão ligadas, merece, por isso, um debate amplo e sério. Embora a Federação do Folclore Português – organismo máximo da tutela deste sector - impeça adulterações etnográficas, já que a inscrição neste organismo obedece a certos requisitos, o certo é que há grupos que não conhecem o carácter testemunhal dos trajes, das cantigas e danças. Muitas vezes, por falta de formação dos seus dirigentes, os ranchos querem o "bonitinho", esquecendo que este, muitas vezes, não simboliza as tradições do povo e a época que pretende retratar. Um dos erros mais flagrantes, notado com frequência, é o uso de meias bordadas num traje de campo e de trabalho...
Apesar da hipótese de estarmos a assistir, portanto, ao "gato por lebre", quando presenciamos a qualquer Festival de Folclore, estes são sempre aguardados com enorme expectativa. Afinal, o Folclore é uma tradição das mais genuínas...
Quanto ao concelho de Oliveira de Azeméis, a riqueza do seu folclore tem contribuído para o desenvolvimento do turismo. Contudo, dadas as poucas condições de trabalho da maioria dos grupos, aquilo que nos é dado ver é, cada vez mais, uma imagem desfocada de uma realidade que já foi, e apenas é, conhecida na memória dos mais idosos. E disto são unânimes os nossos interlocutores.
Não podemos esquecer a questão dos "cifrões". Um distrito com muitas dezenas de ranchos, algumas entidades e organismos oficiais parecem ver o renascimento do folclore com maus olhos, pois a recolha dos costumes de outrora é cara, o dinheiro é escasso (a maioria dos grupos subsiste à base de pequenos subsídios, quando os há) e há uma urgente necessidade de dar a estas agremiações as verbas à altura da sua importância.
O folclore não é só as danças e os cantares; É tudo o que o povo espiritualmente transmite de geração em geração. Neste "tudo" cabem os jogos e tradições antigas, em suma, o fruto do fenómeno das aculturações.
O povo aprende sem saber quem o ensinou. É por isso que assistimos, em diferentes regiões, às mesmas danças e cantares dançadas e cantadas com ligeiras alterações. Isto é o reflexo da forma como o povo captou essa dança ou cantoria, adaptando-a à sua maneira de estar e ao seu sentimentalismo, bem como é reflexo das vias como essa dança ou cantoria chegou a essa região.
O comportamento das pessoas de hoje é totalmente diferente de há 70, 80 ou 100 anos. Logo, para recriar esses tempos, temos de nos isentar da vida que levamos actualmente, viajando até ao passado e, depois, no regresso ao presente, temos de reconstituir o mais fielmente possível o que pesquisámos. Divulgar as danças e cantares regionais é, acima de tudo, apresentar um verdadeiro "museu-vivo". O modo de vida dos nossos antepassados é pretexto para trabalhos de investigação levados a cabo, sobretudo, por ranchos folclóricos que, depois, os apresentam em festivais no concelho, no país e no estrangeiro.
Normalmente, um grupo folclórico inicia uma actuação com a rusga. Tal como o nome indica, esta "moda" era dançada e cantada nas caminhadas que se faziam, em grupo, às festas e romarias. A seguir, vêm danças movimentadas e alegres. Por exemplo, esta "moda": Após uma tarefa cumprida, apesar do cansaço, todos se juntavam para alegremente cantarem e dançarem as músicas que surgiam com facilidade e iam enriquecendo o nosso património cultural. Os "viras" são, pois, o retractar dessa riqueza que tão importante é preservar e divulgar.
O nosso povo tinha uma vida muito dura, mas não deixavam de ser pessoas muito unidas. Trabalhavam de sol a sol, mas os seus trabalhos rudes não lhes tiravam a vontade de dançar. As danças alegres que animavam as eiras ou os terreiros devem ser retratadas. Os grupos folclóricos do concelho de Oliveira de Azeméis retratam, muitas vezes, o quotidiano de Aveiro, capital deste distrito. As suas marinhas de sal, a ria ou o farol da Barra, são temas que servem de inspiração.
Mas não só Aveiro e Portugal influenciam as tradições deste povo. Muitos espanhóis, naturais da Galiza, vieram há 100 anos para esta região trabalhar na construção da linha do Caminho de Ferro. Aqui se instalaram, partilhando culturas. Mas não quiseram deixar passar a oportunidade sem mostrar que também sabiam dançar e que, tal como nós, tinham o seu folclore. E os "viras" espanhóis são muito apreciados.
De entre as muitas "modas", outra há que merece referência: "Ciranda" era o nome que o povo dava ao crivo ou peneira. Este era um instrumento que servia para separar os cereais ou o feijão das impurezas. Então, a "ciranda" servia para "cirandar"! Em conjunto, no espírito de entre-ajuda comum no povo daquele tempo, juntos dançava-se com este instrumento.
Retratar as danças e cantares de outros tempos, é relembrar as mulheres que quebravam a monotonia dos seus trabalhos domésticos com cantigas arrastadas, dado o cansaço que era provocado pelas duras tarefas ou pelo calor. Estas cantigas, ou cantadas, eram muito comuns nos trabalhos do linho, nas ceifadas e nas cortadas. Muito ricas, sem dúvida.
Dos nomes que se dão hoje a essas "modas", destaca-se os seguintes: "A Rusga", "A Moda Nova", "Lambão", "Vira", "Vão as Madamas ao meio", "A Cana Real das Canas", A Ciranda", "O Tome Rebelo" e outras muitas vezes com nomes próprios de pessoas, já muito idosas ou que já faleceram mas marcaram uma época ou uma geração.
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Gastronomia
Com ou sem influências da gastronomia de outras regiões, sobretudo da Beira Alta, Oliveira de Azeméis tem, na verdade, pratos caracteristicamente seus, confeccionados por famílias que ficaram conhecidas na História do seu lugar, exactamente por esta ou aquela especialidade.
Seria interessante que os restaurantes do concelho apresentassem, a par das suas ementas habituais, estes pratos, como um contributo para a preservação da nossa gastronomia que, apesar de tudo, poderemos considerar, ainda, muito rica: Vitela assada no forno; Papas S. Miguel; Arroz de Ossos do Suã – Cesar; Borrego (Anho) à moda de Fajões; Pão de Ul; Queijadinhas de cenoura; Formigos Cesarenses; Caladinhos; Beijinhos de Azeméis; Rabanadas; Sopa Seca; Rojoada com arroz de feijão; Nacão de porco (mais recente), etc..
Aqui ficam alguns dos pratos regionais mais reconhecidos como sendo oliveirenses. Também os doces e o pão de Ul enriquecem esta pequena lista, à qual muitas outras especialidades poderiam ser acrescentadas.
Diversas correntes de opinião defendem que a gastronomia do concelho de Oliveira de Azeméis é pobre, quase inexistente. Partindo dessa hipótese, e tentando confirmá-la ou desmenti-la, lançamos mãos ao trabalho. Ao conversar com alguns estudiosos na matéria, pudemos chegar à conclusão que esta premissa tem a sua razão de existir, apesar de assentar em critérios falsos ou pelo menos fundamentados em bases menos verdadeiras. Para a enraização desta ideia, muito contribuiu o esquecimento em que caíram os pratos típicos regionais e as receitas caseiras de outras épocas e, sobretudo, a inexistência de uma recolha profunda ou de um levantamento dos mesmos.
Por outro lado, tal como noutras regiões, a nossa gastronomia sofreu algumas influências, não menos positivas, advindas do facto de Oliveira de Azeméis ser um ponto geográfico de confluência de diversas culturas e etnografias. É que não podemos esquecer que este concelho desempenhou um papel importante na Mala-Posta, de acordo com SANTOS (1979, p. 16) o que obrigava a passagem, pelo burgo, de outros povos e de outras tradições. Esta situação possibilitou a troca de ideias, de conceitos, usos e costumes, quer a nível etnográfico e cultural, quer a nível gastronómico e outros, entre pessoas tão diferentes. As Beiras interligaram-se e difundiram-se entre si. A gastronomia não foi excepção.
Na obra de Eça de Queirós, várias são as referências a Oliveira de Azeméis. No seu livro "A Capital", o típico "Botequim da Corcovada" leva-nos a acreditar que Eça de Queirós conhecia (e referia-se) ao velho botequim oliveirense do largo de Santo António, que existiu no século XIX. (QUEIRÓS, 1980, p. 9).
Esta opinião é partilhada por Alberto Couto (1985, p. 14) que, no seu estudo "Eça de Queirós e Oliveira de Azeméis", salienta: "Pois sucede que o botequim que existiu no Largo de Santo António, em Oliveira de Azeméis, num prédio também já desaparecido, era pertença de umas damas, geralmente conhecidas pelas "senhoras do Botequim". Naquele lugar se reunia a finaflor da vila e arrabaldes, a denotar preferência pelos acepipes fabricados na cozinha da casa e pelo monumental bilhar, que era, sem dúvida, o mais aprazível divertimento da época (...)"
O Dr. Maurício Antonino Fernandes, ex-director da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis e historiador da região, em entrevista pessoal também nos falou um pouco deste botequim:
"Tinha a cozinha, onde se confeccionava óptimos pitéus, uma sala de jantar e uma varanda virada para o Caima. Era um encanto. Aí iam muitas pessoas passar a sua noite a jogar, a comer e a petiscar. Como não havia televisão, assim passavam o tempo deliciando-se com os pitéus da casa; Havia o gosto em preparar esses pitéus.
A proprietária tinha já uma certa idade, talvez o seu porte físico teria levado Eça de Queirós a falar da Casa da Corcovada..." Agora o Botequim de Santo António já não existe, dando lugar a um chalé brasileiro. Não obstante, as escadas que davam para o lado da praça ainda lá estão, do lado de dentro.
Se este Botequim de Santo António desempenhou um papel importante na gastronomia oliveirense do seu tempo, não menos importância teve a Coutada do Côvo.
Dizia-nos o Dr. Maurício Fernandes:
"Já no tempo de D. Manuel, na Coutada do Côvo, eram frequentes as caçadas ao javali (porco bravo), ao coelho e à perdiz - entre outros -, caçadas estas que se tornaram, anualmente, tradicionais.
No fim, havia sempre o assar dos animais caçados, as petiscadas no espeto... isto faz parte da história da Gastronomia nacional". Para além disso, o concelho possuía rios ricos, na época não poluídos, sendo a pesca privilégio só de alguns senhores. Os condes da Feira tinham privilégios da pesca na área que ia de Ul até S. João da Madeira, enquanto os senhores de Angeja possuíam a reserva do Caima, etc..
"A pesca dava origem a que fossem confeccionados determinados pitéus. Todos assados no espeto e servidos com arroz de forno em caçarolas de barro. Aqui existiam muitos tipos de peixe de água doce, com os quais se faziam certos pratos característicos...", refere o historiador.
Mas os menos abastados tinham, também, os seus pratos característicos, tendo em conta o que nos disse Lindolfo Ribeiro, um profundo conhecedor destas coisas de gastronomia e mestre culinário com programa televisivo regular.
"O Pão de Ul é caracterizadamente oliveirense. Isso ninguém nega. Com esse pão fazia-se a sopa seca. Era uma sobremesa fácil e barata, já que constava apenas de pão de Ul, açúcar amarelo, folha e casca de laranja, e, também, manteiga..."
A tradição conventual, referida tanto por Lindolfo Ribeiro, quanto pelo Dr. Maurício, está ainda bem patente na nossa gastronomia.
A proximidade geográfica de Arouca, as relações familiares e, sobretudo, o Mosteiro de Cucujães - Beneditino -, permitiram este tipo de influência.
"Os mosteiros eram uma espécie de escola, não só para as freiras, como para as criadas de famílias mais ricas", alerta-nos o Dr. Maurício Fernandes.
São cerca de doze ou catorze as variedades de doces que foram trazidos para Oliveira de Azeméis, com enormes características conventuais. Línguas de gato e morcelas, são apenas duas das muitas que a própria criada do Côvo aprendeu... ela que foi, também, servidora de Eça de Queirós, na chamada Casa de Tormes.
Tendo em conta a opinião deste profissional de restauração e cozinha, do historiador Dr. Maurício Fernandes e a nossa própria, por unanimidade se pode afirmar que o que faz falta é uma recolha cuidada destes pratos regionais, no sentido de os preservar e promover. Mesmo em termos de recolha bibliográfica, nenhum dos nossos interlocutores tem obra publicada sobre esta temática. O ex-libris gastronómico do concelho é Pão de Ul, caracterizadamente típico, não só pelo seu excepcional sabor, como pela forma tradicional que apresenta. Assim, o Pão de Ul torna-se único no mundo, um verdadeiro "ex-libris" da gastronomia oliveirense. A sua confecção é, no entanto, simples, numa mistura sábia de farinha, água, sal e fermento. O segredo reside, precisamente, na maneira de o amassar (à mão) e do seu cozimento (em forno de lenha). Contudo, encontrar Pão de Ul à venda torna-se uma tarefa quase impossível.
Património
Património Natural
De acordo com os dados que nos são fornecidos pelo PDM – Plano Director Municipal, o qual serviu de base para este capítulo, o relevo do concelho é marcado pela baixa altitude, com valores que rondam os 200 a 250 metros, embora se possam encontrar pontos situados acima dos 500 metros de altitude.
Esta situação encontra-se principalmente na parte leste do concelho, em freguesias como Palmaz, Ossela, Carregosa e Fajões. Em contrapartida temos S. Martinho da Gândara e Loureiro, freguesias da parte oeste do concelho, que apresentam valores muito baixos, sendo em certos casos inferiores aos 100 metros. A responsabilidade da movimentação do relevo, na sua maior parte, é das linhas de água que ao longo do tempo têm vindo a provocar a erosão e o encaixe dos respectivos vales.
Rio CAIMA |
Oliveira de Azeméis possui um clima Temperado Mediterrânico, com valores de precipitação elevados. Ao mesmo tempo, meses há em que a precipitação é menor ou igual a duas vezes o valor da temperatura.
Em termos de hidrografia, o concelho está incluído na Bacia Hidrográfica do Vouga, do qual o Caima é afluente. Como rios temos, exactamente, o Caima, que é o principal rio que atravessa o concelho. Nasce na Serra da Freita e atravessa as freguesias de Ossela e Palmaz, sensivelmente com uma ligeira orientação nordeste-sudeste. Com esta mesma orientação, o Antuã tem a sua nascente nas Alagoas, no concelho de Arouca, e segue em direcção a Ul, onde recebe o Rio Ul. Para além destes três rios, a rede hidrográfica é caracterizada pela existência de pequenos rios e ribeiras afluentes, como por exemplo a ribeira da Felgueira e a ribeira da Filvida, ambas afluentes do rio Caima; o rio Ul tem também como afluentes a ribeira do Pintor e o rio Cercal; apenas o rio Antuã não possui nenhum rio ou ribeira merecedores de registo.
RIO UL |
No que diz respeito à caracterização florestal, aproximadamente 69% do território de Oliveira de Azeméis classifica-se com predominância de solos de aptidão florestal. Os povoamentos florestais do concelho são constituídos, essencialmente, por pinheiro bravo e eucalipto, formando manchas contínuas. Constata-se também que já houve, e ainda há, embora já em menor escala, a substituição do pinheiro por eucalipto.
Património Arqueológico
De acordo com o PDM – Plano Director Municipal de Oliveira de Azeméis – neste Município podemos mencionar as áreas protegidas de La-Salette, da Lomba e do Castilho.
No concelho encontramos, na freguesia de Carregosa, a Mamoa de Silvares, em Cesar a área protegida do Monte Calvo pertencente à Serra da Naia e igualmente a área protegida do Monte Calvo mas do lado da Serra do Pinheiro. Na freguesia de Fajões, a Mamoa de Mourisca.
Ossela |
Passando a Loureiro, encontramos a Mamoa das Almas Mouras e a área protegida do Antuã. Em Ossela existe o Castro das Baralhas. A área protegida da Mó e a área protegida da Raposeira são em Palmaz.
Na freguesia de Santiago de Riba-Ul, a Mamoa do Peralta, o Castro de Vila Cova e a área protegida do Calvário. Em S. Martinho da Gândara, o Castro do Troncal.
Em Travanca temos a área protegida das Flores e o Castro de Damonde e, por último, na freguesia de Ul encontra-se o Castro de Ul e a Mamoa da Baixa.
São quase ignorados os traços primitivos da região onde assenta o concelho de Oliveira de Azeméis. Contudo, os machados de silex encontrados, em especial os de 1899 no rio Caima, são a excepção. Mas, o que é importante é que estes objectos provam que na denominada idade da Pedra Polida o Homem ali exerceu a sua actividade, tão restrita de recursos. Os vestígios de primitivos povoamentos pré-históricos são muitos, encontrados nos seus cinco Crastos.
O reconhecimento dos Crastos em diversos pontos do concelho é o que vem denunciar que os antigos habitantes da região procuravam os cerros montanhosos para ali instalarem os seus redutos. Estes povos costumavam escolher para sua defesa as escarpas dos montes, instalando baluartes, muralhas e fossos. Porém, o que verdadeiramente constituía fortins muralhados eram os castros. Os pequenos povoados aglomeravam-se, pelo menos, na vizinhança das cividades e castros, onde buscavam abrigo para pessoas e bens, ao mínimo sinal de incursão.
Seu testemunho as diversas mós encontradas em vários locais do actual concelho principalmente no Castelhão de Oliveira, próximo da Igreja Matriz e no Largo do Senhor da Campa, em Santiago de Riba-Ul.
WIKIPÉDIA(texto)
"SITE DO MUNICÍPIO - fotos"
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O PARQUE DE LA SALETTE
O parque de La Salette é considerado o ex-libris da cidade de Oliveira de Azeméis, marcado pela beleza e tranquilidade.
Localizado sobranceiramente à cidade, o parque da cidade comemorou em 2009 o primeiro centenário. A ele rumam milhares de pessoas em Agosto, durante as Festas em honra de La Salette.
O parque nasceu de uma promessa da população de Oliveira de Azeméis a Nossa Senhora de La Salette rogando pela queda de chuva. A promessa foi cumprida com a construção de uma capela, inaugurada a 19 de Setembro de 1880. Os primeiros trabalhos no parque iniciaram-se a 07 de Abril de 1909.O plano geral do parque foi concebido por Jerónimo Monteiro da Costa, paisagista do virar do século XIX e herdeiro de uma cultura oitocentista em torno da horticultura, jardinagem, concepção e construção de jardins e, à altura, Director dos Jardins Municipais do Porto e da Real Companhia Hortícolo-Agrícola Portuense. O parque ocupa 17 hectares e a sua gestão é da responsabilidade da Fundação La Salette.
Parque Temático Molinológico
O Parque Temático Molinológico de Oliveira de Azeméis pretende ser um «museu vivo» das estruturas da confecção do pão e de moagem de cereais, uma actividade com mais de 200 anos de existência.
Além de um lugar agradável e de apetência turística, o parque assume-se como um espaço didáctico e de conhecimento para as crianças e jovens das escolas.
O projecto da autarquia, no valor de 1,25 milhões de euros, tem sido, de forma constante, alvo de visitas de pessoas de todo o país.
O espaço é constituído por 11 moinhos de água, a maioria recuperados pela autarquia ao abrigo de uma candidatura ao III Quadro Comunitário de Apoio, e os restantes por promotores privados.
Um dos principais núcleos procura recriar todo o percurso associado às actividades da secagem, moagem de cereais e ao fabrico do pão podendo os visitantes assistir, ao vivo, à moagem dos cereais e às padeiras a confeccionarem o tradicional pão de Ul.
A nível museológico há ainda espaço para conhecer as alfaias associadas a este tipo de artes e uma zona multimédia. Um outro núcleo está direccionado para a indústria do descasque de arroz que foi a evolução do declínio da primitiva moagem de cereais.
Um terceiro núcleo, localizado na freguesia de Travanca, aproveita a frente ribeirinha para o desenvolvimento de acções de educação ambiental e de actividades lúdicas e de lazer.
O objectivo do parque molinológico é entrar nos circuitos da oferta turística da região numa perspectiva de promoção do município de Oliveira de Azeméis enquanto destino turístico ligado à fruição dos recursos patrimoniais, históricos e paisagísticos.
IN "SITE DO MUNICÍPIO"
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